Acordo por naming rights da Arena Corinthians pode sair logo
Presidente Andrés Sanchez confirma negociações perto de chegar ao fim
Uma das novelas mais longas do futebol brasileiro pode estar chegando ao fim. Há dez anos, o assunto naming rights da Arena Corinthians ganha espaço, vira motivo de esperança para os corintianos e deboche para os rivais. O fato é que mais uma vez, o Corinthians parece perto de um acerto.
Tudo começou em 2010. Esse foi o ano em que Andrés Sanchez, então presidente do Corinthians, anunciou a construção da Arena. A venda dos naming rights do local esteve atrelada ao projeto desde o início. Essa seria a principal fonte de receitas do clube alvinegro para o pagamento da dívida que estava prestes a ser criada.
A ideia seria repassar o dinheiro da venda para a Odebrecht, encarregada de erguer o estádio, e assim quitar o empréstimo junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). "Só negociamos o naming rights. O resto será tudo do Corinthians. É 100% nosso: camarotes, cadeiras cativas, placas, restaurantes e estacionamento", comemorou Andrés, na época.
No ano seguinte, os primeiros nomes que poderiam batizar o futuro estádio de Itaquera - que ainda sequer havia saído do papel - surgiram. "Estamos conversando com cinco ou seis empresas. Vamos devagar. Não quero vender o terreno, quero vender estádio", disse Luís Paulo Rosenberg, que, na época, encabeçava a diretoria de marketing do Corinthians.
Especulava-se que o clube alvinegro teria iniciado conversas com quatro multinacionais: Petrobrás, Nike, Emirates e Nestlé. "Espero que a gente tenha os naming rights em fevereiro ou março (de 2012)", estimava o dirigente, que aguardava uma valorização do estádio para fechar com um comprador.
A venda dos naming rights da Arena na data estimada por Rosenberg não se concretizou. O dirigente ressaltou que o clube não tinha pressa para cravar uma negociação, já que o contrato com um futuro comprador seria de longa vigência. Em 20212, outros dois possíveis compradores ganharam destaque na imprensa esportiva: a Qatar Foundation, que passou a investir no futebol, após o Catar tornar-se sede da Copa do Mundo de 2022, e a companhia aérea Etihad Airways, dos Emirados Árabes Unidos, que é dona dos naming rights do estádio do Manchester City, da Inglaterra, o Etihad Stadium. Também se fala sobre os bancos Bradesco e Santander.
Em 2013, as vésperas da Copa do Mundo do Brasil, que teria sua abertura realizada na Arena, a pressão pela venda dos naming rights do então estádio batizado popularmente de "Itaquerão" aumentou. O preço pedido pelo clube, ao que tudo indicava, parecia afastar interessados e os dirigentes já admitiam reduzir seu valor inicial. "Pode ser 15%, 20% menor, mas depende de como vamos fechar esse pacote, complementando essa diminuição de valor com outras fontes de recursos", explicou o novo diretor de marketing do Corinthians, Ivan Marques.
No início daquele ano, a marca de cervejas Itaipava, que havia comprado os naming rights da Arena Fonte Nova, do Bahia, era uma forte candidata a batizar o estádio alvinegro. Mas também tudo ficou na especulação. Em setembro de 2013, a informação era de que estava tudo certo com a Emirates.
Na ocasião, o Corinthians teria fechado um acordo com a Emirates por R$ 450 milhões, durante 20 anos. Isso lhe daria uma renda mensal de R$ 22,5 milhões. Andrés Sanchez viajou aos Emirados Árabes para tratar o negócio, dado com certo. No entanto, voltou bem menos otimista. "Está morno. Nem quente, nem frio", disse o ex-presidente, na época. E a negociação não evoluiu.
No ano da Copa, outro nome entrou na lista de possíveis compradores. Dessa vez foi a Kalunga, que patrocinou o clube entre 1985 e 1994, e que tem como um de seus donos, Paulo Garcia, sócio e conselheiro do Corinthians. A empresa teria oferecido R$ 350 milhões pela aquisição dos naming rights da Arena, por 20 anos.
No entanto, um acordo com a Emirates voltou a ser dado como certo, em setembro de 2013, mas Andrés negou que a venda estava fechada. "Ainda não concluímos nada, estamos negociando... É complicado por ser uma coisa nova para o Brasil, as empresas de fora têm receio. Mas enquanto não é comercializado o nome é Arena Corinthians, não Itaquerão", disse.
Nos anos seguintes, a promessa continuou sendo a mesma. Em entrevista ao Estadão, em 2017, o presidente Roberto de Andrade chegou a se irritar durante uma entrevista, quando questionado sobre o assunto. "Pensa que é fácil vender o nome de um estádio em um país que arena é um produto novo? Estamos falando de cifras altas e vivendo a maior crise da história do País, concorda comigo? Isso atinge todo o Brasil. São 12 milhões de desempregados. Como você quer que a empresa faça um investimento desse tamanho?", disse, após afirmar que não sabia o motivo do clube ainda não ter acertado um nome para o estádio.
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No segundo semestre de 2020, no entanto, o assunto voltou a dominar o noticiário esportivo. Agora, a venda é dada como certa, porém, o clube trata o possível comprador como um enigma. "Estamos bem perto. Já já vem, mas nunca esteve na camisa do Timão", disse Andrés, que novamente ocupa a presidência do clube alvinegro.