Derrota do Brasil para Colômbia não surpreende e serve de alerta
Seleção Colombiana é a única invicta nas Eliminatórias e cresceu de rendimento. Por outro lado, tática de Diniz favoreceu adversário
Para tudo tem a primeira vez. E a primeira derrota do Brasil para a Colômbia em Eliminatórias já era esperada. O motivo? Os diferentes modelos de jogo das equipes e as campanhas atuais, que já desfavoreciam a seleção brasileira; algo que ficou abafado pelo histórico de freguês colombiano. O fim dessa superioridade brasileira aconteceu no momento em que os colombianos buscam resgatar uma identidade do seu futebol, enquanto no Brasil escolhe criar um novo perfil.
Nos minutos iniciais do primeiro tempo em Barranquilla, vimos um puro exemplo de Dinizismo que deu certo. Apenas o Brasil dominando a bola e gol saindo aos 3 minutos de quem deve mesmo encontrar o espaço, Gabriel Martinelli. Sem Neymar, Rodrygo recuou pra ajudar a iniciar as jogadas com Vini Jr e Martinelli. O problema é que esse modelo é frágil e a partir dos 15 minutos já não funcionava mais. O jogo colombiano foi perigoso pro Brasil, obrigou a equipe brasileira a descer a linha e por ali a seleção ficou e teve dificuldade de subir pra atacar. A Colômbia é um time agressivo, trabalha com inversão e com mudanças de lateral. Esse ataque em velocidade afetou o esquema do técnico brasileiro já que o adversário faz um jogo direto, sem trocar muitos passes, com aproximação, muita correria e bolas altas. Dito e feito.
Luis Díaz deu tudo de si. E não tinha como ser diferente. Depois de vivenciar o sequestro da família com a permanência do pai em cativeiro e acompanhar o drama familiar enquanto jogava a Premier League pelo Liverpool, o reencontro com o pai em liberdade foi emocionante. E lá estava o senhor Luis Manuel Díaz assistindo em lágrimas o filho que vem em boa fase no clube inglês. Uma cena muito forte. Na seleção, Luis Díaz é o principal nome dessa geração de transição e teve total tranquilidade para atuar pelas laterais, ganhando todas as disputas de velocidade. Contou com James Rodríguez assumindo o meio-campo com muitas bolas roubadas. Tudo o que já era previsível acontecer.
E agora Diniz ainda terá dúvidas no elenco contra a Argentina de Messi, como Vini Jr que saiu machucado. Preocupante é a inflexibilidade de Fernando Diniz que insiste no seu perfil autoral e não se adapta, mesmo sabendo que dessa forma o Brasil sofreria. A Colômbia já tinha um ano melhor, com bons resultados em amistosos internacionais; venceu a Alemanha e o Japão. Nas Eliminatórias, está há um ano e nove meses sem perder.
A Colômbia criou uma seleção com qualidade. Dos 25 convocados, apenas 2 atuam no país de origem - os dois goleiros reservas. Do restante, experiência no futebol mundial com competitividade, assim como o elenco do Brasil. Não há crise de talentos em nenhum dos lados. Qual a diferença? A Colômbia buscou um treinador que tivesse identificação com um time que deu certo. Néstor Lorenzo trabalhou por mais de seis anos na seleção colombiana como homem de confiança na comissão de Pékerman em duas Copas. Já são 15 jogos sem perder, 12 no comando do técnico argentino. O período decadente de Reinaldo Rueda dessa seleção não existe mais.
Não é sobre utilizar o que é ultrapassado, nem o que chamam de tradicional. Mas sim sobre optar pelo que dá certo. Para o método do Diniz dar certo, ele precisa de tempo. O Brasil ousa em algo novo, com os jogadores que em sua grande maioria atuam exterior de outra forma e estão tendo dificuldade de adaptação. O prazo do Diniz é curto. Se antes os nossos verdadeiros rivais eram Argentina e Uruguai, enquanto o Brasil seguir se expondo tanto para ter o domínio de bola, vamos conhecer novas pedras no sapato da seleção.