Sozinho no gol e nos erros, C. Ronaldo deixa Copa sem brilho
Nenhuma seleção na Copa do Mundo se resumiu tanto a um só atleta como Portugal fez em relação ao melhor jogador do planeta. Não era segredo para ninguém que um desempenho positivo do país na competição dependia diretamente de atuações espetaculares do craque e capitão Cristiano Ronaldo, e ele já havia mostrado na repescagem contra a Suécia que era capaz de liderar o ataque praticamente sozinho. Mas o camisa 7 não conseguiu repetir a façanha no Mundial.
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A vitória por 2 a 1 sobre Gana nesta quinta-feira, em Brasília, selou a eliminação portuguesa na primeira fase e foi o retrato da equipe dirigida por Paulo Bento: muita luta, pouca inspiração e ultradependência de Cristiano. Parecendo ainda longe da melhor forma física, o capitão português não fugiu da responsabilidade – chamou o jogo, variou seu posicionamento, orientou e cobrou os companheiros. Mas pareceu isolado, em um mundo à parte dos colegas, e falhou como não costuma falhar na frente do goleiro.
Cristiano Ronaldo foi sempre sozinho. Tecnicamente, seu desempenho destoou demais dos outros dez jogadores – apenas João Moutinho e William Carvalho exibiram momentos de categoria que se aproximaram minimamente dos toques na bola do camisa 7. Taticamente, ele também é isolado: solto para se movimentar, livre de responsabilidades defensivas. Até no inútil gol marcado ele foi solitário, baixando a cabeça e caminhando lentamente de volta para o centro do campo.
A grande diferença não foi na luta, na liderança, nos toques bonitos na bola, na velocidade. Foi na eficiência. Não faltaram chances para o melhor do mundo, mas ele só converteu uma delas. No primeiro tempo, uma cobrança de falta e uma cabeçada à queima-roupa pararam nas mãos do ganês Dauda; na segunda etapa, foram incríveis três gols perdidos nos minutos finais, dentro da área, com apenas o goleiro para ser superado.
É certo que a movimentação de Cristiano não foi elétrica como sempre – ele praticamente caminhou sem a bola, e em duas arrancadas que normalmente terminam em drible rápido e finalização potente, a opção foi por um passe de lado. Ainda assim, o craque atormentou os defensores ganeses. No segundo tempo, uma disparada pela esquerda foi concluída com o camisa 7 sendo empurrado por trás por Boye, mas o árbitro não viu o pênalti.
A irritação do astro português foi ficando mais evidente a cada minuto, e quando Varela tentou uma jogada individual pelo meio e perdeu a bola, o atacante não escondeu a irritação, virando de costas para o lance. Novamente, ele estava sozinho. Em um time tecnicamente mediano, castigado por lesões e com atacantes que não marcam gols, a única chance era Cristiano Ronaldo reeditar o desempenho avassalador mostrado contra a Suécia. Sem brilho, ele deixa para nomes como Messi, Neymar e Müller a possível coroa de craque da Copa.