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Apresentador diz que "África venceu a Copa", e França reage

Embaixador francês nos EUA, Gérard Araud, afirmou que comentários legitima ideologia que "para ser francês precisa ser branco"

19 jul 2018 - 10h31
(atualizado às 16h39)
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O apresentador sul-africano de um programa de televisão popular Trevor Noah discutiu pela internet com o embaixador francês nos Estados Unidos depois de brincar dizendo que a África, não a França, venceu a Copa do Mundo da Rússia.

A vitória da seleção francesa multicultural diante da Croácia na final de domingo em Moscou repercutiu em todo o mundo, sendo comemorada na França e em outros locais como um triunfo da diversidade, mas incitando ofensas racistas em alguns lugares.

Entre os 23 jogadores franceses no Mundial, 15 têm ascendência africana, entre eles, os craques Mbappé e Pogba
Entre os 23 jogadores franceses no Mundial, 15 têm ascendência africana, entre eles, os craques Mbappé e Pogba
Foto: Reuters

"A África venceu a Copa do Mundo", disse o comediante Noah, apresentador do The Daily Show, em um segmento da atração de fim de noite nesta semana. "Entendo, eles têm que dizer que foi o time francês. Mas olhem esses caras. Você não consegue esse bronzeado passeando no sul da França, meus amigos".

Entre os 23 jogadores franceses no Mundial, 15 têm ascendência africana, de Camarões ao Congo e Mali, mas só dois deles nasceram na África e se mudaram para a França quando ainda eram crianças de colo.

O comentário de Noah provocou reações raivosas na França, onde políticos de extrema-direita vêm criticando a seleção há tempos por ter muitos negros, e uma repreensão do embaixador francês nos Estados Unidos, Gérard Araud.

"Ao chamá-los de time africano, parece que você está negando seu caráter francês. Isso, mesmo de brincadeira, legitima a ideologia que afirma a brancura como a única definição de francês", escreveu Araud em uma carta publicada na conta de Twitter da embaixada francesa.       

Na noite de quarta-feira, Noah respondeu ao diplomata.

"Quando digo 'africano' não estou dizendo-o para privá-los de seu caráter francês, estou dizendo-o para incluí-los em minha africanidade", afirmou, depois de ler a carta no programa.

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