Crítico diz que regra da Fifa pode afastar astros do Brasil
Com a decisão da Fifa de banir os fundos de investimentos do futebol, assim como a possibilidade de empresários assumirem direitos econômicos de atletas, os clubes vão precisar se adequar à nova realidade. Em um dos cenários mais apocalípticos pintado por críticos, o dinheiro será mais escasso nos cofres combalidos e as vendas vão sofrer um baque.
Na avaliação de quem mexe com o mercado da bola, os preços vão cair e a permanência de jogadores talentosos vai diminuir no Brasil. Para o agente Fifa Giuseppe Dioguardi, que representa atletas como Kleber, Paulo Henrique Ganso e Bruno Perez, a saída de investidores no futebol vai interferir diretamente na permanência dos melhores no mercado.
“Isso vai afetar para as próximas gerações. Vai mudar o mercado nacional, sem a presença do investidor. Ronaldinho Gaúcho não teria ido para o Atlético-MG, Robinho para o Santos... e os grandes treinadores? Sou a favor do investidor e de tudo que dê uma melhorada no campeonato. Sem o investidor, o Robinho teria saído com 6 meses de Brasil e iria para um clube menor da Europa”, comparou Giuseppe.
O São Paulo tem Paulo Henrique Ganso no seu elenco, mas o jogador não pertence totalmente ao clube. O camisa 10 é 32% do time paulista e tem 68% dos direitos econômicos pertencentes ao Grupo Sonda. Para o vice-presidente de futebol do clube, Ataíde Gil Guerreiro, esta mudança vai diminuir a pressão em cima dos clubes.
“A partir desse momento ninguém sofrerá pressão de empresários ou dos ´donos´ dos atletas, que interferem diretamente em uma negociação. O clube terá total poder de decisão do que fazer com seu jogador”, alertou Ataíde.
Novos preços
O futebol de preços inflacionados e negociações milionárias vai mudar. Os clubes sul-americanos vão precisar rever os valores dos jogadores. Sem o investidor, a revisão será um processo natural na nova realidade do mercado após a decisão da Fifa.
“Sem o investidor, o clube vai ter que rever o preço do jogador. Sem a ajuda dos investidores, o clube não vai poder mais negligenciar o camisa 10 da base porque o dinheiro não vai entrar com a força que entrava via investidor. A médio e longo prazo, bem trabalhado, pode ser a retomada da base, passando por uma reformulação da lei Pelé para proteger os clubes”, alertou o advogado Marcos Motta, integrante do Comitê de estudos da Fifa.
No próximo dia 30, o comitê se reúne para tratar do tempo de adequação para o banimento dos investidores do futebol. Marcos Motta entende que cinco anos é um tempo justo para que os clubes possam acertar os ponteiros com os investidores.
Para o empresário Giuseppe Dioguardi, a Fifa deveria se preocupar também com os donos de clubes. “A Uefa, via Fifa, quer acabar com os investidores, mas existem grupos que são donos de clubes, como Roma, Manchester City e PSG. Esta medida vai beneficiar os agentes”, avaliou Giuseppe.