Entenda o que fez o médico Ivan Grava deixar o Corinthians
Médico pediu demissão neste domingo (14), após alguns desgastes no clube. Confira os episódios que resultaram no desligamento do profissional
Em meio aos aumentos nos casos de covid-19 no Brasil, com o recorde diário de mortos por conta da doença sendo batido cotidianamente, o Corinthians viveu a sua crise interna referente a doença, com 16 atletas contaminados, além de funcionários, dirigentes e membros da comissão técnica, nas duas últimas semanas.
O reflexo da condução do clube frente a esse episódio culminou no desligamento de um dos principais nomes do Departamento Médico do clube, Ivan Grava, neste domingo (14).
Contudo, os casos coletivos de coronavírus no elenco corintiano foi apenas a gota d' água para o fim de uma relação entre Ivan e Corinthians que já durava seis anos e já estava desgastada.
Divergências
Em entrevista concedida após a vitória do Timão por 1 a 0 sobre o São Caetano, no domingo, pela quarta rodada do Campeonato Paulista, no estádio Anacleto Campanella, o presidente corintiano Duílio Monteiro Alves admitiu que as divergências sobre o tempo de retorno aos treinamentos dos atletas contaminados teria sido crucial para a saída de Ivan Grava, que, segundo Duílio, se sentiu desautorizado após o corpo médico do Corinthians optar pelo retorno dos jogadores assintomáticos 10 dias após o histórico de infecção.
"Foi uma discordância de tempo de retorno entre o Corinthians e o Ivan. Todo o corpo médico conversou sobre as razões do protocolo com tempo maior. Não foi o presidente. O que existe é um corpo médico. Ficou resolvido que voltariam antes do previsto pelo Ivan. Ele se sentiu desautorizado e pediu demissão. Ninguém descumpriu protocolo", citou Duílio, que iniciou a falta negando que o clube tivesse problemas com as diretrizes de segurança.
"Não existe nenhum problema de descumprimento de protocolo. Essa conversa não existiu. Existe o protocolo que o Corinthians segue há um ano, protocolo usado pela OMS (Organização Mundial de Saúde): sintomas leve ou sem sintomas podem voltar em dez dias. No treino, eles são avaliados e voltam. Com sintomas de internação, (voltam) em 15 dias. O Corinthians se baseia em ciência. O período máximo de já jogar é dez dias após infecção", pontuou o cartola.
Desconforto antigo
No entanto, o mal estar entre diversos setores do Corinthians, inclusive dirigentes e jogadores, com Ivan Grava já vem acontecido há algum tempo.
Segundo a "Gazeta Esportiva", havia um descontentamento do médico referente a forma com que algumas pessoas, principalmente atletas, vinham conduzindo os cuidados a respeito do novo coronavírus.
Além da discordância a respeito ao tempo de retorno dos jogadores contaminados pela covid-19, outras decisões referentes ao tratamento de atletas geraram contrassensos internos.
Manifestação nas redes
Através do seu perfil no Instagram na tarde desta segunda-feira (15), Ivan Grava se manifestou sobre a saída desejando sorte ao clube.
"Chegou o momento de me despedir do Departamento Médico do Corinthians. Gostaria de agradecer a todos que estiveram comigo nesse período, aos funcionários, jogadores, treinadores, diretores e presidentes. Levo comigo na memória os momentos de glória, as taças e os títulos que foram conquistados enquanto estive junto ao futebol do Timão. Cresci no clube, minha família sempre esteve por lá e a torcida será eterna. Deixo aqui meus votos que sigam todos no caminho do sucesso", escreveu.
Em meio a isso, o pai de Ivan, Joaquin Grava passa a ficar em xeque. No Timão há 43 anos, o doutor leva o nome do Centro de Treinamentos e Excelência do clube, e atualmente exerce a função de consultor médico do clube. Até o momento, Joaquim não se manifestou sobre a saída do filho no núcleo. A diretoria corintiana não pretende dispensar Grava, que aparentemente também não tende a deixar o time de Parque São Jorge.
Casos de Covid-19 no Timão
Atualmente, quatro jogadores do Corinthians seguem afastados, cumprindo isolamento: Xavier, Roni, Ruan Oliveira e André Luís. No entanto, nas últimas semanas outros 12 jogadores ficaram em quarentena após contraírem a doença.
A primeira leva de infectados foram diagnosticados no véspera do clássico contra o Palmeiras, pela segunda rodada do Campeonato Paulista, no dia 3 de março, na Neo Química Arena. Cássio, Guilherme Castellani, Fagner, Fábio Santos, Raul Gustavo, Gabriel, Ramiro e Cauê foram os contaminados. No mesmo dia do jogo, Camacho, que havia testado negativo para a doença, apresentou sintomas, foi isolado e na contraprova registrou o nono caso positivo.
Antes do duelo contra a Ponte Preta, no dia 7 de março, pela terceira partida do Corinthians no Paulistão, na Neo Química Arena, mais quatro atletas foram positivados com a covid-19: Caíque França, Lucas Piton, Xavier e Ruan Oliveira.