Diplopia: conheça a doença que afastou Fred do Fluminense nos últimos momentos da carreira
Fred tem diplopia, problema decorrente do estrabismo; jogador revelou que não tem mais condições de atuar e se aposenta neste sábado
No momento em que o Fluminense anunciou a volta de Fred, a despedida já tinha data para acontecer. De acordo com o planejamento, o ídolo se aposentaria em 21 de julho de 2022. A diretoria tricolor quis a permanência até o fim do ano, mas o cansaço e os problemas físicos pesaram. O mais recente foi uma diplopia, que o deixou fora por um mês nessa reta final. Júlia Rossetto, oftalmologista da Casa de Saúde São José, explicou ao LANCE! o problema de "visão dupla".
- Diplopia é a visão dupla, quando uma pessoa vê as imagens duplicadas. Isso acontece quando os olhos estão em posições diferentes e, portanto, veem imagens diferentes. Isso é muito comum em pacientes que apresentam estrabismo (olho vesgo) na vida adulta - disse a médica.
Após marcar o 199° gol pelo Flu, na goleada sobre o Corinthians, Fred revelou não ter mais condições de jogo. O atacante disse que escolheu a "bola do meio" e arrematou para a meta. Mas como o ídolo conseguiu acertar a meta?
- Quando a pessoa tem visão dupla, comumente, a visão do olho dominante e, portanto a correta, pode parecer mais nítida. E, provavelmente foi essa a bola que o Fred escolheu chutar.
Uma forma de eliminar a "bola errada" é fechando o olho desviado e assim eliminando sua imagem.
Não é de hoje que Fred sofre com o problema. Em 2020, o atacante fez uma cirurgia de correção, mas a visão dupla voltou. Desta vez, não precisou operar, mas ficou de repouso absoluto, fora até dos treinamentos. Nesses casos, a reincidência é comum, já que o desvio pode ocorrer em diferentes ângulos da visão.
- Isso pode acontecer se houver desvio ainda após a cirurgia. Ou seja, se houver algum tipo de estrabismo mesmo após a correção.
A diplopia pode ainda estar ausente quando a pessoa olha em frente, ou seja, a cirurgia corrigiu o desvio nesta posição, porém estar presente quando a pessoa olha em outras direções. Isso acontece nos estrabismos que apresentam desvios de graus diferentes quando a pessoa olha para os lados.
No início da temporada de 2022, Fred se lesionou na estreia da Libertadores. Depois da recuperação, não voltou mais à titularidade. Ainda que parte do motivo possa ter sido a boa fase de Cano, o camisa 9 já não tinha mais condições de jogar. Além de prejudicar a visão, a diplopia compromete o desempenho como um todo.
- A diplopia pode ser desafiadora quando se tem necessidade de uma imagem única em todo campo visual, como é o caso de um atleta alto nível. Um atleta usa constantemente todo seu campo visual, para correr, se posicionar em campo, avaliar a posição dos oponentes e parceiros de time. Há ainda a necessidade de olhar para cima ao cabecear a bola, por exemplo. Portanto, a diplopia tem grande impacto no desempenho do atleta, especialmente de esportes coletivos e com bola, pois o atleta tem dificuldade de saber qual imagem é a certa.
OUTRAS LESÕES ATRAPALHAM
Na primeira temporada foram 28 jogos. Ele perdeu 19 partidas por diferentes motivos. Na final da Taça Rio e nas decisões do Carioca, ele sentiu primeiro dores no pé direito e depois o problema na vista que se queixa novamente agora. Depois, perdeu duelos com Internacional, Red Bull Bragantino e Athletico com uma lesão na coxa, sentida no aquecimento do confronto com o Palmeiras em agosto. Contra São Paulo, em setembro, e Atlético-MG, em novembro, foi poupado.
Por conta da Covid-19, Fred também ficou fora de jogos com o Corinthians, o Atlético-GO duas vezes na Copa do Brasil, e também contra o Sport, em setembro. Depois, em novembro, teve entorse no tornozelo e perdeu duelos com Palmeiras, Internacional, Red Bull Bragantino e Athletico-PR. Já em fevereiro, perdeu a partida com o Ceará por dores no adutor direito. O jogador cumpriu suspensão diante do Fortaleza, em novembro, e do Botafogo, em janeiro.
Em 2021, a sensação era que ele poderia ficar até mais tempo. Com 46 jogos, sendo 44 como titular, e 20 gols marcados, Fred brilhou pelo Fluminense. No início, assim como outros titulares, ficou fora das cinco primeiras partidas do Campeonato Carioca para ter mais dias de férias. Depois, perdeu o jogo com o São Paulo em maio por gastroenterite, os duelos com Sport, Cerro Porteño (PAR) e Grêmio com um edema muscular na coxa e ainda teve fissura no pé que o tirou de jogos com Corinthians, Athletico-PR, Flamengo e Santos, em outubro.
O jogador cumpriu suspensão diante do Cuiabá, em setembro, Juventude, em novembro, e Chapecoense, em dezembro. Além disso, foi poupado contra Red Bull Bragantino e Corinthians, em junho, Internacional, em agosto, e Chapecoense, em setembro.
Em 2022, foi poupado algumas vezes ao lado de outros titulares como contra o Audax Rio, Portuguesa e Volta Redonda. Em fevereiro, porém, sofreu uma lesão no músculo anterior da coxa direita no jogo de ida contra o Millonarios, pela segunda fase da Libertadores. Por isso, perdeu sete partidas. Quando voltou, foi expulso no segundo jogo da semifinal do Estadual contra o Botafogo e perdeu o primeiro clássico da decisão com o Flamengo. Depois disso, só ficou fora de jogos por conta do problema no olho.
Embora a visão dupla tenha abreviado a passagem de Fred pelo futebol, não é esta a última lembrança que ficará do atacante. Assim como na partida diante do Corinthians, o ídolo deve entrar em campo na despedida contra o Ceará, que marcará seu ato final. E, quem sabe, poderá marcar o gol 200 pelo Fluminense.
Fred é o segundo maior artilheiro da história do Fluminense (199 gols), maior artilheiro da Copa do Brasil (37 gols), segundo maior artilheiro do Campeonato Brasileiro (157 gols) e o maior da Era dos pontos corridos, além de ser o segundo maior goleador brasileiro na Libertadores (25 gols). Com mais de 400 gols na carreira, o camisa 9 também entrou no top-15 de jogadores com mais partidas pelo Flu (380).
*Estagiária sob supervisão de Luiza Sá