6ª opção potiguar, Alecrim mobilizou povo de Natal na Série D
O Campeonato Potiguar de 2009 tinha direito a uma vaga na Série D. Considerando que ABC e América-RN já estão na segunda divisão, Assu, Santa Cruz, Potyguar de Currais Novos, Baraúnas e Potiguar de Mossoró foram convidados, mas nenhum topou o desafio. Melhor para o Alecrim, que de oitavo lugar no Estadual passou a um dos 60 principais do futebol brasileiro.
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Apesar de cair na semifinal da Série D diante do São Raimundo-PA, o Alecrim conseguiu o acesso para a terceira divisão nacional. Localizado em Natal, o clube potiguar contou com grande mobilização de todo o Estado e até mesmo as torcidas e direções de ABC e América-RN.
Ao lado de Chapecoense-SC, Macaé-RJ e São Raimundo-PA, o Alecrim-RN é um dos clubes retratados na série de quatro reportagens que o Terra traz nesta semana. Os quatro "campeões" que conseguiram o acesso na primeira edição da nova Série D criada pela CBF têm histórias particulares, que atestam o abismo que separa os grandes clubes daqueles nanicos, que brigaram por um módico lugar entre os 60 maiores do país do futebol.
Vaga mais que inesperada
A dificuldade que inspira disputar uma competição nacional fez com que o Alecrim, apenas a sexta opção do Rio Grande do Norte, acabasse na Série D. Os obstáculos, todos os clubes concordam, são muito grandes. O apoio, quase nulo. E as viagens e as partidas, sempre duras.
Para enfrentar tudo isso, o Alecrim optou em montar um time experiente, bastante alterado em relação ao Campeonato Potiguar. A vaga inesperada mobilizou os dirigentes que, segundo o vice presidente Orlandinho, montaram um "seleção potiguar". Já que os clubes do Estado descartaram a Série D, foi possível contar com reforços acessíveis. A Federação do estado e empresários locais ajudaram financeiramente.
A tal química funcionou e o Alecrim, de forma modesta, foi avançando. Na primeira fase, deixou o Flamengo-PI e o Treze-PB para trás. Depois, o Central-PE, o Sergipe-SE e, por fim, o primeiro e único adversário fora do eixo Norte-Nordeste: o Uberaba-MG, que caiu nas quartas e não subiu para a Série C. Foi a segunda viagem de avião dos potiguares no torneio.
"Para você ter uma ideia, a cidade toda se comoveu com a gente. Em 24 horas, conseguimos 24 passagens e mais R$ 10 mil para viajar até Uberaba. Até os torcedores de América-RN e ABC ajudaram. Foi um negócio emocionante", explica Orlandinho, que no Alecrim tem o apoio da Prefeitura de Natal e do Governo do Estado, especialmente no patrocínio de camisa.
Na reta final da Série D, a população de Natal abraçou de vez o Alecrim, que conseguiu levar 6 mil torcedores ao Machadão, praticamente o quádruplo da média ao longo da competição. Apesar do sucesso, a folha salarial é baixa se comparada aos demais no torneio, especialmente do Sul e Sudeste. "Todo o elenco ganha R$ 40 mil por mês", afirma Orlandinho.
Alecrim não quer América-RN e ABC na Série C
Se o Alecrim contou com o apoio local para chegar na Série C, situação oposta vivem América-RN e ABC na Série B. Neste momento, ambos estão na zona de rebaixamento, o que poderia fazer o Rio Grande do Norte ter três clubes na terceira divisão. Orlandinho não quer que isso aconteça.
"Não quero isso, porque só nos ajudaram já que o Alecrim não perturbou os grandes. Na hora que fomos enfrentá-los, vamos ter torcida contra. Hoje, recebemos até uma verba menor. A gente aceita e concorda", explica o vice presidente.
Para ver o América se salvar na Série B, o Alecrim conta com o treinador Francisco Diá. Após assegurar o acesso, ele partiu para tentar salvar a campanha americana e, depois de seis jogos, mostra algum progresso. São duas vitórias e dois empates até aqui e a esperança de permanecer na segunda divisão.
Francisco Diá deixou o cargo no Alecrim após assegurar o acesso, abdicando de disputar as semifinais na Série D. Orlandinho argumenta que foi impossível manter o treinador - e o cargo passou a Leandro Sena, jogador da equipe, que assumiu a pedido dos jogadores.
"Ele foi convidado antes e só saiu depois que garantiu o acesso. É claro que a gente queria ser campeão, mas o objetivo era ir para a Série C. E ele é uma pessoa humilde, então foi ganhar mais e com um prêmio se salvar o América-RN. Coisa muito grande e eu não tinha condição e nem moral pra dizer não. Ele não foi mercenário", assume Orlandinho, como quem reconhece a força do clube mais forte.
Apesar disso, 2010 não deve ser um ano de se pensar pequeno. "Na Série C, vamos entrar com gás. Pela fama do torneio, não é sonho distante pensar em Série B. Podemos alcançar", afirma o vice presidente. Para quem foi o oitavo no Estadual e acabou entre os 60 maiores do Brasil, não é impossível.