Fla, Flu e Vasco se reúnem para discutir mudanças no Carioca

Uma reunião entre dirigentes de Flamengo, Fluminense e Vasco terminou no início da noite desta segunda-feira. Em pauta estavam as eleições da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) que acontecem nesta terça-feira, às 12h30, na sede da entidade no bairro do Maracanã, zona norte do Rio de Janeiro. O pleito terá apenas uma chapa concorrendo, a do atual mandatário Rubens Lopes, que está no cargo desde 2006, e portanto será reeleito para o triênio 2015-2018.

O encontro contou com os presidentes Eduardo Bandeira de Mello (Flamengo), Peter Siemsen (Fluminense) e Roberto Dinamite (Vasco), que discutiram uma posição contrária à forma que Lopes vem administrando a entidade. E que, sobretudo, tem prejudicado principalmente os grandes clubes do estado. A ausência de dirigentes do Botafogo na reunião deve marcar a voz dissonante do grupo.

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Dessa reunião saiu uma nota oficial na qual os três clubes pedem mudanças na fórmula da competição estadual e uma gestão mais transparente por parte da Federação. O atual modelo da competição vem gerando críticas severas, principalmente por parte de técnicos de times do Rio.

No último sábado, após o empate com o Bonsucesso, o técnico do Vasco, Adílson Batista, deixou claro que o sistema do torneio é ultrapassado, e que só prejudica a preparação dos clubes para a temporada durante o ano.

“Já têm dados desde 1975 que a média de alguns campeonatos não passa de 5 mil pessoas, ou seja, de 2003 para cá, 'há duzentos anos', já jogamos pontos corridos. Nós queremos mata-mata. Então têm coisas que eu não vou consertar: que a gente sabe e vê. Agora quem comanda, quem preside, quem dirige,... Eu treino, às vezes eles não escutam: jogador não é máquina. Fizemos um jogo quarta à noite, também com chuva. Então tem um monte de coisas, mas eu... para mim está bom. Eu já falei demais”, disse Batista encerrando o polêmico assunto.

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Já o técnico do Flamengo, Jayme de Almeida, levantou debate sobre o desinteresse dos torcedores em comparecer aos jogos. O treinador ainda enfrentou uma situação inusitada na noite do último domingo: venceu a Taça Guanabara, mas não levou o troféu. Embora a partida tenha ocorrido no estádio do Maracanã, a poucos metros da sede da Ferj, a taça não apareceu e só será entregue na próxima partida que acontece domingo, contra o Bangu, em Volta Redonda.

“É sempre melhor ir para uma decisão com estádio cheio. A motivação cresce. O que tem que ser feito para mudar isso, passa por um melhor planejamento do Carioca. Temos que planejar melhor. Não pode ter esse público. Mas isso não faz parte da minha função, há pessoas que ganham para fazer isso. Algo tem que mudar. É muito constrangedor ir para um jogo de um time como o Flamengo, e ver 375 pagantes em uma Quarta-Feira de Cinzas, às 22h, em Volta Redonda. Alguma coisa está errada”, criticou o técnico, sobre a partida contra o Bonsucesso, que aconteceu no mesmo estádio onde o Flamengo vai receber a taça de campeão do primeiro turno do Carioca.

Veja os gols de Duque de Caxias 2 x 2 Fluminense pelo Carioca:

O presidente da Ferj e único candidato à eleição, concedeu no inicio da noite desta segunda-feira uma entrevista à Rádio Globo, e revelou-se surpreso com o encontro. Ele alegou que a reunião entre os três grandes clubes cariocas deveria ter algum “cunho político”, e ainda citou a greve dos garis para defender sua “tese”.

“Fico extremamente surpreso, perplexo com uma movimentação em vésperas de eleições, querendo desviar o foco e dar satisfações aos torcedores. O cunho é político. Mal comparando com uma determinada classe trabalhadora que resolveu fazer um movimento grevista no Carnaval, que poderia ter sido feita em qualquer época e não numa ocasião que causaria enormes transtornos”, respondeu Lopes.

