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Flamengo perde seis títulos em 2023, e Rodrigo Nestor é o herói tricolor

O jovem e contestado meia do São Paulo decide os dois jogos da final da Copa do Brasil; o Rubro-Negro volta à fase do ‘cheirinho’

24 set 2023 - 18h53
(atualizado às 23h05)
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Gerson sente a perna direita no final da partida, e é substituído por Victor Hugo
Gerson sente a perna direita no final da partida, e é substituído por Victor Hugo
Foto: REUTERS/Carla Carniel

São Paulo é campeão da Copa do Brasil pela primeira vez. Já o Flamengo lutou para não perder mais um título. Não deu. O Flamengo dessa temporada lembrou o de 2017. Um elenco milionário há seis anos, o de 2023 consegue ser muito mais caro, e o Rubro-Negro perdeu dois títulos importantes: o da Conmebol Sul-Americana, para o Independiente-ARG, e o da Copa do Brasil, para o Cruzeiro. Naquela oportunidade, o apelido do time carioca era ‘cheirinho’, ou seja, cheiro de título, pois chegava perto e até sentia o cheiro da taça de tão próximo que ficava da mesma, mas não levava.

Como chamar essa equipe de 2023 com seis troféus perdidos? Eles são de quais 'torneios'? Mundial, Recopa Sul-Americana, Supercopa do Brasil, Estadual, Libertadores e Copa do Brasil. O Fla foi vice-campeão em quatro! O número deve aumentar para sete em breve, pois o Botafogo é líder do Brasileirão, com 51 pontos, 11 na frente do Flamengo, que é apenas o 7º colocado da competição.

E o herói do título?

Quem é Rodrigo Nestor? Ele é meio-campo pelo lado esquerdo e canhoto. Tem 23 anos e foi formado nas categorias de base do São Paulo. Era criticado por boa parte da torcida (ainda é) mesmo com várias boas atuações nesses dois últimos anos. Em 2022, deu 11 assistências e fez oito gols. Na atual temporada, tem dois gols e seis assistências.

Demissionário no Fla, Dorival é tri da Copa do Brasil

Dorival Júnior foi campeão da Copa do Brasil em 2010 pelo Santos. Doze anos depois, com o Flamengo, e nessa temporada com o São Paulo. Dorival merece. Dorival se vinga. O técnico é um grande gestor de pessoas e sabe armar taticamente um time muito melhor do que o português Vitor Pereira e o argentino Jorge Sampaoli. Aliás, o treinador tricolor empata com Luiz Felipe Scolari em quantidade de títulos da competição. 

Péssimas decisões no Flamengo

O Flamengo não continuou com o belo trabalho de Dorival Júnior em 2022. Vitor Pereira foi o substituto escolhido. Não se sabe a razão. No Mundial, vexame. Perdeu por 3 a 2 para o Al-Hilal na semifinal. Não conseguiu se classificar nem para a decisão do Mundial. O Real Madrid esperou e o Flamengo não apareceu. Outros títulos foram perdidos, como o da Supercopa do Brasil para o Palmeiras, o da Recopa Sul-Americana para o Independiente del Valle e, de forma humilhante, o do Carioca para o Fluminense. Uma goleada de 4 a 1 com direito a golaço de Marcelo, que driblou Everton Cebolinha e Gerson e chutou no canto direito do goleiro Santos, que, alguns meses depois, virou terceiro goleiro do time. De herói da Copa do Brasil de 2022, Santos foi jogado aos leões. O Fla venceu o jogo de ida da decisão do Estadual por 2 a 0, mas foi amassado pelo Tricolor carioca dinizista. Foi uma vergonha mesmo. Resultado pós-humilhação? Vitor Pereira demitido.

Com Sampaoli contratado, o Flamengo parecia que iria atropelar os adversários. Parecia. Foram 39 escalações diferentes do técnico argentino em 39 jogos, e falta de padrão de jogo. Não existiu o mínimo. Sampaoli se mostrou péssimo líder e estrategista.

