Diretor minimiza suspensão do Ladetec, mas admite: "são muitas razões"
Vice-diretor da Agência Mundial Antidoping, David Howman minimizou nesta segunda-feira, em evento no Parc Jean-Drapeau, em Montreal, a suspensão que a entidade impôs ao Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico, o Ladetec, até então o único credenciado a fazer exames antidoping no País. O dirigente aguarda um relatório sobre o caso, mas adiantou que são muitas as razões da decisão.
“Os motivos da suspensão vão sair em um relatório em alguns dias, nas próximas duas semanas. São Muitas razões. Nosso comitê executivo vai fazer as avaliações necessárias e então, depois disso, daremos os motivos”, afirmou Howman, após evento que reuniu o presidente do Comitê Paralímpico Internacional, Phillip Craven, e atletas paralímpicos contra o doping no esporte.
A suspensão do Ladetec foi anunciada pelo Wada na última sexta-feira, com possibilidade de apelação nos 21 dias seguintes à decisão. A Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, órgão criado em dezembro de 2012, já agiu na tentativa de corrigir os erros. Com a preparação para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, o governo passou a investir pesado no laboratório: em 2011 e 2012 foram aplicados R$ 18 milhões, incluindo a construção de uma nova sede.
Os problemas do Ladetec, no entanto, não se resumem a questões técnicas. Em 31 de julho, o Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou que há indícios de sobrepreço nas obras: uma análise constatou inadequação do orçamento e contrato. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da qual o laboratório faz parte do Instituto de Química, foi notificada. O Ladetec já havia sido suspenso parcialmente pela Wada em janeiro de 2012.
“O que fizemos foi dizer: isso não está sendo feito do jeito que deveria ser. (O Ladetec) não é o primeiro do mundo a receber uma suspensão. Um na Tunísia e um na Malásia, todos passaram por esse processo. Alguns conseguiram de volta a permissão. É isso que vamos incentivar que aconteça no Brasil”, apontou David Howman.
A Fifa já anunciou que considera utilizar laboratórios fora do Brasil para realizar os testes para a Copa do Mundo de 2014. Na Copa das Confederações, os exames foram divididos entre o Ladetec, que analisou amostras de urina, e o Lad, de Lausanne, na Suíça, que ficou com as amostras de sangue. Para 2016, o objetivo anunciado pelo Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem é quebrar recorde de amostras com 6 mil exames realizados. “Temos tempo para reverter essa situação”, disse Howman, sem polemizar a suspensão.
O reporter viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro