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Esportes Aquáticos

Além de poluição, correnteza é desafio para provas no Sena durante os Jogos Olímpicos em Paris

Prefeita de Paris mergulha no Sena para mostrar que rio está limpo para receber Jogos Olímpicos. Atletas, porém, apontam outro empecilho

17 jul 2024 - 06h26
(atualizado às 07h37)
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Atletas durante triatlo no Sena em agosto de 2023
Atletas durante triatlo no Sena em agosto de 2023
Foto: Aurelien Meunier/Getty Images

Provas de natação de longa distância no pitoresco Sena com vista para a Torre Eiffel. Em teoria, o ambiente parece ideal. Mas, para muitos atletas, é um pesadelo de planejamento.

"É desesperador para os atletas e para os técnicos que têm de preparar tudo", disse o técnico da seleção alemã de natação, Bernd Berkhahn, semanas antes do início dos Jogos Olímpicos de Paris, que começam em 26 de julho e vão até 11 de agosto. O maior obstáculo no momento: a velocidade ainda muito alta da correnteza do rio.

"Não é um problema nadar com a correnteza, o problema é o caminho de volta", explica Florian Wellbrock, medalhista de ouro da maratona aquática nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2021, à DW. "Nas condições atuais, é impossível realizar uma competição no Sena."

O percurso planejado para a maratona aquática vai da Ponte Alexandre 3° até a Ponte de l'Alma. A distância entre as duas pontes no centro de Paris, entre as quais será nadado percursos de ida e volta, é de cerca de um quilômetro.

A única competição olímpica em águas abertas ou maratona aquática cobre a distância de 10 quilômetros para homens e mulheres. Se ela realmente ocorrer no Sena, metade da distância, ou seja, cinco quilômetros, terá de ser percorrida contra a correnteza. Com base nos tempos vencedores de Tóquio - 1h48 para os homens e 1h59 para as mulheres - os atletas nadam contra a correnteza por cerca de 50 a 60 minutos.

O rio está fluindo atualmente a uma velocidade de 1,2 metro por segundo. Em média, um nadador de águas abertas se move cerca de 1,6 metro por segundo, sem uma contracorrente. Na velocidade atual da água, eles só conseguiriam se mover 40 centímetros por segundo contra a corrente. No caso de nadadores de longa distância, seriam, em uma velocidade média "normal" de 1,4 metro por segundo, apenas 20 centímetros.

Em águas mais calmas, as condições são melhores do que em rio
Em águas mais calmas, as condições são melhores do que em rio
Foto: picture alliance/dpa

Prefeita nada no Sena

Durante muito tempo, a má qualidade da água do Sena também foi um grande problema. No verão europeu de 2023, o ensaio geral da prova de natação em águas abertas teve que ser cancelado. Na época, foi detectada a presença de grandes quantidades de coliformes fecais no rio parisiense. No entanto, há esperança nesse ponto.

Um porta-voz da cidade de Paris disse, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos, que o Sena já estará limpo o suficiente

para sediar competições de natação em "onze ou dez" dias. Nesta quarta-feira (17/07), a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e o presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos, Tony Estanguet, nadaram no Sena, num ato simbólico para mostrar que o rio está limpo o suficiente para a competição.

"A água é muito, muito boa. Um pouco fria, mas não tão ruim", disse Hidalgo ao sair do Sena.

Prefeita de Paris, Anne Hidalgo, nadou no Sena para mostrar limpeza do rio
Prefeita de Paris, Anne Hidalgo, nadou no Sena para mostrar limpeza do rio
Foto: Michel Euler/AP Photo/picture alliance

As autoridades francesas investiram cerca de 1,4 bilhão de euros em novas estações de tratamento de águas residuais e sistemas de esgoto. Se a qualidade da água não for boa o suficiente nas datas das competições, as provas poderão ser adiadas por alguns dias.

Curso de remo como alternativa

"Originalmente, os nadadores foram informados de que não havia um local alternativo ao Sena", disse o técnico alemão Bernd Berkhahn. Mas, aparentemente, agora há: o trajeto onde será realizada a regata de remo em Vaires-sur-Marne, a cerca de 20 quilômetros de Paris. "A comunicação foi como uma montanha-russa com muitos altos e baixos", disse o astro da natação Florian Wellbrock. Ele está satisfeito com o fato de haver uma alternativa ao Sena e de a competição poder ser realizada de qualquer forma.

No entanto, Berkhahn ressalta que uma prova de natação no rio e um percurso de regata são duas "coisas completamente diferentes". A temperatura da água é diferente, assim como o vento e os limites. "Para os atletas, é terrível não saber o que está por vir e como se preparar mentalmente para a corrida."

Florian Wellbrock, medalhista de ouro na maratona aquática em Tóquio, acredita que preparo será fundamental no Sena
Florian Wellbrock, medalhista de ouro na maratona aquática em Tóquio, acredita que preparo será fundamental no Sena
Foto: Leonhard Foeger/REUTERS

Se pudesse escolher, o alemão Oliver Klemet preferiria o percurso de remo ao rio Sena. "Se mudarmos o local da prova, será mais fácil para nós", disse o nadador de águas abertas de 22 anos à DW. "Nadar em um rio é muito mais difícil do que no mar", compara, se referindo ao ambiente onde são realizadas muitas provas de longa distância.

"A mais difícil de todos os tempos"

De acordo com o campeão olímpico Wellbrock, não importa onde ele pulará na água. Mas uma coisa é certa, segundo o nadador de 26 anos: "Esta prova será a maratona aquática mais difícil de todos os tempos. Vai depender muito do preparo."

E foi uma preparação diferente. Devido às condições esperadas em Paris, Berkhahn treinou os atletas para nadar contra a corrente. "Força e resistência são o foco do treinamento. Por isso, vamos nadar mais com os braços."

Para simular a contracorrente, os atletas usaram os chamados "calções de freio". Trata-se de um calção com uma superfície semelhante a uma rede, que é vestido sobre a sunga, aumentando assim a resistência na água. Como alternativa, os nadadores puxaram um paraquedas pela água.

As próximas semanas mostrarão se esse tipo de preparação foi realmente necessário. Afinal de contas, se a chuva diminuir, o Sena fluirá mais lentamente. Portanto, os deuses do clima provavelmente darão a última palavra.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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