Veja a nota Oficial emitida por Fla, Flu e Vasco:

O Clube de Regatas do Flamengo, o Fluminense Football Club e o Clube de Regatas Vasco da Gama acordaram divulgar o seguinte documento em benefício do futebol do Rio de Janeiro, o que certamente vai melhorar a qualidade dos torneios e o potencial técnico e financeiro dos clubes do estado.

Neste sentido, não nos sentimos, hoje, em condições de votar para reeleger o atual mandatário da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Fferj).

Temos a firme convicção de que o futebol do estado do Rio de Janeiro, dada sua tradição, força das marcas de seus times e a grandeza de suas torcidas, tem tudo para voltar a ser o melhor e mais forte do país.

Infelizmente não é isso que temos visto.

Nos últimos anos, vivenciamos a constante dificuldade financeira dos clubes e clara perda de atrativo do nosso Campeonato Carioca de Futebol. Isto, ao nosso ver, ocorre por gestões e posturas que, mesmo bem intencionadas, se mostram equivocadas. Ainda que este documento esteja partindo de três dos principais clubes do Rio, precisamos criar condições para que os clubes de menor renda possam se manter ao longo do ano dentro dentro de sua importância como centro de formação de jogadores.

É fundamental rever o trabalho que está sendo feito hoje pela Federação e implantadas, imediatamente, mudanças, tais como:

1.Transparência

a. Estatuto da Federação divulgado no site para que todos o conhecessem de modo claro, o que permitiria debate aberto sobre o seu conteúdo

b. Convocação das eleições com antecedência necessária e calendário claro, que permita a formação de chapas, discussão de propostas, tudo em beneficio do Futebol do Rio

c. Reuniões para aprovação de regulamentos de campeonatos e do Conselho Arbitral que atendessem aos seguintes requisitos:

i. Pauta divulgada com uma semana de antecedência.

ii. Distribuição das propostas que serão votadas para análise dos participantes com pelo menos uma semana de antecedência

iii. Votação formal

iv. Assinatura de ata contendo o resultado das votações ao final da reunião pelos participantes presentes

d. Balancetes trimestrais publicados no site da Federação e auditados por empresa de reconhecida idoneidade

e. Discussão e aprovação do orçamento da Federação, com a participação obrigatória dos 4 grandes

f. Conselho Fiscal com a participação de, pelo menos, quatro integrantes indicados pela diretoria de cada um dos 4 grandes

2. Captação e distribuição dos recursos financeiros

a. Televisão: valores negociados com a participação dos clubes e com os recursos de cada um sendo distribuídos diretamente a eles.

b. Placas de Campo e Patrocínios de Campeonatos: Negociadas com a participação dos clubes sendo os percentuais que caberão a cada clube e à Federação definidos a priori

3. Taxas da Federação sobre a receita de jogos: 5%, idêntica em percentuais e custos cobrados pela Federação Paulista.

4. Incentivo aos clubes para desenvolverem suas torcidas no Brasil, facilitando a organização de jogos fora do Estado do Rio.

5. Fortalecer os clubes de menor investimento no sentido de se tornarem grandes centros de formação de atletas e descoberta de novos talentos.

Campeonato Carioca

a. Fase decisiva, com a participação dos 4 grandes, com um máximo de 15 datas(jogos de um mesmo time), incluídas as finais.

b. Início em fevereiro para permitir uma pré temporada bem feita.

c. Estádios a serem homologados tem que atender aos seguintes requisitos mínimos:

i. Iluminação para permitir jogos à noite durante a semana

ii. Gramados com qualidade homologada pela CBF

iii. Vestiários de qualidade

iv. Capacidade mínima de 5000 expectadores.

No último ano, procuramos fazer com que a atual direção da Federação Carioca de Futebol compartilhasse conosco este pensamento e colocasse em prática, se não em sua totalidade, parte dessas nossas propostas. Infelizmente isto jamais foi feito.

Temos certeza que esta decisão, apesar de ir contra os interesses da atual (e futura) diretoria da Fferj, jamais será pretexto para algo que possa nos prejudicar, tanto no campo esportivo quanto no financeiro.

Na realidade, nossa luta é pelo engrandecimento e valorização do futebol em nosso estado.

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