ANÁLISE: Corinthians 'cai de pé' na Libertadores, mas precisa de nova identidade para salvar temporada
Apesar das críticas, estratégia de Vítor Pereira funcionou até o gol e expulsão, e o Timão precisa evoluir em sete dias para não ver o ano ser desperdiçado
A campanha do Corinthians na Libertadores chegou ao fim após a derrota por 1 a 0 para o Flamengo, na partida de volta das quartas de final. O Timão novamente foi competitivo por um certo período do jogo, mas os pequenos detalhes decidiram a partida, e o clube alvinegro precisa focar nos pormenores e encontrar sua identidade para seguir sonhando com alguma taça na temporada.
A derrota por 1 a 0 no Maracanã expôs as diferenças de estágio de cada equipe. Mesmo com pouco tempo de trabalho, Dorival Jr arrumou o Flamengo graças a qualidade do elenco. Com um time reserva de dar inveja nas equipes da Série A, ele poupou os titulares contra o São Paulo (jogo que antecedeu a partida de volta contra o Corinthians) e saiu com os três pontos do Morumbi.
Vítor Pereira também ganhou reforços de peso para o duelo, mas há uma discrepância técnica entre os times, e o técnico lusitano teve que lidar ao longo da competição com mais desfalques por lesão, e consequentemente mais jogadores chegaram às quartas de final longe da condição ideal.
Ele não teve o luxo de poupar na partida que antecedeu o derradeiro duelo na Libertadores, e viu seus jogadores chegarem desgastados para o duelo, como Renato Augusto.
Ao contrário do que muitos jornalistas e torcedores queriam, Vítor Pereira foi contra a maré, escalando uma zaga inédita com Raul Gustavo e Bruno Méndez, montando um meio-campo só de volantes, e deixando 'medalhões' como Gil, Balbuena, Renato Augusto e Róger Guedes no banco de reservas.
Com uma escalação que priorizava o dinamismo ao invés da posse de bola, o Timão deixou o Flamengo trocar mais passes e rondar a sua área, mas soube aproveitar os momentos certos no primeiro tempo para subir a pressão e incomodar o Rubro-Negro.
Foi assim que a equipe quase abriu o placar com Adson, aos 10 minutos da etapa inicial, não fosse a ótima defesa de Santos.
A primeira etapa no Maracanã foi similar ao primeiro tempo da Neo Química Arena, mas dessa vez os jogadores corintianos entraram mais ligados e com mais intensidade na marcação.
Os primeiros 45 minutos terminaram da forma como Vítor Pereira planejou, com o time brigando e vivo para se arriscar e tentar o milagre na parte final. Por isso, ele voltou do intervalo com Renato Augusto na vaga de Fausto Vera.
Não demorou para que o Corinthians sentisse positivamente a presença do camisa 8, que deu mais qualidade no toque de bola. A equipe aproveitou os minutos iniciais do segundo tempo e conseguia ter leve domínio sobre os cariocas, mas em um detalhe, tudo mudou, como em Itaquera.
Na desatenção de Fagner, Arrascaeta aproveitou o corredor esquerdo, passou por Roni e acertou um cruzamento magistral, de três dedos, para Pedro se jogar de carrinho e abrir o placar. Assim como o gol de Gabigol na Arena sepultou psicologicamente o Corinthians, a equipe sentiu o baque após o gol do centroavante no palco carioca.
O que estava ruim piorou 16 minutos após o gol. Em lance acidental, Bruno Méndez impediu com o braço uma clara chance de gol do Flamengo, e após o VAR recomendar revisão, o uruguaio foi corretamente expulso.
Qualquer chance de virada caiu por terra com o vermelho do zagueiro. O Timão passou a jogar para não ser humilhado, e conseguiu segurar o Flamengo nos 20 minutos finais. Giuliano e Róger Guedes pouco contribuíram em campo, enquanto Balbuena entrou e evitou um gol certo de Gabigol.
O grande desafio da diretoria, comissão técnica e jogadores do Corinthians é absorver o impacto da eliminação o mais rápido possível, tendo em vista que nos próximos sete dias o clube decidirá seu futuro no Brasileirão, contra o Palmeiras, e na Copa do Brasil, diante do Atlético-GO.
Não obstante, a equipe precisa ser protagonista nas partidas para competir nas duas frentes. É necessário mais criatividade e capricho na conclusão das jogadas. Isso só será aperfeiçoado nos treinos, e agora Vítor Pereira terá mais oportunidades de corrigir os erros do time com um calendário mais enxuto.
O clube do Parque São Jorge ficará com a lembrança de uma classificação memorável diante do Boca Juniors, mas terá que conviver com o fato de não ter vencido o Always Ready-BOL na fase de grupos e ter somado apenas duas vitórias na Libertadores, marcando cinco gols em 10 jogos.