Saída de Pia Sundhage e possível chegada de Arthur Elias: o que isso reflete na Seleção Brasileira Feminina?
Demissões revelam a busca por renovação da CBF - sem tantas explicações e de forma interna, escancarando a urgência por títulos
Após a eliminação na fase de Grupos da Copa do Mundo, o Brasil caiu de posição no ranking mundial feminino da FIFA: foi para nono, retrocedendo um degrau. Mesmo no TOP 10, não bateu bem dentro da Confederação Brasileira de Futebol. E as providências tomadas vieram sem tantas explicações.
A maior prova disso - que chegou ao torcedor - foi a demissão de Pia Sundhage, a discussão do último mês. Ficar fora do mata-mata da Copa após 28 anos decretou a queda da treinadora que ansiava por uma segunda chance na Olimpíada, sua especialidade. Ela saiu do Brasil com uma Copa América no currículo e com o agradecimento do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que reconheceu o trabalho da Pia como muito importante desde 2019. E foi mesmo. Após trabalhar em potências da modalidade, ela teve propriedade e coragem para fazer críticas fundamentais.
Pia deu a cara nas coletivas de imprensa e criticou erros como a falta de investimento na base da seleção brasileira feminina. Em campo, é outra história. Sundhage vinha sofrendo grande pressão no cenário brasileiro, que tem por característica a cobrança da mídia e as críticas imediatistas dos torcedores quando o assunto é título.
Só que nos bastidores algo maior acontecia. Enquanto a CBF aguardava o retorno de Pia para uma reunião, para decretar o fim do contrato da treinadora, já fazia uma série de demissões impactantes internamente. A mais surpreendente foi a saída de Ana Lorena Marche do cargo de coordenadora de seleções femininas após pouco mais de um ano. Com ela, vimos a maior delegação da história na Copa e com o maior número de mulheres, além da conquista de melhores condições para as jogadoras irem ao mundial. Ana Lorena merecia tempo para implementar as ideias que já tinha tido sucesso durante seu período na Federação Paulista, consolidando o estadual mais competitivo do país.
Nessa leva, também foram a supervisora Mayara Bordin e a auxiliar da seleção feminina sub-20. Sem falar de Jonas Urias, treinador da seleção feminina sub-20 que esteve na Copa da Austrália e Nova Zelândia como observador técnico do Brasil. Ele era um dos cotados para o cargo na seleção principal. Urias foi demitido um ano após conquistar o terceiro lugar pelo Brasil no principal mundial de base.
FUTURO DA SELEÇÃO SEM PIA
Tudo indica que Arthur Elias vem aí para assumir essa seleção. É o nome mais bem cotado; o treinador comanda o Corinthians feminino desde que a categoria foi reativada em 2016 e tem a moral de ter conquistado 14 títulos com a equipe. Com mais de 80% de aproveitamento no Timão, ele criou um time a ser batido no Brasil. Vale ressaltar que a maioria das convocadas para a seleção que atuam no país vem do Corinthians ou já passaram por lá.
É fato que as jogadoras gostam do que Elias apresenta pela modernidade e opções de jogo, o que era a principal reclamação do modelo Pia Sundhage - para algumas, ultrapassado.
Se for ele o escolhido, a CBF precisa ter pressa. Entre os dias 18 e 26 de setembro já teremos a primeira data FIFA após a Copa do Mundo feminina e, como o próprio mundial mostrou pela evolução das adversárias, a Olimpíada na França não será uma missão fácil e necessita de tempo.