Resultado previsível! Fluminense luta, mas é goleado pelo todo-poderoso City
Depois de conquistar a América do Sul, dinizismo não é páreo para o bilionário time comandado por Pep Guardiola
A diferença entre as equipes da Europa e da América do Sul é quase infinita. Veja os valores dos elencos do Manchester City, de 1 bilhão de reais em investimentos e outro bilhão para pagar os astronômicos salários, e do Fluminense, de folha salarial de 30 milhões de reais, o primo pobre do Rio de Janeiro. Não é SAF como Botafogo e Vasco, e não chega perto do capital do Flamengo. Não tem como comparar. O time comandado pelo maior estrategista de todos os tempos, Pep Guardiola, conquistou o inédito título mundial. Os Citizens passam por problemas na Premier League, pois estão apenas na quarta colocação do campeonato, porém, têm maravilhosa campanha na Champions, com 100% de aproveitamento.
Mesmo com a derrota tricolor, considero oportuno e justo elogiar o time de Fernando Diniz apesar dos três erros cometidos hoje que foram fatais. Então, Renato Gaúcho, infelizmente, estava certo quando falou que, no estilo quase único do técnico do Flu, ‘errou é gol’? Que coisa!
Quase sempre fui (e ainda sou) muito crítico ao dinizismo, pois vejo mais os defeitos do que as qualidades. Dessa vez, apesar do sonho continuar impossível e do ‘inimigo’ ser invencível nesse momento, mostrarei o quanto alguns integrantes do Fluminense agradaram aos amantes do futebol bem jogado e disputado.
Fabio é um dos maiores goleiros brasileiros da História. Como nunca foi para uma Copa do Mundo? Samuel Xavier superou a desconfiança da torcida com boas atuações que começaram a ser constantes com Abel Braga. Com Fernando Diniz, o jogador tornou-se um símbolo do estilo de jogo revolucionário do técnico, pois virou um lateral sem posição fixa.
Cheguei ao ídolo máximo desse time: o artilheiro Cano. O argentino fez 44 gols no ano passado, 40 em 2023, com direito a passes e a números inacreditáveis, como os 13 gols em 12 partidas disputadas na Libertadores.
Não posso esquecer da dupla Jhon (Arias)-John (Kennedy). Arias é o maestro moderno do time do Fluminense. Está na esquerda, no meio e, principalmente, na direita para criar para os companheiros oportunidades sensacionais de gols. Arias, aliás, mostrou no jogo contra o City ser o mais competitivo do elenco. Cano tem sorte de contar com um companheiro de linha de frente tão talentoso. Caso Jhon Arias seja negociado, o Flu perde meio time.
John Kennedy demorou um pouco a amadurecer fora e dentro de campo, mas mostrou evolução a partir do jogo de volta contra o time do Argentinos Juniors, já estava marcando gols no Brasileirão, mas a divisora de águas mesmo foi a fase final da Libertadores. Com passes e gols, seja como titular ou entrando para desequilibrar no segundo tempo, o jovem integrante da seleção pré-olímpica, convocada por Ramon para uma competição na Venezuela que valerá a vaga nos Jogos de Paris, tornou-se imprescindível.
Ao lado de Arias, o volante André foi o craque do time na temporada. É verdade que falhou no segundo gol do City, mas foi/é o titular que mais entendeu o dinizismo. Muito confiante nas saídas de bola arriscadas que surpreendem os adversários, super competente na marcação, chegando a atuar de zagueiro em diversos momentos da temporada, e muito inteligente na armação de jogadas com passes curtos e longos.
Martinelli demorou um pouco a se firmar por causa de algumas lesões ou mesmo equívocos nos passes, mas atualmente tem segurança e versatilidade quase com notas máximas.
Nino é o xerife da zaga. No segundo gol do Manchester City teve azar. Tem como características interceptações e roubadas de bola sensacionais. Foi o jogador de maior regularidade na final da Libertadores. Sóbrio e inteligente.
Alexsander merece ser lembrado. Destaque da seleção campeã sul-americana sub-20 comandada por Ramon, Alexsander brilhou como lateral-esquerdo no primeiro semestre. Ele é originalmente um primeiro volante canhoto. Mostrou um estilo tático e técnico acima da média como segundo homem ao lado de André.
E o que falar de Fernando Diniz? Gostem ou não, ele é um técnico diferente. Tenho minhas muitas diferenças com ele por causa das ideias do técnico brasileiro do que deve ser o futebol. Diniz criou um jeito de jogar sem posições fixas inacreditável. Inaceitável para os antiquados e para os técnicos sem ousadia. Corre riscos, deixa, principalmente, o torcedor do Flu muito tenso, mas mudou a rotina de esquemas não-flexíveis. Não chega perto da perfeição. Comete alguns erros como o de colocar Marcelo, de 35 anos, e Felipe Melo, de 40, juntos na defesa. Fica vulnerável demais com essa experiente dupla. Marcelo deveria ser uma ótima opção do meio-de-campo para frente. Precisa esquecer a lateral esquerda. Foi Rei com R maiúsculo da posição. Foi.
Parafraseando a letra da música ‘The impossible Dream’, de Joe Darion e Mitch Leigh, adaptada pelo cineasta Ruy Guerra e pelo compositor e escritor tricolor Chico Buarque, o técnico Fernando Diniz se permitiu sonhar o sonho impossível e lutar por grandes ideias quando era fácil ceder. Acabou campeão da América do Sul e se classificando para a final do Mundial. Não venceu o adversário invencível, mas entrou para a História. Não por causa do jogo contra o Manchester City, porém, foi pela campanha na Libertadores desse ano. Sempre mostrou inteligência e teimosia. Às vezes, essa teimosia ajuda. Às vezes, atrapalha.
Abraços.