Deu Flamengo na estréia do titeísmo
O Flamengo, na estréia do titeísmo, não fez uma grande partida, insuficiente para deixar o torcedor empolgado, mas venceu o Cruzeiro por 2 a 0, em Belo Horizonte, o bastante para aliviar pressões e a nefasta visão de figuras nervosas e estranhas caminhando à beira do campo. Não seria exagero afirmar que o time carioca ganhou graças à superioridade individual de seus atletas e ao fim dos personagens tenebrosos que provocaram a terra arrasada.
Vale lembrar, no entanto, o que é absolutamente intolerável, que o Flamengo perdeu os oito títulos que disputou em 2023 - Taça Guanabara, Estadual, Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana, Mundial, Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil. Não dá para esquecer o retumbante fracasso da temporada.
Sim, há tempos de estilo no futebol carioca. Há duas vertentes do ramonismo, a mineira e a argentina, ambos no Vasco, o dinizismo, no Fluminense. E o titeísmo, no Flamengo, após sete anos distantes do cotidiano dos clubes. Tite é uma espécie de empréstimo bancário. Resolve problemas urgentes, mas se a empresa, como nas gestões anteriores, continuar sendo mal administrada, acaba indo à falência. Foi assim, em sete anos de Seleção Brasileira e dois Mundiais perdidos.
Mas, cá entre nós, o que houve de pior, na noite de hoje, foi a TV insistir em focalizar Ronaldo - ao fundo mal-agradecido Elias - de cinco em cinco minutos. Como se fosse, o Fenômeno, uma, digamos, Miss Valladolid.
Flamengo define o jogo no primeiro tempo
O Cruzeiro começou pressionando, e o visitante, cometendo faltas infantis, não conseguia superar a intermediária. Fase de ajustes, diriam alguns. Os gênios Vitor Pereira - que é Vitor Pereira? - e Jorge Sampaoli permaneceram 60 jogos, ou nove meses, tempo de gestação de um bebê, nesta etapa. Não nasceu criança alguma. E ainda deixaram dívidas formidáveis.
O Flamengo ameaçou pela primeira vez aos 28 minutos, quando Ayrton Lucas invadiu a área e exagerou na finalização da jogada. O time local, eventualmente afobado, apesar do domínio, errava a saída de bola, oferecendo contra-ataques, que eram desperdiçados.
Com meia hora, a equipe estrelada diminuiu o ritmo, e passou a dar espaços em excesso, e o Rubro-Negro aproveitou com rapidez, marcando dois gols em cinco minutos. Aos 39, Ayrton Lucas, agora com tranqüilidade, limpou a visão e colocou sem chance para Rafael Cabral: 1 a 0. Aos 43, Néris empurrou Wesley, e Pedro cobrou o pênalti sem problemas: 2 a 0. Veio a dúvida: recuará o time carioca, no segundo tempo, como fez equivocadamente diante do Corinthians, para segurar o resultado?
A etapa final
O Cruzeiro, contrariando qualquer previsão, fez uma única troca no intervalo, lançando Wesley Ribeiro, visando ampliar o poder ofensivo. O time jogou razoavelmente por meia hora, mas caiu de produção, e levou dois gols, e necessitava de mais mudanças, tanto que não conseguiu esboçar reação. E o Flamengo, sem muita ambição, controlava o jogo.
Na metade da etapa final, Zé Ricardo enfim buscou soluções, empurrando o adversário, que parecia descansado demais, o que deixou o placar aberto, de tal forma que Tite pôs Arrascaeta, Gabriel e Éverton Cebolinha, os três juntos, restando dez minutos. O ânimo do Cruzeiro arrefeceu um pouco, e o resultado do primeiro tempo, lógico até o fim, prevaleceu.
Por Roberto Assaf
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