Em clima de mea culpa, Bom Senso e sindicato fazem as pazes em simpósio
Depois de semanas trocando farpas publicamente via comunicados divulgados em sites e redes sociais, o Bom Senso FC, grupo que luta pela mudança do futebol brasileiro, e a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) deram indícios, nesta segunda-feira, de que alcançaram uma trégua. Em clima de mea culpa por ambas as partes, celebraram uma conciliação durante simpósio da entidade, realizado no Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo.
Rinaldo Martorelli, presidente da Fenapaf, e Paulo André, zagueiro do Corinthians e um dos líderes do Bom Senso, afirmaram que os dois lados, a partir de agora, devem aumentar o diálogo e atuar de forma não-excludente. Isso ocorre depois de o Bom Senso interferir na situação de atrasos de salário no Náutico, durante a última semana, e criticar os sindicatos, recebendo como resposta palavras em tom de acusação de ingerência em uma área reservada a entidades aliadas à Fenapaf.
“A gente tem tudo a ver com as propostas de melhoria para condições dos atletas. Ao mesmo tempo, temos propostas de melhorias para o futebol como um todo. Isso é tudo no intuito de buscar aproximação para caminharmos no mesmo sentido. Por isso estou aqui hoje: para tentar colaborar e mostrar que chamamos Bom Senso por buscar o diálogo e pessoas que queiram melhorias”, afirmou Paulo André. “É fundamental que a gente uma forças, porque o futebol vive uma crise existencial”, complementou.
“Eu estive conversando com os meninos em busca de respostas. E ela é que qualquer atleta pode entrar no Facebook e colocar uma proposta. A gente tem a maior tranquilidade para tratar de qualquer tipo de assunto. Nós não somos unanimidade”, disse Rinaldo Martorelli, em declaração ao Terra antes do simpósio. Entre elogios à iniciativa do Bom Senso, ele abriu as portas: “a gente tem experiência, por isso esperamos fazer uma simbiose para que possamos trabalhar todo mundo no mesmo sentido sem a possibilidade de retaliar os jogadores”.
Paulo André reconheceu que houve desavenças entre as partes, motivadas por um quadro histórico no futebol brasileiro: por muito tempo, não houve diálogo entre sindicatos e atletas. Os sindicatos não conseguiam reunir representantes, que por sua vez não se interessavam pela atuação das entidades. Sem saber as necessidades, passaram a buscar mudanças que consideravam ideais, mas que não necessariamente fariam diferença para os jogadores. “Em um segundo momento, conversamos e ficou claro que isso vinha acontecendo. Mas o momento é diferente”, afirmou o zagueiro.
Rinaldo Martorelli, por sua vez, fez elogios às ações do Bom Senso e prometeu apoio. “Em algum momento, houve um desentendimento por parte de atletas que não se sentiam representados, e por parte dos sindicalistas, que não se sentiam prestigiados. Ficou claro, para mim, depois de algum tempo trabalhando e buscando acesso, que eles começaram a defender com boas vontades as mudanças”, disse Paulo André, à espera de uma boa relação entre as partes a partir de agora.