ALMANAQUE ESTADÃO - Final de 1975 foi um duelo entre as defesas de Manga e os chutes de Nelinho
Naquele ano, o Internacional ganhou seu primeiro título do Campeonato Brasileiro
O Internacional ganhou seu primeiro título brasileiro em 1975, após decisão equilibrada com o Cruzeiro em um abarrotado Beira-Rio. O gol "iluminado" pelo sol, marcado pelo lendário zagueiro chileno Elias Figueroa, aos 11 minutos do segundo tempo, coroou o grande trabalho do técnico Rubens Minelli e de um elenco que tinha também Falcão, Paulo César Carpegiani, Valdomiro, Flávio Minuano e Lula no elenco. O jogo é mais um do Almanaque Estadão do Brasileirão, criado em 1971 e que ainda está sem data marcada para ser disputado nesta temporada.
O Cruzeiro também era um timaço, com Raul, Piazza, Zé Carlos, Palhinha, Joãozinho... foi um osso duro de roer para os gaúchos. Para muitos, os mineiros só não saíram com o título de Porto Alegre por causa das milagrosas defesas de Manga, apontado como um dos maiores goleiros da história do futebol brasileiro. E do Internacional naquela temporada. O futebol era disputado em finais eletrizantes.
Enquanto Palhinha, pelo Cruzeiro, e Lula, pelo Inter, brigavam contra as zagas adversárias para tentar marcar um gol na decisão, o goleiro dos dedos tortos, pois atuava sem luvas, travou um grande duelo com o lateral-direito Nelinho, dono de um dos chutes mais poderosos de todos os tempos.
Nelinho tentou de todas as formas colocar o Cruzeiro em vantagem no jogo único da final, disputado na capital gaúcha por causa da melhor campanha do time da casa. No primeiro tempo, o lateral arriscou uma falta de longe, pela ponta-esquerda, obrigando Manga a mandar a bola para escanteio. Até de pé esquerdo, que não era seu forte, o defensor mineiro utilizou na tentativa de surpreender a muralha no gol do Colorado. Essa disputa foi um capítulo especial na final de 75.
Mas foi na segunda etapa que o camisa 1 do Inter escreveu mais um grande capítulo nos almanaques do futebol nacional ao fazer pelo menos quatro defesas milagrosas. Na primeira, Nelinho chutou da intermediária pelo lado direito. A imagem atrás do gol mostra a curva que a bola apresentou quase em cima do goleiro, que, como um gato, espalmou para escanteio.
No lance seguinte, Nelinho cobrou escanteio pela direita e a bola resvalou dentro da área. Manga foi buscar no canto esquerdo. Mais uma escanteio e Nelinho bateu ainda mais forte, mas Manga saltou e com uma mão só fez a defesa, o que causou uma comemoração no estádio como se fosse um gol do Inter. Mas o melhor estava por vir. Falta frontal. Nelinho coloca um efeito extraordinário na bola, que passa pelo lado direito da barreira e "corre" para o escanteio de Manga. O goleiro salta com incrível agilidade e agarra a bola.
"Eu tentei tudo naquela bola. O efeito pegou direitinho, mas o Manga foi melhor ainda", disse o Nelinho, de 69 anos, que defendeu a seleção brasileira nas Copas de 1974 e 1978, quando fez um dos gols mais sensacionais em Mundiais sobre a Itália na disputa do terceiro lugar. "Foi a maior defesa da minha vida", afirmou o pernambucano Manga, de 83 anos, que jogou no Botafogo ao lado de Garricha e Nilton Santos, no Nacional, do Uruguai, entre outros clubes, além de defender a seleção brasileira na Copa de 1966. "Nunca mais vai existir outro Manga."
FICHA TÉCNICA DO JOGO
Internacional: Manga; Valdir, Figueroa, Hermínio e Chico Fraga; Caçapava, Falcão e Paulo César Carpeggiani; Valdomiro (Jair), Flávio Minuano e Lula. Técnico: Rubens Minelli
Cruzeiro: Raul; Nelinho, Darci Menezes, Morais e Isidoro; Wilson Piazza, Zé Carlos e Eduardo; Roberto Batata (Eli Mendes), Palhinha e Joãozinho. Técnico: Zezé Moreira
Data: 14/12/1975
Renda: CR$ 1.743.805,00
Árbitro: Dulcídio Wanderley Boschillia
Público: 82.568
Local: Beira-Rio