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Inesquecível Fluminense conquista a América em uma jornada familiar

Veja a saga de jogadores e torcedores na realização do sonho tricolor de levantar, enfim, a taça continental da Libertadores

5 nov 2023 - 17h24
(atualizado às 23h27)
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Fluminense conquista o título inédito da Libertadores.
Fluminense conquista o título inédito da Libertadores.
Foto: PABLO PORCIUNCULA/AFP via Getty Images / Esporte News Mundo

Um título que estava escrito há seis mil anos. Uma saga de dor e esperança. Em 2008, um timaço tricolor, liderado por Thiago Silva, Conca e Thiago Neves, que não conquistou a América por detalhes. Perdeu na disputa de pênaltis depois de exibição de gala no tempo normal, vencendo a LDU por 3 a 1. Enfim, a tristeza é passado. A felicidade é o presente. A antiga Taça Libertadores é do Fluminense. O Gravatinha ajudou espiritualmente o time de guerreiros. Iluminou os caminhos dos dois artilheiros: Germán Cano e John Kennedy. Pois é! O Flu tem dois camisas 9! O argentino usa a 14 para disfarçar e não amedrontar tanto os adversários. O Sobrenatural de Almeira tentou atrapalhar com o gol espírita de Advíncula, mas o próprio ser do além se rendeu ao futebol mágico de Arias e Keno e às atuações de gala de Nino e André. O Sobrenatural virou a casaca de novo.

Como escreveria o teatrólogo Nelson Rodrigues, quem não foi ao Maracanã para assistir aquele espetáculo, infelizmente, não viveu. Os ídolos e torcedores mortos estavam lá também. Saíram de suas tumbas. Os vivos saíram de suas casas, como é o caso do corretor imobiliário e músico João Capdeville, que veio de São José de Campos, no estado de São Paulo, para assistir à final da Conmebol Libertadores. Na carteira, a foto do falecido pai, o pedagogo Vicente de Paulo, e do irmão, o jornalista Paulo Andrade, de 44 anos, que estava com ele no estádio.

Os dois dedicariam o título ao Professor Vicente, que morreu no próprio aniversário de 57 anos em 2007. A Libertadores do ano seguinte, a do genial Conca, seria a da homenagem dos filhos, mas não foi possível. Um minuto depois do título da LDU, Paulo, o primogênito, ainda recebeu uma mensagem de um conhecido flamenguista por SMS, outros aplicativos populares não existiam ainda, debochando do vice-campeonato do Flu. Não foi maldade do torcedor do Fla. Ele não sabia da questão familiar.

Este é o amuleto do torcedor João Capdeville: a foto com o Professor Vicente, o irmão Paulo e o próprio João em 2007.
Este é o amuleto do torcedor João Capdeville: a foto com o Professor Vicente, o irmão Paulo e o próprio João em 2007.
Foto: João Capdeville/Arquivo pessoal

Os irmãos se encontraram horas antes da partida e foram ao Maracanã. O novo Estádio Jornalista Mario Filho estava lindo. A Conmebol proibiu mosaicos e o tradicional lançamento de pó-de-arroz da torcida do tricolor. Sem problemas. Bandeiras foram distribuídas para os fanáticos tricolores na arquibancada. Ficou um clima de anos 1970 e 80. Um jeitão do velho Estádio Mario Filho. Melhor. Os mortos se conectavam com os vivos. O Professor Vicente estava ali com os filhos.

Voltando a escrever um pouquinho sobre a partida, o Fluminense dominou o primeiro tempo, mas o gol demorou para sair. O time não chutava tanto assim. No entanto, o técnico Fernando Diniz tinha um plano. E que plano bem pensado e executado. Keno virou ponta-direita e ensaiava tabelas com Arias naquele setor. Aos 35 minutos, a estratégia ofensiva deu certo. Após lançamento, a defesa do Boca Juniors deu um chutão para cima, Ganso recuperou a posse da bola com um toque de cabeça para Keno, que trocou passes com Jhon Arias de forma genial. O camisa 11 deu uma linda assistência para Cano. Obviamente, Germán marcou. Foi o 13º do atacante em 12 jogos na Libertadores desse ano. Ele não atuou em apenas um. Super artilheiro da competição. Fez, até agora, 37 na temporada. Cano tem 81 gols como camisa 14 do Fluminense.

Como escrevi anteriormente, aos 26 minutos da segunda etapa, o lateral Advíncula teve a ajuda do Sobrenatural de Almeida para empatar o jogo. No entanto, com as mudanças corajosas de Diniz, o Tricolor melhorou muito na partida.

O Flu voltou a ter o domínio. Foi para a prorrogação porque o lateral-esquerdo Diogo Barbosa perdeu uma oportunidade inacreditável, depois de bonito passe de Lima, no último lance do tempo normal. No entanto, estava escrito há seis mil anos que o Tricolor venceria a final. Aos nove minutos da prorrogação, Diogo Barbosa lançou para Keno. O inspirado camisa 11 deu um simples e genial passe de cabeça para o predestinado John Kennedy pegar de primeira. Um golaço. Gol de título internacional. Merecido.

Um timaço que entrou para a História. Cano, o artilheiro. JK, o decisivo. Keno, o garçom da fase final. André, o Maestro. Nino, o zagueiro perfeito. Marcelo, a lenda. Samuel Xavier, o lateral dos gols e jogadas importantes. Jhon Arias, o craque da Libertadores.

Ah. Os irmãos João e Paulo choraram, dessa vez, de felicidade. Foi a redenção desportiva e familiar. O Professor Vicente teve a justa e inesquecível homenagem. Ele estava no Maracanã com os filhos. A família tricolor comemorou O título continental e conquistou, enfim, a América. Dessa vez, a vida e o futebol foram justos.

Fonte: PV Ferreira PV Ferreira é editor e jornalista esportivo com experiência em coberturas do futebol brasileiro, sul-americano e europeu, além das modalidades olímpicas e paralímpicas. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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