Cafu cria projeto social no sertão de Alagoas e ajuda crianças soropositivas em Moçambique
Capitão do penta encontra parceiros para projeto social em que usa o futebol como ferramenta de inclusão com jovens no Brasil e na África
Marcos Evangelistas de Morais, o Cafu, não dispõe mais de sua fundação, fechada em 2019 após acúmulo de dívidas, mas tem viajado o Brasil e o mundo à frente de projetos sociais. O capitão do penta criou no ano passado o "Cafuzinhos do Sertão", iniciativa que atende 30 famílias da cidade de Olho d'Água das Flores, no sertão de Alagoas.
Cafu e Mariah Moraes, biógrafa do ex-jogador, presidente do Instituto Brilhante e também conectada a projetos sociais, estavam pesquisando cidades brasileiras com crianças cujo déficit de nutrição fosse alarmante. Miraram em Alagoas, estado com o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do País e encontraram Olhos d'Água das Flores.
Não sabiam que no pequeno município alagoano de clima árido já existia um projeto que usa o futebol como terreno de esperança para uma comunidade que tem fé de sobra, mas pouca assistência no povoado Pedrão. Incomodado com os jovens vagando pelas ruas, Manoel Ferreira dos Prazeres, aposentado de 60 anos, reuniu 35 crianças e as colocou para jogar futebol num campo de terra sempre aos sábados pela manhã.
"Ele juntou essas crianças para fazer um time de futebol, mas eles não tinham nenhuma estrutura", conta Mariah. Aí é que entrou Cafu. O ex-jogador fez contatos, arrumou parceiros e conseguiu uniformes, bolas e chuteiras para as crianças, estruturando o projeto. O campo de terra, com cactos em volta, será reformado. O gramado será sintético e haverá refletores para os meninos e meninas driblarem o calor do sertão e jogarem à noite.
As crianças ganham lanche e as famílias, cestas básicas. Todos os alimentos são comprados no povoado para fomentar a economia local. Quase todas as crianças estão matriculadas na escola. Depois que estruturar "mil por cento" o Cafuzinhos do Sertão, Cafu tem uma meta ambiciosa.
"A gente quer expandir o projeto para o país inteiro. Não tem limite", prevê ele, que faz visitas regulares ao povoado. "Vamos começar a fazer as parcerias, principalmente com as prefeituras, para ver até onde nós podemos ir. O intuito é dar esperança para essas crianças, acrescenta o último jogador até hoje a erguer a taça da Copa do Mundo pela seleção brasileira.
Cafuzinhos de Nhamatanda
No Brasil, esse plano ainda não foi posto em prática. No exterior, está começando a ser, tanto que chegou à África. Por meio de um amigo que faz trabalhos sociais em Moçambique, Cafu e Mariah souberam da extrema pobreza em que vive famílias de um vilarejo em Nhamatanda, distrito da provincial de Sofala, em Moçambique. Nasceu, então, o Cafuzinhos de Nhamatanda". "As mulheres ganham bebê na rua. É um cenário desolador", relata Mariah.
O ex-lateral-direito com passagens vitoriosas no futebol europeu e bicampeão do mundo pela seleção brasileira ainda não foi visitar o local, mas tem dado auxílio à distância para 50 crianças soropositivas e mais 100 famílias do vilarejo, distante 1.190 km da capital Maputo.
"Quero ir onde as pessoas têm perspectiva de vida zero, perspectiva de crescimento zero, esperança zero e realização de sonhos zero", diz o capitão do penta.
"Fiquei impactado ao ver os vídeos das crianças e de saber que a maioria das crianças que nós começamos a ajudar era soropositiva. Você dá o medicamento para combater o vírus (coquetel antiaids) e elas ficam com fome, mas não têm o que comer", conta.
Ele diz que a agenda não permitiu sua ida ao vilarejo moçambicano ainda, mas que irá em breve, até junho. Sua ideia é construir um ambulatório ainda esse ano, que vai favorecer 500 famílias, além de um centro de estudos, esporte e cultura.