São Paulo atribui prejuízo de R$ 100 mi a queda em vendas
Documento não é muito otimista por conta da elevação e do encarecimento do endividamento bancário
O São Paulo fechou o ano de 2014 com um prejuízo de pouco mais de R$ 100 milhões nos cofres. Esse é o resultado de uma queda de quase 30% nas receitas em relação ao ano anterior. Entre as 20 maiores equipes brasileiras, o time tricolor foi o que registrou a maior retração no arrecadado no ano passado: R$ 109 milhões.
Uma das principais justificativas para esse resultado, de acordo com o relatório da administração do clube, foi a queda no rendimento com a negociação de atletas, que passou de R$ 147,9 milhões para R$ 40,9 milhões, entre 2013 e 2014. Uma diminuição de 72%.
E o documento não é muito otimista, pelo menos em um curto prazo, por conta da elevação e do encarecimento do endividamento bancário, atualmente em 62%. E também por conta do pagamento de dívidas geradas com contratos antigos de atletas por períodos maiores que 24 meses.
Para amenizar os efeitos, logo no começo deste ano o clube começou a emprestar jogadores para reduzir custos. Até meados de março, 25 atletas tinham sido emprestados. Junto a isso foram reduzidos os investimentos com as categorias de base. O valor investido no ano passado caiu de R$ 27,3 milhões para R$ 26,6 milhões. E a expectativa é reduzir a despesa para R$ 23 milhões em 2015.
O time tricolor alega que foi feita uma reestruturação no setor e espera incluir quatro atletas ao elenco profissional até o ano que vem.No relatório, o São Paulo diz que 2014 foi o ano de diagnóstico e implantação de um novo modelo de gestão. Os resultados dentro de campo foram considerados positivos, com um aproveitamento de 61% dos pontos disputados e a classificação para a Copa Libertadores da América.
Foram gastos também R$ 38 milhões no ano passado para contratações de atletas como Allan Kardec, Michel Bastos, Souza e Alexandre Pato, nomes que, para o clube, tiveram responsabilidade nos resultados alcançados em 2014.
Departamento de futebol caro
Junto a isso, os custos do departamento de futebol do São Paulo - 92% do total de receitas - é considerado alto. Na análise feita pelo consultor de marketing e gestão esportiva Amir Smoggi, o ideal seria até 70% do que entra no caixa. Em 2014, o time tricolor reduziu em 5% o que foi gasto com o futebol. Mas, ao mesmo tempo, os valores são 61% maiores que os de 2011.
Tramita no Congresso a Medida Provisória 671, mais conhecida como MP do Futebol. O texto prevê mecanismos para evitar que os clubes gastem mais com o que arrecadam com a folha de pagamento do futebol, estabelecendo um limite máximo de 70%. De acordo com o movimento Bom Senso Futebol Clube, isso evitaria um descontrole nas contas e consequente aumento dos déficits.
Entre os deputados que analisam a medida está o ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez (PT-SP), que já teria se posicionado contra o teto máximo de 70%. Outros fatores que contribuíram com o prejuízo são-paulino foram a redução de 31% na renda de publicidade e patrocínio, e a retração de 18,% na arrecadação com jogos.
Por conta dessa queda na receita, o endividamento total do São Paulo passou de R$ 250,7 milhões, em 2013, para R$ 341 milhões no ano passado. No entanto o aumento segue o movimento apresentado pela maioria dos clubes brasileiros.
Entre os 20 maiores clubes analisados por Amir Somoggi, a dívida somada chegou a R$ 6,3 bilhões no ano passado, 16,8% mais que no ano anterior. De acordo com o consultor, desde 2003 esse crescimento foi de 528%, enquanto a inflação no período foi de 99%.
2014 | 2013 | 2012 | 2011 |
R$ 255,3 milhões | R$ 364,7 milhões | R$ 284,1 milhões | R$ 226,1 milhões |
* Queda de 30% em relação a 2013 e aumento de 13% em relação a 2011.
São Paulo registrou a maior queda entre os 20 maiores clubes brasileiros, com uma retração de R$ 109,5 milhões;
1 - Flamengo | R$ 115,1 milhões |
2 - Corinthians | R$ 108,7 milhões |
3 - Palmeiras | R$ 80,6 milhões |
4 - Atlético-MG | R$ 80,4 milhões |
5 - São Paulo | R$ 77,9 milhões |
2014 | 2013 | 2012 | 2011 | |
Patrocínio e Publicidade | R$ 22,5 milhões | - | - | - |
Bilheteria | R$ 20,7 milhões | - | - | - |
Custos do departamento de futebol* | R$ 235,5 milhões | R$ 248,1 milhões | R$ 189,6 milhões | 145,9 milhões |
Custo do departamento em relação a receita total | 92% | 68% | 67% | 65% |
Superávit/Déficit** | - R$ 100,1 milhões | R$ 23,5 milhões | R$ 0,8 milhão | R$ 0,2 milhão |
Dívida total dos clubes*** | R$ 341 milhões | R$ 250,7 milhões | R$ 273,4 milhões | R$ 158,5 milhões |
Dívida fiscal**** | R$ 59 milhões | R$ 60,5 milhões | R$ 62,8 milhões | R$ 60,8 milhões |
* Queda de 5% de 2013 a 2014. Mas ao mesmo tempo, o aumento foi de 61% em relação ao que se gastou em 2011;
** Um prejuízo de R$ 75,6 milhões no acumulado de 2011 a 2014. São Paulo ficou em 19º na lista dos 20 maiores clubes analisados;
*** Aumento de 36% em relação a 2013. No acumulado desde 2011, a variação foi de 115%. Oitava maior dívida entre os 20 clubes analisados;
**** Redução da dívida fiscal em 2% comparando com 2013. E queda de 3% em relação ao que se verificava em 2011;
2014 | 2013 | Variação | |
Receita com negociação de ateltas | R$ 40,9 milhões | R$ 147,9 milhões | Queda de 72% |
Direitos de transmissão de TV | R$ 77,9 milhões | R$ 72,2 milhões | Aumento de 7,8% |
Premiações em campeonatos | R$ 6,3 milhões | R$ 1 milhão | Aumento de 530% |
Publicidade e Patrocínio | R$ 22,5 milhões | R$ 33 milhões | Queda de 31% |
Projeto sócio-torcedor | R$ 7,4 milhões | R$ 7,1 milhões | Aumento de 4,2% |
Arrecadação com jogos | R$ 20,7 milhões | R$ 25,4 milhões | Queda de 18,5% |
Licença da marca | R$ 16,8 milhões | R$ 15,5 milhões | Aumento de 8,3% |
Sociais e esportes amadores | R$ 30 milhões | R$ 27,2 milhões | Aumento de 10% |
Estádio | R$ 27,7 milhões | R$ 29,7 milhões | Queda de 6,7% nas receitas obtidas por meio do estádio com camarotes e cadeiras cativas, publicidade, aluguéis e outras receitas |