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Como o estado de luto impacta a performance e desempenho de um atleta profissional

Morte de Izquierdo levanta debate no futebol e como jogadores são afetados pelo fenômeno

27 set 2024 - 09h40
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A morte de Juan Izquierdo, de 27 anos, do Nacional do Uruguai, impactou diretamente o futebol na América do Sul. Durante um confronto com o São Paulo, pela partida de volta das oitavas de final da Libertadores no MorumBis, sofreu uma arritmia seguida de parada cardíaca e precisou ser reanimado. Levado ao Hospital Albert Einstein, o jogador morreu cinco dias depois, após manobras de ressuscitação.

Jogadores do São Paulo homenagearam Izquierdo no duelo com o Atlético-MG - derrota por 1 a 0 -, pelas quartas de final da Copa do Brasil. "Claro que atrapalha (o lado psicológico). Não é desculpa porque perdemos, mas atrapalha. Disputamos um jogo em que um companheiro de profissão perdeu a vida. É complicado, o clima fica pesado, todo mundo pensa, não tem como tirar da cabeça", disparou Rafinha, ainda na zona mista.

Rafinha, Calleri, Michael Araújo, Wellington Rato e Giuliano Galoppo viajaram ao Uruguai para o velório do atleta. Em comunicado oficial, o Campeonato Uruguaio teve duas rodadas do Clausura adiadas e reprogramadas em respeito ao jogador.

"Um momento difícil. Não temos palavras para dizer. Queríamos estar aqui porque vimos tudo que aconteceu no estádio e desejar força para a família. Sei que é duro, mas que tenham força. Fazemos o mínimo, como se fosse um de nós. Viemos para fazer o que gostaríamos que fizessem para nós. É como se fosse da nossa família", falou Rafinha à emissora televisiva Telemundo, do Uruguai.

No retorno ao Brasil, o São Paulo voltou a ser derrotado para o Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro. Os resultados, e as falas dos jogadores, revelam o impacto do luto por Izquierdo nos atletas. Esse estado se mostra um fator no desempenho dos atletas, principalmente no caso recente da Libertadores, mas não é o único: neste mês, Erling Haaland chegou a ficar fora dos treinamentos e ser dúvida em partidas do Manchester após a morte de um parente.

"É um momento difícil para ele e sua família. Nossos pensamentos estão com ele e toda sua família. Veremos amanhã se ele está mentalmente e fisicamente apto para jogar", afirmou Pep Guardiola.

Cada pessoa sente o luto de uma forma diferente. No geral, para o atleta, os principais impactos, além da tristeza, são a dificuldade em se concentrar, aponta Flávia Magalhães, médica com 20 anos de experiência no esporte e que já trabalhou para clubes, CBF e Conmebol. "O luto desviará o foco do jogador, dificultando a concentração. Além disso, o atleta também pode viver o medo associativo de ser vítima da mesma fatalidade", diz a profissional, no caso da morte de Izquierdo, durante o exercício de sua profissão. O sentimento de tristeza pode afetar ainda a motivação. Além disso, o estresse emocional pode gerar insônia, fadiga precoce e alterações de apetite, impactando na performance."

O luto é, antes de tudo, um fenômeno social e coletivo. Por esse motivo, é importante entender os impactos desse fenômeno no entorno de cada indivíduo e cuidar para oferecer apoio a estes, apontam especialistas ouvidos pela reportagem. Além disso, não há um tempo pré-definido para que uma pessoa deixe de estar enlutada. "De certa maneira o luto nos acompanha por toda a vida, embora após certo trabalho de elaboração possamos encontrar formas de seguir interessados na vida", pontua Bregalanti.

No caso do São Paulo, o clube colocou à disposição um psicólogo para assistir os atletas após a parada cardíaca de Izquierdo. Essa é uma tendência, tanto no ambiente esportivo, quanto no corporativo. Na Olimpíada de Paris, por exemplo, o COB levou dez psicólogos junto com a delegação brasileira, assim como um psiquiatra - pela primeira vez em uma edição de Jogos.

"A dinâmica corporativa deve incluir em seus cuidados a possibilidade de que os trabalhadores tenham tempo e espaço para elaborar seus lutos. Há uma dimensão individual e também coletiva no enlutamento, e o trabalho de luto depende também do rito social para que seja realizado", defende Goldberg. "Em algumas culturas, há mudança de vestimenta, hábitos, e isso deve ser pensado - e não ignorado, negado ou escamoteado - na dinâmica do mundo do trabalho."

Estadão
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