Na Libertadores, o time carioca venceu o Olimpia por 1 a 0 no Maracanã pela partida de ida das oitavas-de-final, mas algo estava errado. Como assim, colunista? Até aquela vitória magrinha sobre o time paraguaio em casa, Sampaoli comandou o Rubro-Negro na principal competição da América por seis vezes, com quatro vitórias e dois empates. Invicto!

No entanto, as atuações eram abaixo da média. Ruins mesmo. O Fla jogava mal, vencia mas atuava mal, não convencia quase ninguém, era burocrático, as jogadas eram manjadas e, acima de tudo, repetindo, o padrão de jogo não existia. O que aconteceu logo depois? Perdeu e foi eliminado pelo Olimpia, em Assunção, no Paraguai. Saiu da Libertadores, diga-se de passagem, com justiça. A equipe paraguaia era bem modesta, financeira e tecnicamente. Nas quartas-de-final, contra o Fluminense, o algoz do Fla perdeu os dois jogos. 

Foi um ano do Fla para esquecer. Foram muitas confusões nos bastidores. O amadorismo voltou com força. O vice-presidente de futebol, Marcos Braz, se envolveu em briga com torcedor, com direito à mordida do dirigente e ida à delegacia. Caso de polícia! Aliás, Braz é vereador da cidade do Rio de Janeiro e faltou votação nesse dia, pela oitava vez no ano, para ir às compras em shopping na Zona Oeste do Rio com a filha. Meses antes, o atacante Pedro foi agredido pelo ex-preparador físico. Outra briga? Gerson e Varela saíram no tapa durante o treino. Na verdade, socos violentos. O último foi parar no hospital.  

Um pouquinho sobre o jogo e alguns detalhes

O Flamengo só conseguiu a primeira oportunidade na partida de ida da Copa do Brasil aos 8 minutos do segundo tempo. No Morumbi, na partida de volta, o primeiro chute veio aos 35 segundos com Pedro, que foi perigoso no jogo desse domingo e até construiu a jogada do gol do Flamengo na etapa inicial.

Convocado para a seleção brasileira, Gerson jogou mais solto, mais à direita, um posicionamento mais parecido com o do veterano Éverton Ribeiro. No entanto, aos 18 minutos, foi pela esquerda que driblou Beraldo e Rafael defendeu.

O Flamengo estava há três jogos sem marcar. Desde 2016, isso não acontecia. No entanto, aos 43 minutos, tudo mudou na final da Copa do Brasil. Pedro construiu a jogada. Erick Pulgar chutou, a bola bateu na trave, voltou no joelho de Bruno Henrique e o Flamengo abriu o placar. No entanto, cinco minutos depois, Wellington Rato cobrou falta, o goleiro argentino Rossi tirou de soco e Rodrigo Nestor acertou um chutaço de primeira, de fora da área. O garoto de ouro do meio-campo do São Paulo foi o diferencial nos dois jogos da decisão.

No segundo tempo, Gerson continuou sendo o jogador do Flamengo com melhor atuação. O atacante Pedro deu uns sustos na defesa do São Paulo também. A equipe carioca tentou de tudo. Arrascaeta e Pedro foram substituídos por Everton Ribeiro e Gabi, mas nada deu jeito. Até Gerson saiu, pois sentiu a perna direita. O Rubro-Negro tentava, mas foi o Tricolor paulista que quase marcou com Luciano.

Nos acréscimos, o lateral Ayrton Lucas ainda tentou de fora da área, de direita, mas Rafael defendeu de novo. Um goleiro que brilhou na competição. O segundo tempo foi até os 55 minutos, e o São Paulo conseguiu a taça que faltava ao clube. Dorival mereceu. 

Abraços boleiros. 

Fonte: PV Ferreira PV Ferreira é editor e jornalista esportivo com experiência em coberturas do futebol brasileiro, sul-americano e europeu, além das modalidades olímpicas e paralímpicas. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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