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Caso Pedro: Flamengo demite preparador físico Pablo, mantém Sampaoli e pune jogador

Membro da comissão técnica é desligado neste domingo após série de reuniões da diretoria para tentar contornar a situação; técnico comanda treino nesta segunda ao lado do filho do agressor ao atleta

30 jul 2023 - 20h32
(atualizado em 31/7/2023 às 12h07)
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O Flamengo concretizou na noite deste domingo a demissão do preparador físico Pablo Fernandez. O membro da comissão técnica do argentino Jorge Sampaoli deu um soco no rosto do atacante Pedro após a partida com o Atlético-MG, sábado, em Belo Horizonte, pelo Brasileirão. Pedro se recusou a participar de um aquecimento. O caso foi parar na delegacia. A diretoria do clube convocou uma série de reuniões de emergência para tentar contornar a situação ao longo do dia. Pablo, que também é argentino, é amigo e braço-direito do comandante rubro-negro.

Segundo a ESPN, Sampaoli e Marcos Fernandez, filho do preparador, permanecem no Flamengo e comandam treinamento normal nesta segunda-feira. A diretoria ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso.

A agressão ocorreu no vestiário, após Pedro, que não saiu do banco de reservas na vitória por 2 a 1 diante do Atlético-MG, se recusar a continuar o aquecimento depois que os atacantes Everton Cebolinha e Luiz Araújo foram escolhidos para entrar na partida. Pablo Fernandez não gostou da insubordinação de Pedro e reclamou com o atleta, que retrucou. O preparador físico, então, deu um soco na boca do jogador. A agressão ocorreu enquanto o centroavante, que não revidou, estava falando ao celular com a família no vestiário. Pedro será punido pela insubordinação em campo, sendo provavelmente multado. Ele deve pedir para deixar o clube.

Após o ocorrido, Pedro foi até uma delegacia de Belo Horizonte para registrar Boletim de Ocorrência (B.O.). Ele foi acompanhado dos jogadores Everton Cebolinha, Thiago Maia e Pablo e do coordenador Gabridel Andreata, que confirmaram a agressão. Pablo foi até o local acompanhado pelo dirigente Marcos Braz, a pedido do cartola, e foi liberado após prestar depoimento. Pedro também realizou um exame no Instituto Médico Legal (IML) para averiguar a lesão. Minutos após o episódio, o jogador se manifestou sobre o caso nas redes sociais.

"Poderia estar aqui falando dos escassos minutos recebidos nos últimos jogos, mas o que aconteceu hoje foi mais grave do que pode acontecer dentro das quatro linhas. Covardemente, sem motivo e inexplicavelmente, fui agredido, com um soco no rosto, por Pablo Fernandez, membro da comissão técnica do Sampaoli", escreveu Pedro. "A covardia física se sobrepôs diante da covardia psicológica que tenho sofrido nas últimas semanas. Alguém que se acha no direito de agredir o outro não merece respeito de ninguém. Já passei por muitas provações aqui no Flamengo, mas nada se compara com a covardia sofrida hoje. Pai e mãe, obrigado pela educação que me deram." Veja reportagem.

Desculpas de Pablo e manifestação de Sampaoli

Um dia depois da agressão e de volta ao Rio escoltado por seguranças do clube, Pablo Fernandez tentou se explicar por meio de nota oficial. "Eu poderia começar essas palavras de mil maneiras, mas a única que realmente faz sentido é pedir desculpas. Ao Pedro, aos colegas, aos trabalhadores e ao Flamengo", escreveu o preparador físico. No texto, Pablo Fernandez admite ter entrado no vestiário "chateado". Conforme o Estadão apurou, Pablo Fernandez começou a confusão apontando o dedo no rosto de Pedro e alegando que o jogador "faltou com respeito" a ele ao não querer fazer um aquecimento.

"Entrei no vestiário muito chateado, querendo resolver logo a situação e fiz errado. Foi planejado que hoje seria um dia de folga. É uma pena, porque gostaria de poder, primeiro, falar sobre isso pessoalmente com todos os funcionários do clube. Senti-me muito magoado com uma situação e reagi da pior forma", escreveu.

