Criador do Football Leaks é condenado a 4 anos de prisão, mas ficará em liberdade condicional
Um tribunal de Lisboa condenou nesta segunda-feira o português por trás do site Football Leaks, Rui Pinto, a uma pena de quatro anos de prisão por tentativa de extorsão, acesso ilegal a dados e violação de correspondência, mas ele ficará em liberdade condicional, disse a juíza Margarida Alves.
O ex-estudante de história de 34 anos e gênio da informática autodidata criou o site em 2015 para compartilhar documentos confidenciais, como taxas de transferência ou acordos entre entidades esportivas.
Pinto foi preso na Hungria em janeiro de 2019, mas foi libertado mais tarde da prisão domiciliar e colocado sob proteção de testemunhas. O julgamento começou em setembro de 2020.
"O tribunal decidiu que Rui Pinto receberá uma pena única de quatro anos... mas não há necessidade de cumprir a pena na prisão", disse a juíza. "O tribunal espera que o arrependimento (demonstrado por Pinto em tribunal) seja sério e que a partir de agora se abstenha de praticar os atos aqui descritos."
Embora reconheça a divulgação de mais de 70 milhões de documentos, Pinto argumentou que era um denunciante que atuava no interesse público.
A juíza do Tribunal Central Criminal de Lisboa disse que Pinto não poderia se beneficiar de proteção jurídica como denunciante, uma vez que cometeu crimes para obter a informação antes de conhecer o seu conteúdo.
Os alvos de Pinto incluíam o clube de futebol Sporting, a Federação Portuguesa de Futebol, o fundo de investimento Doyen Sports e o escritório de advogados PLMJ.
Ele enfrentou 90 acusações, mas 77 acusações de acesso indevido e violação de correspondência foram perdoadas sob uma anistia para alguns jovens anunciada pelo governo em junho.
Os dados do Football Leaks vistos pela Reuters mostraram como algumas das figuras mais ricas e proeminentes do futebol evitaram impostos canalizando lucros para o exterior.
Os documentos forneceram algumas das evidências que levaram à proibição - já anulada - do clube inglês Manchester City de competir na Liga dos Campeões por supostas violações das regras do Fair Play Financeiro.