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Brasil treinará em estádio de amigo de Pelé em Sochi

Slava Metreveli, que batiza o campo escolhido por Tite, foi um ponta da ex-URSS que jogou contra o Rei três vezes

9 jun 2018 - 17h07
(atualizado às 17h10)
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A relação entre a seleção e Slava Metreveli começou bem antes de a Rússia imaginar que poderia um dia sediar uma Copa do Mundo, e de que o Brasil se hospedaria na cidade de Sochi, encravada entre as montanhas do Cáucaso e o Mar Negro.

Se nesta preparação do Mundial o jogador da antiga União Soviética ganha relevância por nomear o estádio escolhido por Tite como centro de treinamento da equipe na cidade, na década de 1960 o então veloz ponta-esquerda russo enfrentou o Brasil três vezes, marcou gol no Maracanã e, em uma dessas ocasiões, fez questão de demonstrar apreço por ninguém menos do que Pelé, pedindo para tirar uma foto ao lado do Rei - e foi prontamente atendido.

Nascido em Sochi e com ascendência georgiana, Slava Metreveli fez história no futebol soviético ao participar da melhor fase da equipe nacional do agora extinto país. O jogador disputou três Copas do Mundo (1962, 1966 e 1970) e ganhou a Eurocopa de 1960. Portanto, ele nunca foi um ponta comum.

Durante toda a carreira, Slava Metreveli atuou por clubes locais e, ao se aposentar, virou um treinador comum. O ponta morreu em 1998, aos 61 anos. Morreu sem imaginar que a Rússia receberia a seleção brasileira, em sua época já uma das melhores e mais fortes do mundo.

A imagem ao lado de Pelé, capturada em 1965, é talvez o principal ponto de união entre o Brasil e o jogador que batiza o estádio em que a turma de Tite vai trabalhar em Sochi durante toda a primeira fase da competição. A delegação brasileira pisará em solo russo amanhã, a três dias da abertura do evento com a partida da anfitriã Rússia com a Arábia Saudita em Moscou.

Na foto histórica e guardada na lembrança de seus personagens, Metreveli e outros três jogadores de origem georgiana da então União Soviética se aproximaram de Pelé após a derrota por 3 a 0 sofrida no amistoso disputado no palco da final do Mundial deste ano, o Lujniki.

A foto, em branco e preto, despretensiosa até, permaneceu esquecida até anos atrás ela se tornar carro-chefe de um projeto internacional. O empresário Nikoloz Patarkalishvili é presidente na Geórgia da Casa Argentina, órgão do país sul-americano voltado a promover integração artística e cultural no exterior. Ele não viu problemas em recorrer ao Brasil para iniciar uma empreitada com aquela foto nas mãos. Por considerar a imagem de Pelé com Metreveli uma oportunidade para estabelecer mais laços entre a América do Sul e os georgianos, o empresário organiza com pares e políticos o lançamento de um monumento com referência à foto.

"Pela presença do Pelé e de jogadores tão importantes da Geórgia na seleção russa do passado, queremos iniciar uma aproximação do nosso país com a América do Sul, com o Brasil. A imagem foi um gesto importante, porque o maior jogador de todos os tempos posou junto com atletas georgianos", disse. "A geração mais forte da União Soviética tinha muitos jogadores georgianos. Nosso país tem muito orgulho disso", conta.

A previsão é de lançar o monumento em novembro deste ano em Tbilisi, capital da Geórgia, assim como tentar organizar na ocasião a disputa de um torneio de seleções de base com a participação de países da América do Sul. Óbvio que o Brasil será convidado. Contribui para a ideia o contexto da presença brasileira na cidade natal do jogador, assim como o apoio de personalidades importantes do país como o patriarca Ilia II, liderança mais importante da Igreja Ortodoxa Georgiana, e do prefeito da capital, o ex-zagueiro do italiano Milan, Kakha Kaladze.

Encontro

O ponta Metreveli enfrentou o Brasil três vezes. Na primeira delas, em julho de 1965, esteve em campo na derrota em Moscou por 3 a 0, compensada ao menos pela foto ao lado de Pelé, autor de dois gols e então com 25 anos. Meses depois, em novembro, o atleta soviético deixou o papel de fã para se transformar em algoz do Rei.

Em amistoso no Maracanã, Rio, Metreveli marcou no fim o gol que garantiu o empate por 2 a 2. O resultado foi bastante comemorado pelo time soviético por ter conseguido segurar a então seleção bicampeã mundial (1958-62). Destaque no futebol europeu, ele teve outra chance de enfrentar o Brasil em 1968, ao ser convocado para integrar do time da Fifa. Em jogo no Rio, desta vez quem venceu foi o time da casa, 2 a 1.

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Estadão
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