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Saiba o que é a diplopia, doença que forçou a aposentadoria do atacante Fred

Jogador do Fluminense se despede dos gramados neste sábado, diante do Ceará, pelo Brasileirão

7 jul 2022 - 15h10
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Segundo maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro e maior na era dos pontos corridos, o atacante Fred, do Fluminense, vai encerrar oficialmente a carreira neste sábado, diante do Ceará. O jogador cogitou seguir atuando até o fim do ano, mas decidiu por antecipar a aposentadoria por causa de um problema de visão: ele sofre de diplopia, conhecida popularmente como "visão dupla".

O próprio jogador declarou ao fim da partida contra o Corinthians, no sábado, que o problema o atrapalha dentro de campo. Ele foi autor de um dos gols na vitória de 4 a 0. "Eu não consigo jogar. Por isso que muitas vezes não entrei no jogo. Hoje (sábado), Deus foi tão bom que consegui acertar o chute ali (e marcar o gol). Procurei a bola do meio para chutar, a bola desviou e eu fiz o gol", disse, sobre o 199º gol que marcou com a camisa do Fluminense, e admitindo que tem visão multiplicada dos objetos.

A "bola do meio" citada por Fred foi uma referência com um fundo de graça para algo real e bastante incômodo. "É algo muito desconfortável. Ele vê duas bolas onde na verdade só existe uma", ressalta o médico Fábio Ejzenbaum, que é chefe do setor de neuroftalmologia da Santa Casa de São Paulo. O Estadão foi atrás para saber o que é, de fato, o problema de visão de Fred.

"Diplopia é visão dupla. Ela pode ser monocular ou binocular, que parece ser o caso do Fred. A diplopia binocular é a mais comum", diz Ejzenbaum. Ele explica como ela acontece. "Em volta do nosso olho, temos músculos extraoculares, que controlam os movimentos dos nossos olhos. Para você ter uma imagem só, a imagem que se forma tem de ser igual nos dois olhos, mas quando você tem uma alteração em uma dessas musculaturas, a imagem não se forma no mesmo local e a visão fica dupla."

O médico destaca que a diplopia é um tipo de estrabismo, mas que, diferentemente do que acontece com as crianças, no caso dos adultos o motivo raramente é genético. "Os estrabismos do adulto geralmente estão ligados a problemas neurológicos, decorrentes de diabetes, AVC ou outro problema. Pode ocorrer também devido a um trauma; uma pancada na cabeça também pode levar a isso."

Descobrir a razão da diplopia, aliás, é fundamental para decidir o tipo de tratamento. O mais comum é a cirurgia. "Se o desvio é pequeno, você pode usar uma lente prismática, mas geralmente o tratamento é cirúrgico, em que você reposiciona esses músculos do olho de um jeito que ele se desentorte", explica o oftalmologista da Santa Casa.

O médico ressalta que "não é uma cirurgia simples, mas é uma cirurgia rápida", uma vez que não é necessário abrir o olho do paciente, mas sim operar o músculo do entorno.

Ainda segundo Ejzenbaum, apesar de a operação corrigir o problema por um tempo, a chance de a visão dupla voltar é bastante grande - e o próprio Fred já fez uma cirurgia no olho em 2020. "A taxa de reoperação em estrabismo gira em torno de 40% a 50%. Você consegue ajustar por um tempo, mas não tem como mexer no nervo." Fred não quis tentar. Ele se aposenta aos 38 anos. Diferentemente de muitos outros atletas, jogando por um clube grande e disputando o Campeonato Brasileiro.

Estadão
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