Seleção decepciona em despedida melancólica de Marta
Brasileiras são travadas pela Jamaica e acabam eliminadas na primeira fase da Copa do Mundo feminina
Antes do Mundial começar, era uma unanimidade entre as jogadoras da seleção brasileira o sentimento de que uniriam forças para premiar a carreira de Marta em sua última Copa. Porém, a eliminação para a Jamaica na fase de grupos frustra a despedida da maior de todos os tempos, que reconheceu não imaginar encerrar sua história no torneio dessa forma “nem nos piores pesadelos”.
Marta disputou seis Copas do Mundo pelo Brasil. O máximo que conseguiu foi um vice-campeonato, em 2007. No entanto, jamais havia sido eliminada na primeira fase. Esperava-se muito mais da seleção, não somente pela mobilização em torno de sua maior jogadora, mas também pelo potencial do time.
Depois de uma estreia empolgante contra o Panamá, o adversário mais frágil do grupo, o Brasil baixou de rendimento contra a França e, sobretudo, contra a Jamaica, quando sucumbiu à falta de criatividade, organização ofensiva e contundência.
Sob o comando da sueca Pia Sundhage, a seleção havia demonstrado avanços após um ciclo de renovação, principalmente ao protagonizar duelos muito competitivos diante de equipes mais fortes, como Inglaterra e Alemanha, antes do Mundial.
Por isso, a expectativa era de uma campanha vistosa na Copa, embora o Brasil não figurasse entre as principais favoritas. Destaque da goleada sobre o Panamá, Ary Borges se mostrou discreta contra as jamaicanas e acabou substituída no intervalo por Bia Zaneratto. Tanto a centroavante do Palmeiras quanto Geyse, referência do Barcelona, Debinha, Kerolin e Adriana não foram capazes de chamar a responsabilidade no ataque brasileiro.
Titular apenas no jogo derradeiro, Marta, aos 37 anos, provou que — ao menos em campo — já não tem mais o mesmo poder de decisão de outros tempos. Fica para a seleção, além de uma análise fria sobre a continuidade de Pia no cargo de treinadora, a necessidade de encontrar novas protagonistas para o próximo ciclo.
Dificilmente alguém será capaz, agora ou num futuro distante, de suprir a lacuna deixada por Marta. Na véspera da eliminação, ela ressaltou a evolução do futebol feminino ao constatar que hoje, ao contrário de seu início na modalidade, várias jogadoras servem como referências para as meninas, não mais o monopólio da idolatria de figuras do masculino.
“Pra elas é só o começo. Pra mim é o fim da linha”, disse Marta em seu discurso final após o empate contra a Jamaica, reivindicando a continuidade do apoio à geração de Ary, Kerolin e companhia.
Infelizmente, a rainha do futebol não teve uma despedida de Copa à altura de seu legado, mas ficará marcada na história, apesar de mais um resultado frustrante, como a mulher que ajudou a virar o jogo em favor da modalidade no Brasil e no mundo.