A Era Parmalat, época mais vitoriosa da história palmeirense
- Diego Garcia
Na década de 90 o Palmeiras viveu junto com o Estádio Palestra Itália os anos mais vitoriosos de suas histórias. O clube conquistou três Campeonatos Paulistas, dois Brasileiros, uma Copa do Brasil, dois Torneios Rio-São Paulo, uma Copa dos Campeões da CBF, uma Mercosul e uma Copa Libertadores. Foram onze títulos para a sala de troféus, frutos de uma bem planejada e bem sucedida parceria com a empresa Parmalat.
"A própria empresa fez o Palmeiras ser tão vitorioso e foi importante nisso tudo. A administração da Parmalat foi excelente e essa empresa fez grandes contratações para o Palmeiras. Montou um time forte e uma boa administração também do próprio clube, junto da própria Parmalat, foram decisivas para que as coisas acontecessem da forma que aconteceram", afirmou o ex-goleiro Velloso, ídolo palmeirense que atuou de 1993 até 1999 no clube.
Durante o tempo de duração desta parceria o Palmeiras conquistou inúmeros e importantes títulos. No primeiro ano efetivo da co-gestão venceu o Campeonato Paulista de 93, o Torneio Rio-São Paulo e o Brasileiro. No ano seguinte foi bicampeão estadual e bi nacional, façanha jamais igualada. "Representou muito para mim jogar no Palmeiras em uma era tão vitoriosa", afirmou o ex-atacante Evair, que esteve no clube alviverde pré-Parmalat e vivenciou essa época.
"Tive a oportunidade de viver todas as fases no Palmeiras. A da fila e a da pós-fila. Foi um aprendizado de vida muito grande, como profissional, como homem. Muitas vezes nós tivemos que ficar em casa, pois estávamos na fila, éramos muito cobrados na rua e para não ser tão cobrados, ficávamos em casa", disse o eterno ídolo palmeirense.
A "fila" a que Evair se refere diz respeito ao período compreendendo 1976 e 1993. Foram 17 anos sem títulos no Palestra Itália e um período muito difícil vivido pelo clube palmeirense. Com a chegada da Parmalat, tudo mudou e o Palmeiras reviveu os tempos de glória. "Depois eu tive a oportunidade de viver o outro lado, o orgulho de ser palmeirense de novo, ver o torcedor vestindo a camisa com orgulho. Isso foi muito gratificante na minha época", finalizou o ex-camisa 9.
A soberania palmeirense no Brasil se consagrou ainda mais no Campeonato Paulista de 1996, com o chamado ataque dos 102 gols. Esse foi o total de tentos marcados pela equipe alviverde em apenas 30 jogos no torneio e o título veio quase invicto - se não fosse uma derrota por 1 a 0 para o Guarani já no fim da competição.
"Representou muito na minha formação como profissional aquela passagem pelo Palmeiras, pois eu tinha saído do Guarani, chegado numa equipe de maior expressão e a desconfiança era muito grande. Essa passagem foi essencial na minha carreira", afirmou Luizão, principal artilheiro da equipe no torneio com 22 gols.
Segundo o centroavante, o Palestra Itália era fundamental para esse ano tão fulminante da linha de frente palmeirense. "Era nossa casa e fazia muita diferença atuar lá dentro, pois estávamos diante de nossos torcedores e nosso time era forte. Acho que não ficamos nenhum jogo sem fazer gol naquele campeonato e na temporada".
Os números comprovam a supremacia palmeirense atuando no estádio. Entre 1992 e 2000 - período que durou a parceria com a empresa italiana - o clube alviverde jogou 274 partidas em casa e venceu 201. Isso representa 73% de confrontos terminados em vitória. Ainda houve 46 empates e 27 derrotas, ou seja: apenas 10% dos duelos no estádio acabavam em insucessos. O Palmeiras alcançou a incrível marca de 672 gols nesse gramado apenas nesses oito anos. Uma média de 2,45 por partida, contra 0,86 levados. Foram apenas 236 gols sofridos, o que equivale a menos de um gol por partida.
"Jogar dentro do Palestra fazia a diferença pois dificilmente éramos derrotados diante da nossa torcida, pois ali a pressão era muito grande. Era uma arma muito forte ao nosso favor, e nós sabíamos como usá-la e aproveitávamos a chance. Sabíamos que poderíamos ganhar o jogo na hora que quiséssemos quando atuávamos na nossa casa", definiu Evair.
Depois, veio o vice do Brasileiro de 1997, a conquista da Copa do Brasil e da Mercosul de 1998, da Libertadores de 1999 e o vice do Mundial no mesmo ano, com o Palestra Itália usado como arma fundamental para as vitórias. "Confiávamos muito no nosso time e construímos uma energia imensa com a torcida jogando no Palestra", ressaltou o meia Alex, craque do time alviverde no final dos anos 90 e atualmente no Fenerbahce, da Turquia.
"Foi fruto de um trabalho feito em longo prazo, desde 1997 com a chegada do Felipão até o Mundial. Foi um grande planejamento que deu certo e isso foi de uma importância muito grande. Foi resultado de um trabalho que tinha como alvo maior uma coisa que foi conquistada, que era a Libertadores, um título sonhado pelo Palmeiras. E isso ficou na história", explicou o atacante palmeirense Euller, que ficou no clube no período citado.
A parceria de sucesso chegou ao fim no ano 2000, após a perda do título da Mercosul em uma virada épica do Vasco na final em pleno Palestra. Nesse mesmo ano, o time alviverde ainda alcançou um vice na Copa Libertadores e sacramentou o fim da época mais gloriosa de sua história.
"Foi um privilégio jogar no Palmeiras na era mais vitoriosa do clube. Foi um prazer, passei dois anos e meio lá e só tive alegrias. A conquista da Libertadores, da Copa do Brasil e ainda uma Mercosul, foi tudo maravilhoso. E naquela ocasião nós tínhamos um grupo unido e forte e a união faz a força e fez toda a diferença para o Palmeiras naquela época", finalizou um dos principais nomes do elenco palmeirense nessa época dourada, o ex-atacante Oséas.
Números do Palmeiras e do Palestra Itália no período patrocinado pela Parmalat:
Primeiro Jogo: 26/04/1992 = Palmeiras 1x0 Cruzeiro, gol de Paulo Sergio, Campeonato Brasileiro de 1992.
Último Jogo: 20/12/2000 = Palmeiras 3x4 Vasco, final da Copa Mercosul 2000.
Jogos no Palestra: 274
Vitórias: 201
Empates: 46
Derrotas: 27
Gols marcados: 672
Gols sofridos: 236
Saldo de gols: 436
Títulos: Dois Torneios Rio-São Paulo (1993 e 2000), dois Campeonatos Brasileiro (93 e 94), três Campeonatos Paulistas (1993, 1994 e 1996), uma Copa do Brasil (1998), uma Copa Mercosul (1998), uma Copa Libertadores (1999) e uma Copa dos Campeões da CBF (2000).