São Paulo é o maior culpado por perder Caio Paulista para o Palmeiras
Vilanizar o jogador se torna um artifício conveniente para a diretoria são-paulina, que falhou ao menosprezar valorização no mercado
A contratação iminente de Caio Paulista pelo Palmeiras caiu como uma bomba no Morumbi. Ao contrário de negociações passadas envolvendo os dois clubes, pode-se dizer que o São Paulo tomou um chapéu de si mesmo ao perder o ala-esquerdo para um dos maiores rivais.
Dirigentes são-paulinos, que antes se mostravam confiantes na compra do jogador emprestado pelo Fluminense, agora se declaram surpresos com a mudança de rota, mas não têm o direito de se sentirem injustiçados. O São Paulo – mais especificamente, sua diretoria – é o maior culpado pela perda de Caio Paulista.
É evidente que empresários do atleta, representado pela família Uram, enxergaram uma brecha para valorizar o jogador em meio às tratativas com o São Paulo, que deixou de depositar ao Fluminense a quantia de aproximadamente 18 milhões de reais, prevista na cláusula de compra fixada, no prazo determinado. Esse foi o erro capital que abriu caminho para a investida palmeirense.
A diretoria tricolor já dava a permanência de Caio como certa para a próxima temporada, mas, sufocada por dívidas na casa de 700 milhões de reais e a previsão de déficit no balanço deste ano, resolveu arrastar o pagamento da cláusula, tentando convencer o Fluminense a parcelar e facilitar as condições de compra. Nesse movimento, tanto o presidente Julio Casares quanto o diretor de futebol Carlos Belmonte cometeram um erro de cálculo ao menosprezar a valorização do jogador no mercado.
Caio Paulista foi um dos principais destaques do São Paulo no Campeonato Brasileiro e na campanha vitoriosa na Copa do Brasil. Versátil, o ala evoluiu como lateral-esquerdo, uma posição carente em vários clubes grandes. O Corinthians, por exemplo, segue em busca de mais um jogador para a posição após a aposentadoria de Fábio Santos. O Palmeiras tem Piquerez e o jovem Vanderlan, mas já se movimenta por uma terceira via caso perca um deles para o futebol europeu e, também, pela exigência do técnico Abel Ferreira por um elenco mais encorpado.
Diante da cobiça de outros clubes e da incontestável valorização do ala de 25 anos, o São Paulo assumiu o risco de perdê-lo para a concorrência, no caso, o Palmeiras, que está prestes a confirmar o negócio. Se tivesse condição financeira mais estável – como tem o rival –, pagado o valor estipulado pelo Fluminense à vista e agilizado as novas bases contratuais com o jogador, o clube do Morumbi estaria resguardado do assédio de concorrentes. É a famosa lei do mercado, bem conhecida pelos principais executivos do tricolor.
Vilanizar o jogador se torna artifício conveniente para a diretoria são-paulina, que falhou ao arrastar a negociação recorrendo à barganha com o Fluminense. Caio Paulista não é um craque. Porém, pela versatilidade e condição física, será uma ausência sentida por Dorival Júnior, que ainda vê seu clube reforçar um rival por incapacidade de bater o martelo que estava em suas mãos.