Esportes eletrônicos diversificam parceiros e devem gerar receita de R$ 6,2 bilhões até o fim do ano
Com patrocínios de campeonatos e equipes nacionais, eSports atraem até marcas e empresas não-endêmicas
O crescimento do mercado de esportes eletrônicos gerou oportunidades para que novas empresas, incluindo as de menor conexão com o cenário, invistam e apostem na modalidade. De acordo com relatório da empresa Newzoo, os eSports devem gerar cerca de R$ 6,2 bilhões em receitas até o fim de 2022, com os patrocínios representando a maior parcela: 64,5%, na casa dos R$ 4 bilhões.
Com ativações em competições nacionais, internacionais e em equipes da modalidade, marcas e empresas não-endêmicas, que não fazem parte da cadeia dos esportes eletrônicos, estão cada vez mais presentes no mercado. Entre os principais nomes globais, estão a Coca-Cola e a BMW, com patrocínios no uniforme da brasileira paiN Gaming, e a Red Bull, com investimentos em campeonatos de DotA 2, StarCraft 2, além de estar na camisa da Furia Esports, principal organização brasileira de eSports.
Recentemente, a própria Furia, que conta com times de CS:GO, Rainbow Six Siege e outras modalidades, fechou uma parceria de R$ 15 milhões com a FTX, corretora de criptoativos. A alta nos valores dos investimentos corrobora com o aumento da audiência global de eSports, que deve manter o ritmo de expansão anual de 8,7%, chegando a 532 milhões de pessoas, segundo a Newzoo.
Apesar da contínua entrada de marcas não-endêmicas no cenário, empresas que naturalmente são parte do ambiente dos esportes eletrônicos também protagonizam parcerias relevantes. Um dos exemplos é o Circuito Feminino de Rainbow Six Siege 2022, organizado pela Ubisoft, que anunciou a renovação do patrocínio da Lenovo para fomento do cenário feminino no Brasil. A competição conta com cinco etapas no ano e vai distribuir R$ 300 mil em premiação.
"A Ubisoft busca se conectar com marcas e empresas inovadoras e que mantenham relações com o ecossistema dos esportes eletrônicos. Assim como vimos a oportunidade da Lenovo em fomentar o cenário feminino de Rainbow Six Siege, procuramos estabelecer parcerias que contribuam para o desenvolvimento de todas as frentes nos esports. Com um ambiente competitivo cada vez mais atrativo, novas marcas procuram espaço para colaborar nos jogos eletrônicos", afirmou Anelise Soares, Gerente de Brand Partnerships da Ubisoft para a América Latina.
BANCOS TRADICIONAIS
O patrocínio a camisas de organizações de eSports foi uma das alternativas encontradas para grandes instituições financeiras se juntarem às equipes no cenário. No ano passado, a Furia oficializou patrocínio com o Santander, seguida meses depois pelo MIBR, que anunciou uma parceria com o Itaú para os times masculinos de CS:GO e Rainbow Six Siege. Em março deste ano, a W7M Esports, que possui equipes masculina e feminina no R6, fechou patrocínio máster com o Banco do Brasil, aumentando o número de bancos que investem nos eSports.
Além de incentivarem o desenvolvimento dos esportes eletrônicos no País, bancos tradicionais apostam em uma reaproximação com o público jovem por meio do setor. Segundo pesquisa do Ipec, 51% dos brasileiros entre 16 e 24 anos utilizam mais os bancos digitais do que os tradicionais. O Itaú, por exemplo, não parou nos patrocínios e criou em março o Player's Bank, conta digital voltada ao público gamer.
"A profissionalização do mercado de games impulsionou o número de usuários e de competições nos últimos anos. Como resultado dessa maior exposição, há cada vez mais espaços na mídia e mais patrocínios de atletas e campeonatos. Naturalmente, grandes marcas e empresas já estão de olho nesse mercado, caracterizado pela alta capacidade de investimento. Até mesmo os bancos investem no universo dos esportes eletrônicos para atrair consumidores desse setor - um público engajado e jovem, que é difícil de ser fidelizado", disse Bruna Allemann, economista e educadora financeira da fintech Acordo Certo.
Com ao menos três bancos patrocinando organizações de eSports que possuem times de Rainbow Six Siege, o cenário brasileiro deste game se consolidou como uma potência internacional. Nas duas últimas edições do Six Invitational, principal competição de R6, o país contou com o título da Ninjas in Pyjamas, em 2021 - em uma final nacional contra Team Liquid - e com duas equipes entre as quatro melhores em 2022: FaZe Clan, em terceiro, e MIBR, no quarto lugar.
Outras modalidades também atraem olhares para grandes marcas. A Intel, desde 2006, patrocina a Intel Extreme Master, um dos principais torneios de CS:GO no mundo. A FTX e a Coca-Cola, que apoiam equipes brasileiras nos esportes eletrônicos, fecharam parceria com a Riot Games para o competitivo de League of Legends e Wild Rift, respectivamente. Já no Rocket League, a Mobil 1, empresa de óleo sintético para motores, apoia a Rocket League Championship Series, principal campeonato da modalidade.
De acordo com Armênio Neto, especialista em negócios do esporte, as marcas não-endêmicas, inclusive os bancos, encontram espaço para novos consumidores nos eSports. "Os esportes eletrônicos mostram, diariamente, a potência do universo gamer para milhões de pessoas. As grandes marcas não podem ficar de fora, mas o desafio é ser autêntico e verdadeiro com o público. No caso dos bancos, eles sabem que a camisa é o símbolo máximo de uma equipe competitiva e buscam essa conexão apoiando os times e impactando milhões de potenciais clientes."