Esforços do PSG para renovar com Mbappé incluem mensagem de Macron e projeto para crianças carentes
Com vínculo até junho de 2022, atacante francês pode assinar um pré-contrato com qualquer equipe a partir de janeiro do ano que vem
A janela de transferências do futebol europeu fechou no dia 31 de agosto e a contratação mais aguardada pelos fãs do esporte não se concretizou. Antes dada como certa, a saída de Kylian Mbappé do Paris Saint-Germain para o Real Madrid frustrou não só os planos do clube espanhol, que deseja ter um nome de peso em seu elenco desde a saída de Cristiano Ronaldo, como também impossibilitou o atacante francês de realizar o sonho de vestir a camisa madrilenha.
Correndo o risco de ver uma de suas principais estrelas sair de graça, os parisienses agora planejam maneiras de convencer o jogador de 22 anos de que a melhor escolha é permanecer na França. Os esforços da diretoria parisiense passa pelo presidente da França, Emmanuel Macron.
De acordo com a imprensa francesa, o chefe de estado teria pessoalmente entrado em contato com o jogador para demovê-lo da ideia de fechar com o Real Madrid e seguir atuando na Ligue 1. Novas conversas não estão descartadas, especialmente com o atacante sendo o principal nome da seleção francesa na Copa do Mundo do próximo ano, no Catar - país com influência financeira dentro do PSG. A França é a atual campeã do mundo.
Nos bastidores, porém, o entendimento é de que será preciso fazer mais para conseguir o "fico" do jogador, além de mensagens de figuras políticas e um dos melhores elencos do mundo. Pensando nisso, o PSG se comprometeu a participar mais ativamente de propostas para ajudar crianças desfavorecidas em Paris, questão muito sensível a Mbappé. O ato tem como objetivo mostrar apoio às causas do atleta fora das quatro linhas.
De acordo com o jornal inglês The Mirror, o PSG vai apoiar e ajudar a promover o projeto Inspired by KM (Inspirado por Kylian Mbappé, em tradução livre), idealizado pelo jogador e que atende 98 crianças de 20 bairros da capital francesa. Apesar de quase sempre estar relacionado com a elite do país, o Paris Sanit-Germain possui grande torcida na periferia da cidade, que vê Mbappé como um espelho para sonhar com dias melhores.
A abordagem é semelhante à usada para estreitar laços com Neymar. Em 2018, o presidente do clube Nasser al Khelaifi viajou com o jogador e seu pai para escolas no Brasil a fim de oferecer suporte e fornecer ajuda de estrutura para o crescimento de longo prazo para crianças.
Além disso, o PSG está disposto a restabelecer um bom relacionamento com a família e representantes de Mbappé — desgastado nos últimos meses por conta da novela envolvendo a possível saída do craque. A diretoria também espera que a postura dos torcedores seja mais amistosa. Na última partida da equipe pelo Campeonato Francês, o atacante chegou a ser vaiado ao ter o nome anunciado no sistema de som do estádio, o que não abalou a confiança do jogador - ele marcou duas vezes sobre o Reims e garantiu vitória fora de casa para o PSG.
Com vínculo até junho de 2022, Mbappé pode assinar um pré-contrato com qualquer equipe em janeiro. O camisa 7 do PSG tem vontade de estar no centro de um projeto esportivo e sair da sombra de Neymar, algo semelhante ao que o brasileiro fez ao deixar o Barcelona, onde Messi era a estrela, para brilhar sem ser ofuscado. Curiosamente, o craque argentino foi a principal contratação do clube francês para a temporada, o que teria desagradado ainda mais ao jogador.
Por outro lado, a insistência do Real Madrid em contar com Mbappé já para a temporada 2021 - 2022 chamou a atenção do mercado pelos valores oferecidos. Mesmo com a possibilidade de contar com o atleta em junho do ano que vem sem a necessidade de gastar um centavo sequer, os espanhóis chegaram a oferecer 180 milhões de euros (R$ 1,1 bilhão na cotação atual) para tirar o craque de Paris. A negociação seria a segunda mais cara da história do futebol, ficando atrás somente dos 222 milhões de euros pagos pelo próprio PSG para contratar Neymar junto ao Barcelona, em 2018.
Meses antes de o Real Madrid ir à carga por Mbappé, o presidente Florentino Pérez disse que o clube passava por grave crise financeira, alavancada pela pandemia da covid-19. A oferta pelo atacante francês também foi tratada como bravata por alguns veículos de imprensa da Espanha, vista como uma oportunidade de mostrar poder de compra, mesmo com os cofres combalidos, e reafirmar a imagem do Madrid entre os grandes da Europa.