Advogada de jovem quer apelar ao Supremo contra absolvição de Daniel Alves e cita 'retrocesso'
Representante de mulher que acusa o ex-jogador de agressão sexual disse que levará o 'estado emocional da cliente' em conta ao judiciário da Espanha
Ester García, representante da jovem que acusa Daniel Alves de agressão sexual, lamentou a absolvição do jogador no Tribunal de Justiça da Catalunha na última sexta-feira, 29, de sua condenação de quatro anos e seis meses de prisão. A advogada declarou que estuda entrar com uma apelação contra a sentença, mas tenta evitar o prolongamento do "inferno" que sua cliente teria passado.
A decisão sobre a anulação do processo do ex-jogador pelo ocorrido em dezembro de 2022, em uma boate de Barcelona, foi unânime, e se baseou na "insuficiência de provas" para que o atleta fosse condenado, inicialmente. Ele havia sido preso, preventivamente, em janeiro de 2023, enquanto aguardava denúncia e julgamento, e estava em liberdade provisória após pagar multa de 1 milhão de euros (R$ 5,4 milhões à época), mas ainda teria de cumprir mais dois anos de sentença.
"Juridicamente, vamos apelar, mas levaremos em consideração o estado emocional da cliente", afirmou Ester García, na sexta-feira, à imprensa espanhola. "Questionar uma mulher sobre se ela poderia estar dançando em uma boate antes de sofrer uma agressão sexual é um debate que não deveríamos ter no século 21?, continuou a advogada. E o caso pode continuar também no poder público do país.
Ministério Público da Espanha pode entrar no processo contra Daniel Alves
De acordo com a emissora estatal RTVE, o Ministério Público de Barcelona analisa a possibilidade de recorrer ao Supremo Tribunal da Espanha, segundo fontes da própria entidade. Segundo García, sua cliente "está muito decepcionada, triste e, de certa forma, sente como se tivesse voltado ao banheiro onde os eventos ocorreram".
Para a advogada, a absolvição foi uma surpresa e "representa retrocesso, tanto legal quanto social, na luta contra a violência sexual". "De alguma maneira, pode desencorajar as mulheres que denunciam violações sexuais sofridas depois de algum tempo", afirmou à RTVE. Ester ainda criticou a decisão e afirmou "rejeita a formulação da sentença de primeira instância", mas não avalia "todas as evidências", o que seria, segundo ela, a função de um tribunal de segunda instância.
A decisão favorável ao lateral anula ainda dois outros recursos, que corriam em paralelo no Tribunal de Justiça da Catalunha, ambos apelavam pelo aumento da pena: a promotoria pública defendia uma condenação de nove anos, enquanto outra ação, movida pelos representantes da vítima, pediu para elevá-la a 12 anos.
