No Rio, torcida do Flamengo celebra título antes da hora e vive luto por Gabigol
Com a vantagem de dois gols, o Rubro-Negro carioca venceu o Atlético-MG por 1 a 0, neste domingo, 10, e celebrou o pentacampeonato
Pouco mais de 440 quilômetros separam o Rio de Janeiro (RJ) de Belo Horizonte (MG), mas essa distância não foi capaz de impedir que a torcida do Flamengo que foi às ruas cariocas neste domingo, 10, mandasse 'boas vibrações' que alçaram o Flamengo ao pentacampeonato da Copa do Brasil, conquistado diante do Atlético-MG, na Arena MRV, na capital mineira.
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Um mar rubro-negro percorreu as ruas da boemia carioca, lotando as portas de bares em bairros como Leblon e Copacabana. Torcedores que se apertavam para mirar uma das várias telas que mostravam as mesmas imagens: a decisão de um título que, sem que soubessem, marcaria o fim do ciclo do maior personagem da história recente do Flamengo: o atacante Gabriel Barbosa, o Gabigol.
Às 18h deste domingo, o jogador, tido como o maior ídolo do clube depois de Zico, ergueu sua 13ª taça de 16 finais que disputou pelo Flamengo. Após a conquista, Gabigol confirmou que não permanece no Rubro-Negro carioca em 2025.
Mineiro e morador de Santa Catarina, o flamenguista Henrico Carneiro disse que, apesar da despedida de Gabigol, o título foi especial. Assim que foram definidos os finalistas da Copa do Brasil de 2024, o torcedor comprou passagens para o Rio de Janeiro, acreditando que o jogo de volta aconteceria no Maracanã.
Mesmo com a previsão 'furada', ele não se arrependeu da decisão: "Assim que ganhamos a semifinal, comprei as passagens. No fim, foi em BH, mas a energia está no Rio. Uma energia surreal, chega a arrepiar", disse Carneiro ao Terra.
Ian Pereira, outro torcedor que marcou presença na festa flamenguista, também contou que não conseguiu comprar o ingresso para o jogo na capital mineira, mas reiterou a energia carioca para a finalíssima.
"Aqui é uma atmosfera única, surreal, um momento ímpar. Estou muito feliz com o título do Flamengo, salvamos o ano, não ganhamos Brasileiro, Libertadores, mas a Copa do Brasil veio. Em 2025, se Deus quiser, que venham mais títulos", comemorou o torcedor.
'É campeão' antecipado e despedida a Gabigol
A vantagem de dois gols obtida pelo Flamengo contra o Galo, no Maracanã, não poupou torcedores de 'roerem as unhas' na volta, na Arena MRV, tamanha era o desespero a cada defesa feita pelo goleiro argentino Rossi ou pelas chances despediçadas no ataque.
As mesas dos bares vieram abaixo, no entanto, após o gol de um herói improvável: o ponta Gonzalo Plata, que entrou na metade do segundo tempo no lugar de Michel. Lançado por Bruno Henrique, o equatoriano desconheceu a marcação de Saraiva e, com categoria, encobriu o goleiro Éverson para sacramentar a vitória, aos 37 minutos da etapa final.
Aos 45 minutos, mesmo com o anúncio de nove minutos de acréscimo, o torcedor flamenguista não se segurou e deixou escapar o grito que ficou reprimido durante a temporada: 'É campeão'.
O título veio e, com ele, uma notícia que desconcertou torcedores e até colegas de equipe: Gabigol anunciava que, no ano que vem, não atuaria mais pelo clube que o fez 13 vezes campeão.
À reportagem, torcedores se dividiram entre tristeza e gratidão ao comentar sobre a saída do ídolo. É o caso de Gabriel Henrique Moraes Silva, de 30 anos, que tem gravadas, na pele, as glórias trazidas por Gabigol ao Flamengo. O torcedor tatuou o tento marcado pelo atacante no segundo título da Libertadores do Fla, na virada por 2 a 1 sobre o River Plate, na final de 2019, no Peru.
"Para mim, depois do Zico, é o maior ídolo da história do Flamengo. Os gols em finais que ele marcou vão ficar para a história. Saiu de uma maneira esquisita? Saiu, mas a gente tem que ter gratidão. Gabigol, muito obrigado e tenha boa sorte para onde for", disse o torcedor.
Em um ano marcado por polêmicas como briga com técnico, punição por doping e foto com camisa do Corinthians, Gabigol atuou para se colocar no panteão de ícones do Rubro-Negro carioca e o fez da forma que sabe: sendo decisivo, com dois gols na final.
A flamenguista Patrícia Costa de Almeida, de 47 anos, resumiu o sentimento da 'nação': "Ninguém esperava. Imaginava que existiria uma possibilidade de renovação, pelo menos por um ano, e depois teria uma avaliação de como ele estaria, mas é isso. A gente só tem a agradecer e vida que segue. Estamos de luto", finalizou.