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Baresi viaja o Brasil por histórias ligadas à sua trajetória

No País para gravação de documentário, ídolo do Milan e da Itália elogia Neymar e celebra ressurgimento da seleção italiana, campeã da Euro

15 set 2021 - 15h10
(atualizado às 17h09)
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Até se tornar uma lenda do futebol italiano, dedicando toda a sua carreira de 20 anos ao Milan, e colecionar títulos importantes, Franco Baresi, de 61 anos, superou vários obstáculos, algo comum na vida de um jogador de futebol. A trajetória bem-sucedida do ex-jogador, capitão do time de Milão por 17 anos e campeão mundial com a seleção da Itália em 1982, quando a equipe do seu país passou pelo Brasil por 3 a 2 com três gols de Paolo Rossi, servirá de plano de fundo para a gravação do documentário Facing Fate (Enfrentando o destino), em que contará histórias de personagens do esporte que se conectam à sua.

Baresi, capitão da Itália na Copa de 1994, ao lado de Dunga antes da final daquele Mundial
Baresi, capitão da Itália na Copa de 1994, ao lado de Dunga antes da final daquele Mundial
Foto: Reprodução/Facebook/@worldcupusa94

Considerado um dos maiores zagueiros da história, Baresi escolheu o Brasil como cenário para as gravações dos primeiros episódios. O périplo do ex-jogador e hoje vice-presidente honorário do Milan começou em São Paulo, onde deu entrevista para promover o documentário, teve uma visita ao instituto de Neymar, em Praia Grande, e será completado com passagens por Salvador, Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu e Manaus.

Nestas últimas três cidades, Baresi vai conversar com esportistas - um deles um ex-jogador de futebol famoso - que deixaram percalços para trás para brilhar em suas carreiras. Um dos personagens é o skatista Eiki Leiva Martello, de 8 anos. Promessa olímpica, o atleta mirim se afastou das pistas para tratar de uma leucemia. A família fez campanha para arrecadar fundos para ajudar a custear o tratamento do jovem skatista.

Na série documental, criada por Federico Tavola e dirigida por Dayyán Morandi, do Grupo LX, o icônico ex-jogador discute com os convidados problemas comuns aos brasileiros, como dificuldades financeiras e perdas pessoais, a fim de entender o que cada um fez para superar essas atribulações. Seu trabalho envolve mais do que apenas jogadores de futebol.

"As histórias são baseadas na minha experiência. Tive uma infância simples, pobre e humilde, perdi pessoas queridas. Passei por momentos difíceis e consegui superá-los com valores fortes", explica Baresi em entrevista exclusiva ao Estadão. Durante os encontros, o ex-atleta será convidado a imergir na cultura local, promovendo uma troca de experiências. "São pessoas comuns. A ideia é pegar as declarações e contar como essas pessoas conseguiram passar por essas dificuldades. Onde e o que fizeram para superá-las. Vão contar essas experiências, acidentes, doenças, problemas financeiros e como voltaram a viver bem", conta.

Baresi quis que a sua história contada em livro biográfico prestes a ser lançado na Itália fosse também abordada no audiovisual em um formato diferente. O autor das duas produções é o mesmo, Federico Tavola. Com episódios de 50 minutos, o documentário será lançado em janeiro de 2022. A expectativa é que ganhe outras temporadas em países da Europa, América Central e Ásia.

Brasil, Itália e Neymar

Na conversa em um hotel em São Paulo com a reportagem do Estadão, de pouco mais de 15 minutos, Baresi também falou, naturalmente, sobre futebol. Comentou sobre a seleção italiana, Milan e Seleção Brasileira e elogiou Neymar. "É excepcional", diz, sobre o astro brasileiro do Paris Saint-Germain.

Sem acompanhar a equipe nacional do Brasil com tanto afinco, Baresi avalia que o time de Tite é "uma boa equipe, sempre competitiva, com jogadores de qualidade e mentalidade forte". No entanto, fez a ressalva de que, na sua visão, carece de um "atacante talentoso, de nível, forte, como Ronaldo e Adriano (ambos atuaram na Itália)" para jogar perto de Neymar.

Zagueiro de baixa estatura, compensada com talento único, além de "concentração e boa cabeça", segundo ele mesmo, Baresi foi reserva na conquista do Mundial de 1982, atuou nos sete jogos da campanha do terceiro lugar em 1990 e viu escapar a sua última chance de vencer uma Copa do Mundo como titular ao perder pênalti na final contra o Brasil de Romário e Bebeto em 1994.

Único jogador na história do futebol a ser campeão, vice e alcançar um terceiro lugar em Copas do Mundo, o ex-zagueiro está contente com a evolução da Itália no futebol, que renasceu após fracassos recentes (ficou fora da Copa da Rússia) e aliou a tradicional defesa forte a um jogo mais vistoso, mais ofensivo, para ganhar a Eurocopa neste ano.

"A Itália teve de recomeçar e Mancini conseguiu formar um time jovem de qualidade, com a mentalidade mais ofensiva, mas sem abrir mão da cultura defensiva", observa o ex-atleta, que é cauteloso quanto à possibilidade de título na Copa do Mundo do Catar. "Existe um entusiasmo com a seleção. Venceu a Eurocopa e está se preparando para voltar a ganhar um Mundial. Não sei se estarão prontos, mas os jogadores têm consciência da força do time".

O futebol italiano também agrada a Baresi. Embora a Serie A tenha sido enfraquecida com a saída de Cristiano Ronaldo da Juventus, o eterno ídolo rossonero considera que o calcio está em ascensão. "O futebol italiano cresceu nos últimos anos com a volta de jogadores campeões. Agora existe na Itália a ideia do jogo ofensivo", pontua Baresi, que, pelo Milan, ostenta três troféus da Ligas dos Campeões e seis do Campeonato Italiano. Sua carreira vitoriosa e a devoção ao Milan, único clube que defendeu durante duas décadas, fizeram com que a camisa número 6 do time de Milão fosse a primeira a ser aposentada no futebol da Itália.

Estadão
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