5 erros de um Flamengo sem muita inspiração – Parte 1
Mesmo com vários remanescentes de 2019, o fã do futebol-arte parece sentir falta da essência daquela brilhante equipe
O Flamengo de Jorge Sampaoli teve a 28ª escalação diferente em 28 jogos. Até agora são 17 vitórias, sete empates e quatro derrotas. Já na Libertadores, a equipe comandada pelo argentino venceu quatro e empatou duas. Está invicta. Aí, você, leitor, fala em voz alta: “MAS ESSE COLUNISTA É DOIDO! ESTÁ VENDO DEFEITO ONDE?”
Apontarei agora. Tenho certeza de que a maioria dos torcedores do clube observa ausência de bom tempero nessa refeição. Vamos lá.
Erro 1
Falta de padrão de jogo
Entendo que o técnico possui o melhor elenco (para os padrões do Brasil, o Fla está cheio de astros da bola mesmo). No entanto, 28 escalações em 28 jogos não parece que algo está errado? Você surpreende o adversário se trocar um zagueiro ou/e um volante? É relevante uma troca dessa natureza? Sampaoli faz substituições mais no sistema defensivo do que ofensivo. Mostrarei isso em uma parte 2 dessa análise.
Outra questão: mudar assim não dá um certo desconforto ao jogador? Por exemplo, às vezes, Gerson joga como terceiro meio-campo. No entanto, ontem, atuou como um segundo meia sem muitas responsabilidades defensivas. O Fla não marcou direito e quase levou gols. Mesmo ofensivo, o time de Sampaoli não conseguiu achar muitos espaços contra o Olímpia (‘aportuguesei’ a palavra/o nome, pois acho estranho não usar o acento).
Erro 2
Falta de criatividade
Mesmo com Gerson em grande fase, com movimentação muito boa, bons chutes e ótimos passes, o Flamengo parece que joga de forma amarrada. Ontem, o camisa 20 rubro-negro fez de tudo para tentar dar ritmo ao time. Não conseguiu o bastante. A marcação do Olímpia (com acento mesmo kkk) quase anulou o quarteto fantástico, na verdade, o quinteto de outro Jorge, o de sobrenome Jesus, com o próprio Gerson, Everton Ribeiro, Arrascaeta, Gabi e Bruno Henrique, que deveria ser de futebol irreverente (estou citando mesmo o filme de Mario Monicelli, 'Quinteto Irreverente') e irresistível.
É até inacreditável imaginar que esse Flamengo que possui todos os representantes do Rolo Compressor de 2019, do meio para frente, não consegue brilhar. O sentimento de que algo está faltando é do torcedor, quase diariamente reclamando da ‘amarração’ do estilo de jogo. Será que um time brilhante virou um produto do futebol de resultados?
Quem ameaçou mesmo foi o adversário paraguaio, que acertou duas bolas na trave ontem.
Erro 3
Jogadas ‘manjadas’
Tudo bem. Tudo bem. O Flamengo fez o gol em um lance clássico. Uma jogada de ‘Vale a pena ver de novo’. Gabriel Barbosa, o Gabi (ou Gabigol), vem pela direita, olha para a área, cruza de canhota e Bruno Henrique aparece como um foguete, um verdadeiro camisa 9, e marca. Pois é. Saiu do sufoco. No entanto, o time de 2019 não tinha ‘jogadinha’ para sair de um placar arriscado (embora 1 a 0 seja um resultado de risco). O Fla-19 era de um brilho único. Era.
Erro 4
Jogadores sem o mesmo brilho
O Fla de 2019, insisto, era sim uma equipe inesquecível pela coragem e originalidade. Mesmo com remanescentes daquele time, o ex-Rolo Compressor parece estar velhinho quase na hora de trocar as peças. Everton Ribeiro é um que, mesmo com lampejos de craque (e eu sou um fã dele), já não é o mesmo. Seria reforço para várias equipes medianas do Brasil. Não anda jogando 20% do que sabe no Fla. É duro para esse colunista escrever isso. O camisa 7 atuou no ano passado com metade de sua incrível capacidade, e o Mengo foi campeão da Libertadores e da Copa do Brasil. Defendi a convocação dele para a Copa do Mundo nas redes sociais. Um equívoco da minha parte.
Erro 5
Pedro faz falta.
Simples assim. Gabigol pode ser o xodó da maioria dos torcedores do Fla, mas o camisa 9 tem números melhores, pelo menos, do Mundial de 2022 até o final de julho.
Até daqui a pouco.