De Medina 'no ar' a atentado contra Trump: as 9 imagens de 2024
De momento inspirador do surfista brasileiro no Taiti ao clique icônico do presidente eleito dos EUA capturada após uma tentativa de assassinato, estas são algumas das fotografias que marcaram o ano.
A Olimpíada de Paris, eleições presidenciais americanas, desastres naturais...
O ano de 2024 foi marcado por eventos históricos, que renderam imagens icônicas.
A seguir, você confere nove dessas fotografias e as histórias por trás delas.
Importante: a ordem e os números não representam uma classificação, e são apenas uma maneira de organizar a lista.
1. Eclipse solar em Bloomington, Estados Unidos
Um avião corta um eclipse solar total sobre Bloomington, no Estado de Indiana, nos EUA, no dia 8 de abril.
Na imagem, é possível ver a silhueta da aeronave contra uma coroa cintilante.
Essa não é, claro, a primeira vez que os caminhos de um avião, a Lua, o Sol e a Terra se cruzam.
Em janeiro de 1925, um dirigível da Marinha americana, o USS Los Angeles, foi carregado com 227 kg de telescópios e sete cientistas para observar o mais próximo possível um eclipse solar muito aguardado, cujo caminho passava diretamente no céu da cidade de Nova York, tornando-o, de acordo com alguns, o eclipse mais assistido da história.
Quem observava a cena cuidadosamente por trás de seu cavalete em terra firme era o pintor americano Howard Russell Butler, que capturou o evento como o terceiro painel de um tríptico de eclipses impressionantes (1918, 1923 e 1925) que ele esperava inspirar crianças em idade escolar.
2. As refugiadas sudanesas
Um grupo de mulheres espera a sua vez de receber assistência em uma fila lotada de um centro de refugiados em Renk, no Sudão do Sul.
No início de 2024, mais de meio milhão de pessoas fugiram dos combates entre o Exército sudanês e as forças paramilitares, que levaram o país quase ao ponto de ruptura.
A fluidez alegre dos tecidos coloridos e o ritmo dos padrões ricos contrastam fortemente com a sobriedade da situação das pessoas.
A intensidade da foto lembra o ritmo e a textura das obras abstratas do célebre artista e cineasta sudanês Hussein Shariffe, cujas pinturas poéticas borraram a linha entre as cores que vemos e aquelas que sentimos.
3. Erupção de vulcão na Indonésia
O poderoso vulcão localizado no Monte Ruang, na Indonésia, entrou em erupção muitas vezes em abril.
Ele lançou lava quente e colunas de cinzas fumegantes no céu, cujas imagens se tornaram tão hipnotizantes quanto ameaçadoras.
A força assustadora da atividade vulcânica fascina os fotógrafos há centenas de anos, e gerou muitas imagens do sublime derramamento de lava, pedras incandescentes e minério derretido.
4. Atentato contra Donald Trump
Algumas fotos coreografam a si mesmas, prescientes de sua própria e duradoura iconicidade.
O hasteamento da bandeira dos EUA sobre Iwo Jima, por exemplo, ou o levantar dos punhos na saudação Black Power por atletas americanos durante a cerimônia de medalhas na Olimpíada de Verão de 1968 na Cidade do México, vêm à mente.
Ao ecoar elementos desses dois momentos históricos, 2024 ficou marcado pelas fotos de um desafiador Donald Trump de punhos cerrados, que levanta-se com o rosto salpicado de sangue.
Ele havia acabado de sofrer um atentato, em que uma bala perfurou sua orelha direita durante um comício de campanha presidencial.
As imagens fizeram muitos se perguntarem se este foi o momento em que Trump venceu as eleições.
5. Campo de refugiados palestinos, sul de Gaza
Duas meninas palestinas se preparam para o Ramadã e acendem lanternas que iluminam tendas lotadas de refugiados no sul de Gaza.
A luz suave das lanternas contrasta fortemente com o crepúsculo assustador de um pôr do sol incerto, que pisca à distância.
Cerca de 90% dos habitantes de Gaza — aproximadamente dois milhões de pessoas — foram deslocados pela ação militar das Forças Armadas de Israel durante a guerra que se seguiu aos ataques do Hamas em 7 de outubro do ano anterior.
6. Medina 'no ar' durante eliminatórias do surfe na Olimpíada
A imagem inspiradora do surfista brasileiro Gabriel Medina depois de pegar uma onda enorme na Polinésia Francesa durante a terceira rodada das eliminatórias masculinas de surfe em 29 de julho se tornou viral instantaneamente.
A "levitação" aparentemente sem esforço de Medina lembra inúmeras representações religiosas de ascensão mística na arte ocidental, de Giotto a Rembrandt, de Il Garofalo a Salvador Dalí.
O que sela a surpreendente sincronicidade da elevação atlética com a ascensão espiritual é o braço direito erguido de Medina e o impulso frio de seu dedo indicador — que apontam, precisamente para onde seu corpo e alma parecem se dirigir.
7. Inundações em Valência, Espanha
A cidade de Valência, na Espanha, foi arrasada por tempestades e inundações sem precedentes.
Diversas imagens mostram o nível de destruição, com montanhas de carros, barro e lixo empilhados pelas ruas.
Um fenômeno meteorológico conhecido como Dana (sigla para Depressão isolada em níveis elevados, em tradução livre), ou "gota fria", atingiu Valência e desencadeou chuvas torrenciais.
Em apenas oito horas, 500 mm de água caíram e devastaram a região.
8. Billie Eilish em Nova York, EUA
Em uma festa para marcar o lançamento de seu álbum Hit Me Hard and Soft na cidade de Nova York em maio, a cantora e compositora norte-americana Billie Eilish parece se dissolver em um sonho de luz suspensa pela fumaça enquanto seu corpo é ao mesmo tempo amplificado e vaporizado em uma silhueta pesada, embora intangível.
A dissolução do "eu" numa névoa resplandecente traz à mente as visões evaporativas do pintor britânico JMW Turner, cuja complexa pintura Luz e Cor (Teoria de Goethe) - a Manhã após o Dilúvio, de 1843, representa um momento aparentemente insondável de iluminação sublime que prepara o cenário para cada sombra cintilante da existência que se segue.
9. Estátua derrubada na Síria
Em um gesto de profundo desdém, um círculo de pessoas coloca os pés na cabeça de uma estátua derrubada do ex-presidente Hafez al-Assad, em 9 de dezembro, na Síria.
Após o colapso do regime sírio e a fuga da família Assad do país, cidadãos foram vistos derrubando inúmeras efigies do pai do presidente deposto Bashar al-Assad em cidades por todo o país.
Há, é claro, uma espécie de catarse comunitária compartilhada em estátuas de governantes rejeitados que foram removidas de seus pedestais.
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site da BBC Culture.