Minutos antes da manifestação de Pablo, o técnico Jorge Sampaoli publicou um longo texto nas redes sociais comentando o caso. O treinador lamentou o episódio, condenando a atitude violenta do preparador, e disse que não conseguiu dormir pensando em como ajudar Pedro e Pablo. Mas não tomou partido nem comentou sobre a demissão do preparador. Na coletiva de imprensa de Sampaoli após a vitória do Flamengo em Minas, o assunto foi sumariamente ignorado. Segundo o site "Coluna do Fla", a falta de um posicionamento público do treinador argentino aliado a uma fraca justificativa de Sampaoli para os atletas dentro do vestiário causou um enorme mal-estar com os jogadores.

Pablo Fernandez tem histórico de agressões. O preparador físico se envolveu em um caso de violência contra um torcedor quando integrava a equipe de Sampaoli no Olympique de Marselha, da França, em 2021. Ele também esteve com Sampaoli no Atlético-MG, Santos e Sevilla, além de ter passagens por Athletic Bilbao e Celta de Vigo, da Espanha, e O'Higgins, do Chile. Em todos os clubes, Pablo Fernandez atuou como preparador físico. No Flamengo, ele dividia a função com o filho, Marcos Fernandez, que continua na Gávea. A dupla tem a confiança do técnico Sampaoli e chegou ao clube em abril deste ano junto com treinador.

Apoio de ex-rubro-negros

Os jogadores Arturo Vidal e Marinho, que recentemente deixaram o Flamengo por problemas com o técnico Jorge Sampaoli, manifestaram apoio ao atacante Pedro. Marinho teve problemas com a comissão técnica, incluindo Fernandez, na reta final de sua passagem na Gávea. O jogador chegou a ser preterido, inclusive, para o banco de reservas, sendo colocado para trabalhar separadamente. Ele fez um forte comentário na postagem de Pedro na redes. "Estamos contigo, irmão. Cadeia e fora por justa causa nesse covarde", afirmou o jogador.

Vidal foi mais sucinto. "Estamos juntos, hermano", escreveu o volante. Atualmente no Athletico-PR, o veterano saiu do Flamengo brigado com Sampaoli, com quem já havia trabalhado na seleção chilena e conquistado dois títulos de Copa América. Em sua primeira partida após deixar o clube carioca, o atleta não poupou críticas ao seu ex-técnico. "Me sinto muito feliz de jogar. Sempre estive preparado. Somente tive um treinador, um perdedor que não sabe apreciar os jogadores. Mas ficou para trás", afirmou Vidal após partida contra o Coritiba, em entrevista à TNT Sports, pelo Brasileirão.

Reserva incômoda

Em seu texto, Pedro também reclamou da falta de minutagem sob o comando de Sampaoli. Desde a estreia do treinador, em 19 de abril, o centroavante passou a ganhar menos oportunidades, especialmente após a recuperação de Bruno Henrique. Dos 23 jogos de Sampaoli no Flamengo, Pedro participou de 20, sendo substituído em oito vezes e saindo do banco em outras cinco oportunidades. Em três partidas, incluindo o duelo com o Atlético-MG, o jogador não foi utilizado pelo treinador. Pedro jogou os 90 minutos em sete partidas, marcou 11 gols e deu uma assistência.

Leia a na íntegra a nota da Polícia Civil sobre o caso

Sobre a ocorrência de lesão corporal registrada nesta madrugada (30/7), ocorrida em um estádio de futebol, na capital, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa os envolvidos foram encaminhados e ouvidos por meio da Central Estadual do Plantão Digital. A vítima, de 26 anos, foi encaminhada ao Instituto Médico-Legal André Roquete (IMLAR) para realizar o exame de corpo de delito, onde foram constatadas lesões leves no rosto e na boca. Após as procedimentos de polícia judiciária, foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), em que o envolvido, de 54 anos, assumiu o compromisso de comparecer à audiência perante o Juizado Especial Criminal para as medidas legais cabíveis, conforme previsão legal, foi liberado.

Estadão
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