Segurança do Flamengo revela falha em extintores no Ninho do Urubu em tragédia
Após mais de dois anos, um segurança que estava no Ninho do Urubu falou sobre a tragédia que vitimou dez jovens das categorias de base do Flamengo. Benedito Ferreira revelou que três extintores não funcionaram no momento do incêndio. O segurança contou ao "Fantástico", da TV Globo, sobre o episódio.
"Quando cheguei próximo ao quarto 3, eu vi a fisionomia de um atleta. Foi quando ele quebrou a janela. E eu consegui tirar três palitos de grade e puxei. Puxei o primeiro atleta, puxei o segundo e o terceiro, que estava muito queimado. E teve mais um que não teve como tirar. Eu preferia entrar e tirar todos os garotos a estar falando aqui. Eu perderia a vida para deixar eles 10 aqui. Eu não sou herói ", disse.
Atualmente, Benedito Ferreira trabalha no Museu do Flamengo, na Gávea. O segurança ficou nove meses afastado dos trabalhos e pediu para não retornar ao Ninho do Urubu.
"Hoje, fico no museu que abre às 11h. Fico até as 17h. Lá eu vejo todos os dias as 10 camisas. Toda vez que entro lá é a primeira coisa que eu olho, eu rezo, peço a Deus que eles tenham descanso, que Deus acolha eles em paz, porque foi doloroso. Poderiam ser nossos futuros ídolos e hoje estão lá em cima", falou.
Resposta à reportagem do Fantástico sobre o incêndio no Ninho do Urubuhttps://t.co/yKxG39Ip9x
— Flamengo (@Flamengo) March 21, 2021
O Flamengo emitiu uma nota oficial sobre a reportagem:
"No último sábado (20), a Rede Globo de Televisão anunciou que será exibida, no programa Fantástico, uma matéria com o funcionário Benedito Ferreira, que estava presente e ajudou no resgate dos garotos no dia do incêndio no nosso Centro de Treinamento.
Na chamada da matéria, nos causou espanto que a reportagem tenha dado espaço à alegação do referido funcionário de que, dos extintores por ele usados, apenas um teria funcionado, já que, no depoimento prestado sob juramento às autoridades, esse mesmo funcionário narrou ter usado, inicialmente, dois extintores e, depois, outros três. Não houve, no entanto, nenhuma linha na fala dele à polícia sobre problemas com estes extintores.
Além disso, consta atestado nos autos do processo que os extintores estavam devidamente aferidos, testados e dentro do prazo de validade.
Assim, embora não se tenha conhecimento do teor completo da matéria, pela chamada é possível verificar que se trata de uma reportagem que constrói uma narrativa distorcida dos fatos.
O Flamengo anexa nesta nota, através deste link, o depoimento do referido funcionário e declara que vem prestando a ele todo apoio que um empregador grato e comprometido com a boa governança deve fazer.
O Clube informa que prestou à Rede Globo de Televisão todos os esclarecimentos necessários, tanto sobre os extintores quanto os que comprovam que o clube está agindo corretamente em relação ao funcionário Ferreira.
O Flamengo espera que a Rede Globo de Televisão analise corretamente todos os depoimentos prestados e os dados enviados pelo clube, no momento em que for preparada a edição final da matéria, para que esta não fique tendenciosa.
Reproduzimos abaixo as respostas enviadas à Rede Globo de Televisão, que seguiram exatamente a linha das perguntas feitas pela jornalista encarregada da reportagem:
- O Flamengo esclarece que prestou toda assistência ao funcionário Benedito Ferreira, havendo suportado o funcionário, comprovadamente, em diversas situações, bem como o indenizado espontaneamente, por ter sido o único funcionário a apresentar sintomas de transtorno pós-traumático.
- Os pontos levantados por ele na entrevista narram uma visão pessoal dele, que não encontra amparo nos fatos, na lei e muito menos no inquérito criminal.
- Desde o acidente até o momento atual, o clube disponibiliza para o funcionário tratamento psicológico e psiquiátrico, assim como lhe reembolsa o custo com as medicações.
- Benedito pediu para ser transferido para a Gávea, pois não gostaria de retornar ao CT, e foi prontamente atendido.
- Não houve perda de receita ordinária (salário). A eventual perda decorreu da pandemia, como aconteceu com vários trabalhadores, haja vista que, com proibição de público nos estádios, o extra que era obtido com presença no quadro móvel nos jogos do Maracanã deixou de existir para a grande maioria das pessoas que trabalhavam nesses eventos. Além disso, outros eventos presenciais foram radicalmente reduzidos, razão pela qual o valor da remuneração de todos os empregados que obtinham extras nesse tipo de evento também foi reduzida ou perdida.
- Nenhum funcionário do Flamengo foi impedido de circular pelo clube e tampouco proibido de falar com ninguém, muito menos com a imprensa.
- Além disso, prova constante do inquérito criminal demonstra que todos os extintores estavam no prazo de validade, devidamente revisados e carregados.
- Esse assunto encontra-se entregue ao Poder Judiciário e o Clube nada tem a esconder sobre ele. Ao contrário disso, sempre se colocou à disposição das autoridades."