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Luis Suárez

O último baile de Suárez e Cavani, a dupla que resgatou o prestígio do futebol uruguaio

Convocados por Alonso para o quarto mundial de suas carreiras, os dois maiores artilheiros da história da seleção do Uruguai fazem, no Catar, suas despedidas da equipe celeste

23 nov 2022 - 21h10
(atualizado às 22h41)
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A Copa do Mundo do Catar deve marcar a despedida de dois dos maiores jogadores da história da seleção uruguaia: Luis Suárez e Edinson Cavani. Os dois atacantes de 35 anos, que formam a considerada melhor dupla de todos os tempos do país estreiam no Mundial com Uruguai, nesta quinta-feira, 24, às 10h (horário de Brasília), contra a Coreia do Sul, no Estádio Education City.

Como os próprios jogadores e a imprensa uruguaia comentam — e virou hábito no mundo esportivo depois do documentário The Last Dance, sobre Michael Jordan e o time do Chicago Bulls da década de 90 — o Mundial no Catar está sendo o "Último Baile" da dupla, que defendem a seleção celeste há 15 anos.

Nascidos na mesma cidade, Salto, a 500 quilômetros de Montevidéu, Suárez e Cavani começaram a jogar juntos e a representar o Uruguai no mundial Sub-20, em 2007, no Canadá. Até serem eliminados pelos Estados Unidos nas oitavas de final, os jovens uruguaios jogaram quatro jogos e marcaram quatro gols, dois de Cavani e dois de Suárez.

No ano seguinte, em 2008, a dupla passou a se encontrar pela equipe principal, então comandada por Óscar Tabárez. Desde então, foram quatro Copas do Mundo, um quarto lugar no mundial em 2010, um título da Copa de América em 2011 e muitos gols.

Nesta trajetória, Suárez e Cavani se tornaram os dois maiores artilheiros da história da seleção uruguaia profissional. São 68 para o primeiro, com sete em mundiais, e 58 gols para o segundo, sendo cinco anotados em Copas do Mundo. Os dois ultrapassaram — e com folga — Diego Forlán, o terceiro maior goleador com 36 gols.

A dupla também está entre os que mais vestiram a camisa do Uruguai até hoje: Suárez jogou 134 vezes e Cavani, 133. Os dois só perdem para o zagueiro Diego Godín, que entrou em campo em 159 jogos para representar a equipe celeste. Todos devem aumentar esses números neste Mundial

O Último baile

Mesmo que não venham a ser titulares no Catar, Suárez e Cavani já jogaram e venceram o suficiente para ganharem o respeito e admiração no país e colocar seus nomes na biografia da história do futebol uruguaio.

Os dois atacantes são tratados como símbolos de uma geração comandada pelo ex-técnico Óscar Tabárez que ajudou a reerguer o prestígio da seleção bicampeã mundial a nível internacional. Godín, Martín Cáceres e o goleiro Fernando Muslera, que também devem se despedir da seleção após a Copa do Catar, são os outros responsáveis pela melhora da reputação internacional do time do Uruguai.

Eles ocuparam os espaços Forlán, Diego Lugano e Loco Abreu e de outros jogadores da geração anterior. Como o momento de passar o bastão aos novos jogadores está chegando, a Copa do Catar vem sendo tratado pelos jogadores e pela imprensa uruguaia como o "Último Baile" do grupo antes da aposentadoria da equipe celeste.

Sobre o legado de Suárez e Cavani, Jorge Señorans, jornalista esportivo da ESPN Uruguai afirma que está muito além dos atacantes serem os dois maiores goleadores da história da seleção e estarem entre os cinco jogadores que mais entraram em campo pela equipe.

"São ídolos. Suárez voltou para o Uruguai para jogar no Nacional, e Cavani também é muito querido. Eles também deixarão um legado pelos profissionais que são, pela entrega, pela mentalidade vencedora e por darem tudo pela camisa do país", diz o jornalista.

"Os dois (Suárez e Cavani) estão relacionados com o ressurgimento da seleção uruguaia, processo que começou com Tabárez em 2006 e desembocou no quarto lugar no mundial da África do Sul e no título da Copa América, em 2011?, explica Jorge Señorans, jornalista esportivo da ESPN Uruguai.

Óscar Tabárez deixou o comando da seleção no final do ano passado e deu lugar a Diego Alonso, que conseguiu classificar o time para o mundial do Catar. O que, para Pablo Benítez, jornalista do Referi, a editoria de esportes do Observador, não apaga a importância também do ex-comandante para a seleção do país.

"Tabárez revolucionou a seleção uruguaia. Ele devolveu prestígio, raça, competitividade e se classificou para todos os mundiais. O processo que montou, as estruturas, foi uma refundação do futebol uruguaio", afirmou o jornalista.

Entrosamento e complemento

Embora sejam mais próximos de outros colegas de seleção fora dos gramados, Suárez e Cavani são companheiros e nutrem respeito um pelo outro. Mas em campo, conseguiram criar uma sintonia que faz da dupla uma das mais longevas e experientes da Copa.

Os jornalistas explicam que os dois jogadores, ao longo dos anos, passaram por diferentes mudanças na forma de jogar que ajudaram a manter o nível de desempenho de ambos no alto. Em diferentes momentos, os dois já ocuparam as pontas, jogaram no centro da linha ofensiva e também fizeram o papel de segundo atacante.

