Mundial de Clubes: mudança de local de jogo revolta torcedores do Flamengo no Marrocos
Rubro-negros se mobilizam em grupo de WhatsApp e planejam medidas judiciais contra a Fifa, além de protestos no estádio e contra a diretoria rubro-negra
Todo sofrimento parece pouco para o torcedor que planejou acompanhar o Flamengo no Mundial de Clubes no Marrocos. Mas os rubro-negros reagiram. Depois de enfrentar dificuldades para planejar a viagem por causa da pouca antecedência, incerteza sobre as sedes, encarar engarrafamentos em direção aos estádios e assistir à derrota logo na estreia, o torcedor do Flamengo teve nesta quinta-feira a confirmação do que poucos acreditavam ser possível.
A mudança oficial de cidade da disputa do terceiro lugar contra o Al Ahly, de Rabat para Tânger, no próximo sábado, revoltou grande parte dos que ainda estão no Marrocos.
Um grupo de WhatsApp foi criado com o nome 'Processo Fifa'. Ao fim da tarde, chegavam a 200 integrantes trocando informações sobre os problemas que enfrentariam se quisessem acompanhar o Flamengo em Tânger, bem como as medidas judiciais cabíveis. Há advogados entre os torcedores orientando a coleta de provas de gastos de transporte, hospedagem e compra dos ingressos que davam direito à rodada dupla no estádio de Rabat.
Um dos criadores do grupo, o advogado Welinton Atoe explicou que seu escritório está estudando o caso e afirmou ser importante esperar até o domingo para saber mais informações sobre os motivos da mudança de local do jogo.
- Minha equipe está estudando todos os detalhes, desde as letrinhas miúdas dos ingressos e outros documentos, até a jurisprudência e a possibilidade de ressarcimento de danos: morais e materiais. Além disso, a Fifa ainda está divulgando informações e cada uma delas pode afetar a análise. Por enquanto, peço que juntem todos os documentos, desde os ingressos até todos os comprovantes de pagamento - disse Welinton Atoe.
Entre as análises jurídicas estão o foro de competência para a ação judicial. Alguns torcedores apuraram que a Fifa tem CNPJ ativo no Rio de Janeiro, o que poderia significar a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, independentemente das disposições do Estatuto do Torcedor. A venda do ingresso para duas partidas e depois a separação dos jogos em cidades diferentes, com menos de 72 horas para o pontapé inicial, é visto como o maior dos absurdos entre os rubro-negros.
- O que a Fifa quer é que a gente vá para Tanger ver o Flamengo, para que eles possam vender mais ingresso para a final, já que a única torcida que veio para o Marrocos é do Flamengo. Se a final fosse entre Al Hilal x Al Ahly, a Fifa jamais substituiria o local do jogo - escreveu um dos revoltados torcedores no grupo de WhatsApp.
Há também quem levante a hipótese de mais ações fora da esfera judicial. Além de compartilharem a informação do hotel onde funcionários da Fifa estão hospedados, os torcedores botaram a direção do Flamengo na berlinda. Apesar de disponibilizar um local extra no Marrocos e mais um dia para a troca de ingressos da final para a decisão de terceiro lugar, mas só de quem comprou pelo programa de Sócio Torcedor, o clube está sendo acusado de não sair em defesa dos direitos de quem se programou para ficar em Rabat até o fim do torneio, independentemente do resultado da semifinal.
Mesmo entre os que ainda tentarão desfrutar de algo relacionado aos jogos em si, seja permanecendo em Rabat para ver a final ou seguindo para Tânger para estar onde o Flamengo estiver, há o sentimento de se manifestar contra a Fifa. Cartazes e coros são alguns dos protestos que estão sendo organizados por alguns rubro-negros.