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Quem foi melhor: David Beckham ou Juninho Pernambucano?

Especialistas em cobranças de falta, meias foram jogadores clássicos de Inglaterra e Brasil nas décadas de 1990 e 2000

22 mar 2024 - 16h42
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Juninho, pelo Lyon, enfrenta Beckham, do Real Madrid, na Champions League
Juninho, pelo Lyon, enfrenta Beckham, do Real Madrid, na Champions League
Foto: Getty Images

Na véspera do amistoso entre Brasil e Inglaterra, em Wembley, acirrou-se a disputa por protagonismo e excelência futebolística motivada por declarações de jogadores brasileiros, que reivindicam a valorização do passado vencedor da seleção pentacampeã do mundo, em que pese o melhor momento do English Team.

Aproveitando o gancho, é oportuno apelar ao revisionismo histórico para uma comparação entre dois atletas lendários de ambos os países que, de maneira injusta, são frequentemente lembrados somente como grandes batedores de falta: David Beckham e Juninho Pernambucano. Considerando todos os atributos, quem foi melhor?

Embora o astro inglês tenha tido maior destaque internacional e atenção midiática, o debate é mais complexo do que parece, e precisa considerar um contexto essencial: o dos anos 90 e 2000. Naquela época, a Premier League ainda não era a principal liga do mundo, ao passo que o futebol brasileiro produziu uma geração repleta de meias talentosos, sendo que muitos deles não partiam tão jovens para a Europa como os craques de hoje.

Juninho, por exemplo, só foi para o futebol europeu com 26 anos. Antes, se destacou ao conquistar dois Campeonatos Brasileiros, uma Copa Mercosul e uma Libertadores pelo Vasco. Na França, tirou o Lyon da prateleira de clubes médios ao conduzir o time ao incrível heptacampeonato francês de forma consecutiva.

Do Sport, de Recife, até o retorno ao Vasco, já veterano, Juninho marcou 217 gols – 77 em cobranças de falta – em 882 jogos oficiais, média de 0,25 por partida. Por sua vez, Beckham, do auge no Manchester United ao fim de carreira no PSG, somou 144 gols – 65 de falta – em 839 jogos, média de 0,17.

Enquanto Juninho leva vantagem em número total de gols e em cobranças de falta, Beckham sobressai na quantidade de assistências comparando a melhor passagem de cada um por clubes europeus. Pelo Lyon, o brasileiro anotou 100 gols e 77 assistências em 344 jogos, média de 0,22 passe para gol por partida. Pelo Manchester United, o inglês cravou 85 gols e 125 assistências em 394 jogos, média de 0,32 assistência por partida.

Nos jogos de Champions League, Juninho tem 18 gols e 20 assistências em 59 aparições. Beckham, 16 gols e 39 assistências em 108 partidas, incluindo as passagens por Real Madrid, Milan e PSG. Ao contrário do brasileiro, que alcançou no máximo as quartas de final com o Lyon, o meia inglês conquistou a competição na inesquecível temporada 1998-99, quando ainda levantou as taças da Premier League, Copa da Inglaterra e Mundial de Clubes pelo United.

Devido à maior evidência no cenário europeu e aos elencos mais competitivos que integrou – quando jogou no Real Madrid, por exemplo, o clube espanhol tinha um orçamento de 150 milhões de euros a mais que o Lyon –, Beckham acumulou mais indicações a premiações individuais e foi duas vezes escolhido como segundo melhor jogador do mundo.

O inglês também teve maior destaque por seleção. Disputou três Copas – duas como capitão – e marcou 17 gols em 115 jogos pela Inglaterra. Sofrendo com a altíssima concorrência em uma safra de talentos bem mais farta de talentos que a inglesa, Juninho jogou apenas uma Copa pelo Brasil, em 2006, quando marcou um gol diante do Japão – ao todo, foram sete em 43 partidas com a seleção.

Tanto no auge pelo Vasco quanto ao longo da memorável passagem pelo Lyon, Juninho mostrou em campo que poderia ter jogado pelo menos mais duas Copas, mas acabou preterido nas convocações de 1998, 2002 e 2010. Assim como poderia ter atuado em uma liga de maior visibilidade, a exemplo da Espanha, mas, depois de sair do clube cruzmaltino, preferiu honrar o compromisso que havia firmado com o Lyon a aceitar uma proposta esportiva e economicamente mais vantajosa do Barcelona.

De qualquer forma, apesar do auge incomparável de Beckham no Manchester United, Juninho teve uma trajetória mais regular e a constância que faltou ao inglês sobretudo nos tempos de Real Madrid. Contemporâneos, nascidos em 1975 e com duas décadas de carreira profissional, ambos foram meio-campistas gigantescos, separados por mínimos detalhes.

Fosse para escolher um, Juninho levaria por ser mais técnico e versátil, além de ter mais gols de bola parada. Não se trata de desmerecer David Beckham, que, contrariando a pecha de muitos que o subestimam, foi um enorme jogador. Mas, sim, de ressaltar a grandeza de um craque brasileiro que nem sempre teve o devido reconhecimento.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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