Em 2010, por exemplo, na primeira Copa da dupla, na África do Sul, Cavani e Suárez jogavam abertos, com Forlán centralizado. "Tabárez entendeu que tinha três atacantes e que um teria que ser sacrificado para fazer um trabalho mais defensivo. Pelo físico, foi escolhido o Cavani", lembra Jorge Señorans, da ESPN. "Então, por muito tempo, Cavani ocupou os extremos do campo".

Depois da aposentadoria de Forlán da seleção, Suárez e Cavani se juntaram e começaram a jogar como dois atacantes avançados. "Na época em que jogava pelo Liverpool, Suárez era um jogador que resolvia tudo sozinho. Então, Tabárez se apoiava muito nessa característica, e deixava para Cavani um trabalho mais defensivo", diz Pablo Benítez, reforçando a análise de Señorans.

O jornalista do Observador define Cavani como um jogador que se sacrifica muito pelas equipes, seja pela seleção uruguaia, como pelos times em que joga. Uma características que Tabárez aproveitava para escalar Suárez em uma posição mais central.

"Porém, nas Eliminatórias para a Copa da Rússia, em 2018, Tabárez os trocou de posição porque Suárez se mostrava um jogador mais completo no Barcelona. Então, ele colocou Cavani ao centro e, com isso, determinou que ele fosse o artilheiro das Eliminatórias (com 10 gols) para a Copa de 2018."

Nunca foram eliminados jogando juntos

Coincidência ou não. Cavani e Suárez nunca foram eliminados quando jogaram juntos em mundiais. E este fato curioso também está relacionado a momentos protagonizados pela dupla que se transformaram em episódios incontornáveis quando se fala do passado da história das copas.

Em 2010, Suárez não foi escalado na semifinal contra a Holanda porque tinha sido expulso contra Gana, nas quartas. Na prorrogação da partida contra os africanos, quando o jogo estava empatado em 1 a 1, o atacante evitou um gol dos ganeses com a mão, saltando em cima da linha do gol.

O uruguaio acabou sendo expulso, mas saiu como o herói da noite. Isso porque Asamoah Gyan cobrou a penalidade no travessão, mantendo o placar inalterado até o final da prorrogação. Nos pênaltis, com direito a cavadinha de Loco Abreu, o Uruguai venceu e avançou para as semis, com Suárez suspenso e voltando apenas para a disputa do terceiro lugar.

Em 2014, a dupla não foi formada no jogo contra a Colômbia, pelas oitavas de final da Copa no Brasil, porque Suárez foi suspenso do Mundial por ter mordido o ombro do zagueiro Chiellini na última partida da fase de grupos. Por conta da punição, o atacante não pôde ser escalado no mata-mata e ficou proibido de atuar em qualquer evento esportivo por quatro meses.

Na Copa disputada na Rússia, o Uruguai foi eliminado pela França, por 2 a 0. Dessa vez, quem não pôde jogar foi Cavani, que se machucou na vitória por 2 a 1 sobre Portugal, nas oitavas, e desfalcou a equipe na partida seguinte.

No jogo contra os lusos, o atacante uruguaio foi o homem da partida, assinando os dois gols uruguaios. No segundo tempo, Cavani se lesionou e precisou ser carregado por Cristiano Ronaldo para fora do gramado e não se recuperou a tempo para a partida decisiva contra a França.

Titularidade incerta

O entrosamento, a experiência e os números, porém, não garantem que a dupla seja a titular no mundial. Mas Suárez, que voltou ao Uruguai para jogar no Nacional, e Cavani, que atua hoje pelo Valencia, da Espanha, já não estão mais no auge de suas carreiras e nem nas mesmas condições físicas de anos atrás.

Eles vão precisar lidar com a concorrência dos jovens atacantes Darwin Nuñez, do Liverpool, e Facundo Pellistri, do Manchester United. Os dois atuaram junto com Suárez nos amistosos contra o Irã e Canadá. Cavani estava ausente por conta de uma lesão que colocou em risco a sua convocação — ele não deve chegar ao Catar 100% de suas condições físicas.

No triunfo sobre os canadenses por 2 a 0, Nuñez fez dupla de ataque com Suárez e foi autor de um dos gols.Contra os iranianos, Diego Alonso escalou o time com três atacantes, colocando Pallistri na ponta direita, Nuñez aberto na esquerda e Luisito no centro. O jogo acabou com vitória do Irã por 1 a 0.

Para o Jorge Señorans, da ESPN Uruguai, o ataque titular da equipe celeste na Copa ainda é "uma grande incógnita". "Me parece que (Cavani e Suárez) não vão jogar juntos. (Diego) Alonso só os escalou uma vez pelas Eliminatórias, que foi contra a Venezuela, no Centenário", lembrou.

Pablo Benítez, do Observador, acredita ser mais provável que o técnico uruguaio comece as partidas com Darwin Núñez ao lado de Suárez. "Pelo momento que Nuñez, jogador do Liverpool, atravessa, e como também jogaram no amistoso contra o Canadá, acredito que ele e Suárez sejam os titulares", diz o jornalista.

Estadão
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