Script = https://s1.trrsf.com/update-1734029710/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Filho de famosos, João Victor faz seu próprio nome no adestramento

Filho de Hortência e José Victor Oliva, cavaleiro obtém bons resultados e chega em alta no Pan

22 jul 2019 - 04h42
(atualizado às 11h06)
Compartilhar
Exibir comentários

No começo da carreira no hipismo adestramento, em 2008, o cavaleiro João Victor Marcari Oliva tinha sua imagem sempre associada aos pais famosos: o empresário José Victor Oliva e a ex-atleta Hortência, uma das maiores jogadoras de basquete do mundo. As conquistas recentes fizeram com que se firmasse em uma "carreira solo". Na Alemanha, onde mora há quatro anos, ele é "só" o João Victor.

Hoje, ele é o principal nome do adestramento no Brasil, modalidade clássica do hipismo. "Adestramento é o conjunto de movimentos que você tem de apresentar para o juiz. Quanto mais bem executados os movimentos, maior é sua a pontuação", diz o próprio cavaleiro.

O último grande resultado de João Victor foi a classificação para os Jogos Pan-Americanos de Lima. Com o cavalo Biso das Lezírias, ele foi campeão e vice nas duas seletivas com notas altas, acima de 70%. No Pan, ele busca a partir do dia 27, data de sua estreia, sua segunda medalha na carreira - foi bronze em Toronto 2015. Na Olimpíada do Rio, João Victor foi o melhor atleta da equipe brasileira.

Subir ao pódio em Lima significa garantir uma vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. "Estamos indo com um time forte. Qualquer medalha que a gente conquistar leva o Brasil para a Olimpíada. Nosso foco é esse", explica. O time Brasil de Adestramento é formado por João Paulo dos Santos/Carthago Comando SN; João Victor Marcari Oliva/Biso das Lezirias; Leandro Aparecido da Silva /Dicaprio; Mauro Pereira da Silva Júnior/Don Enrico AMM e Pedro Manuel Tavares de Almeida/Aoleo.

O cavaleiro de 23 anos é objetivo e direto. Usa frases sem gordura. Ele é amante das coisas do campo, música sertaneja, fazenda, terra e mato. Até seu jeito de falar vem da fazenda com o sotaque do interior paulista.

Ele começou a montar aos três anos no rancho dos pais, em Araçoiaba da Serra, município da região conhecida como "cinturão do cavalo", a 130 quilômetros de São Paulo. Aos 12 anos, estreou nas pistas inspirado por Rogério Silva Clementino, funcionário do rancho e primeiro negro a integrar uma equipe olímpica da modalidade no País. A paixão pelos cavalos veio do pai; a disciplina de atleta nasceu da rainha do basquete. O talento é dele mesmo.

O Estado encontrou João Victor na Hípica Paulista, seu segundo lar. "Ele passa o dia inteiro aqui", conta a mãe Hortência, nome certo em todas as competições do filho.

Um dos fatores para a evolução do cavaleiro foi a mudança para a Alemanha, país referência no hipismo. Ele voltou ao Brasil só para disputar as seletivas para o Pan. "Eu sou tranquilo com esse negócio de saudade. Falo um pouco no telefone e já era. Eu já me acostumei", diz a mãe. "É difícil, mas a gente cria os filhos para o mundo. O João já voou", conta Hortência.

A maior pontuadora da história da seleção brasileira feminina de basquete ficou feliz quando o filho optou por uma modalidade bem distante do basquete. "Os filhos seguem os pais. Seguiu o pai. Ainda bem. Seria muito difícil para o João Victor conviver ao lado de uma pessoa que conquistou um nome e muitos títulos. A cobrança seria muito grande. Eu acho cruel isso. No adestramento, não", entende a "rainha".

Hortência conta que viveu um drama para conciliar a gravidez e sua carreira. "O João nasceu em fevereiro e a Olimpíada de 1996 era em julho. Passei um mês sem treinar e um mês de musculação. Sobraram três para entrar em forma e atuar. Eu pensei 'vamos lá'. Foi dolorido, física e emocionalmente. O João não podia entrar na Vila Olímpica. Foi difícil ficar longe dele. Quando tive de entregar o João, chorei muito, mas faz parte", diz a comentarista da Rede Globo.

Mas a modalidade esportiva luta para crescer no Brasil. Volta e meia ele precisa explicar como é o adestramento. "É um esporte caro, né? Você precisa manter um cavalo, que não é um animal barato. Temos poucos lugares para treinar esse esporte. Falta aparecer. Também é um esporte que não é muito fácil de entender. Mas ele fica legal quando você começa a assistir e a entender suas regras."

Aos 23 anos, João Victor vem obtendo destaque em uma modalidade quase sempre dominada por cavaleiro veterano. "Quanto mais velho você é, mais experiência você tem e mais cavalos você montou. Eu sou novo, já fiz várias competições internacionais. Já me considero experiente, apesar de ser novo. Tenho muito o que aprender com treinadores e cavalos. Tem de ter cabeça aberta. Isso é o mais importante em qualquer atleta", afirma o atleta.

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Seu Terra












Publicidade