"Diz amém que o ouro vem. E ele veio!", comemora Ítalo
Emocionado, brasileiro festeja após fazer história como primeiro campeão olímpico do surfe e exalta fé que teve desde a sua chegada a Tóquio
Pouco depois de derrotar o japonês Kanoa Igarashi com a larga vantagem de 15,14 a 6,6 na final do surfe dos Jogos de Tóquio, Ítalo Ferreira se emocionou muito ao comemorar o feito histórico de ter se tornado o primeiro campeão olímpico da história desta modalidade. Foi a consagração máxima para o brasileiro de 27 anos, que em 2019 já havia conquistado o título mundial da WSL, a divisão de elite deste esporte.
Pouco depois de deixar a água, com lágrimas no rosto e sendo carregado nos ombros pelos membros da equipe brasileira, Ítalo logo de cara fez questão de exaltar a sua crença de quem sempre acreditou que poderia chegar aos seus objetivos na carreira e ao topo do pódio no Japão. "Fé! Fé, acredite, meu irmão!", falou enquanto olhava para a câmera.
Pouco depois, o surfista que nasceu em Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, destacou: "Eu vim com uma frase para o Japão: 'Diz amém que o ouro vem'. E ele veio! Eu treinei muito nos últimos meses e realizei o meu sonho. Agradeço a Deus em primeiro lugar, de poder fazer o que eu amo, de poder ajudar as pessoas, de poder ajudar a minha família. Eu consegui o que eu quis, graças a Deus", completou o surfista, em entrevista para a TV Globo.
Na sequência, antes de ouvir a próxima pergunta do repórter, Ítalo começou a chorar copiosamente ao lembrar de uma pessoa querida da sua família, que morreu em 2019 e com a qual ele tinha uma relação muito próxima: a sua avó, com quem o atleta também chegou a morar em certo período de sua vida.
"Eu queria que a minha avó estivesse viva para ver isso, para ver o que o meu tornei, para ver o que eu me tornei para meus pais e para aqueles que estão ao meu redor... Está do lado da minha cama essa frase (Diz amém que o ouro vem), e todo dia eu orei às 3h da manhã, e eu pedi a Deus por isso", ressaltou. "Eu não queria nem pegar a medalha agora, eu queria poder primeiro dar um abraço em cada um de vocês (pessoas mais próximas dele em Baía Formosa)", reforçou.
Skate é lembrado por campeão
O campeão olímpico também fez questão de lembrar da importância das medalhas de prata conquistadas nesta Olimpíada pelos brasileiros do skate, que assim como o surfe, está estrando no programa olímpico em Tóquio. Ele fez menção a esta modalidade ao ser lembrado pelo repórter de que o surfe, até bem pouco tempo atrás, não contava com o reconhecimento que possui hoje como esporte e era tratado de forma "marginalizada".
"Isso serve não só para o surfe, mas também para o skate, que também fez história... Estão todos de parabéns, colocaram o seu nome lá na história. Quer queiram ou não queiram, o nome deles (medalhistas Rayssa Leal e Kelvin Hoefler) vai estar na história", enfatizou.
Em 2019, quando se sagrou campeão do mundo, Ítalo derrotou justamente o compatriota Gabriel Medina na final em Pipeline, no Havaí, tornando-se então o terceiro brasileiro a vencer o Campeonato Mundial. Medina, com dois troféus, obtidos em 2014 e 2018, é um destes campeões - o outro é Adriano de Souza, o Mineirinho, que conquistou este título em 2015.
Agora, no Japão, Ítalo voltou a fazer história como campeão olímpico. Medina, eliminado nas semifinais e depois derrotado na disputa do terceiro lugar em duelos bastante equilibrados com seus rivais, acabou vendo a medalha escapar por pouco nestes Jogos de Tóquio. No fim, porém, a vitória de seu compatriota sobre Kanoa Igarashi, algoz de Medina nas semifinais, acabou servindo para lavar a alma do surfe brasileiro, novamente no topo do mundo graças ao histórico ouro olímpico conquistado nesta terça-feira.