CBF confirma que Cruzeiro x Palmeiras não terá presença de torcedores no Mineirão
Entidade cogitou realizar jogo com torcida após críticas dos cruzeirenses, mas cita falta de tempo para organizar operação de segurança para manter decisão de partida com portões fechados
Após críticas de todos os lados, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) confirmou que o jogo entre Cruzeiro e Palmeiras, na noite desta quarta-feira, será disputado com os portões fechados, sem a presença de torcedores de nenhum dos times. A partida é decisiva por envolver o time paulista, o único que pode impedir o título do líder Botafogo.
A entidade que rege o futebol nacional tomou a decisão com base em informação da Polícia Militar de Minas Gerais, de que não teria tempo para organizar uma operação de segurança reforçada para a partida a ser disputada no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte. O jogo inspira cuidados especiais por causa do ataque da Mancha Alviverde, organizada do Palmeiras, a um ônibus da Máfia Azul, uniformizada do Cruzeiro, no mês passado. Uma pessoa morreu na ação e outras 17 ficaram feridas.
"De modo a preservar a coexistência de todos os fatores isonômicos necessários à realização da partida e à integridade da competição, a CBF, esclarecendo os fatos, e nos estreitos limites de sua competência e deveres legais, comunica e ratifica seu posicionamento no sentido de que, não tendo havido a reconsideração da PM-MG e do MP-MG (Ministério Público), vedar o acesso dos torcedores de ambas as equipes na partida entre as equipes do Cruzeiro e Palmeiras, pois entende que o espetáculo e os direitos do torcedor devem ser preservados", informou a CBF, em comunicado.
A entidade havia tomado a decisão inicialmente de não contar com torcedores no Mineirão nesta quarta. Mas chegou a repensar a determinação após críticas tanto da direção do Cruzeiro, em tese o mais prejudicado pela ausência de torcida, quanto da gestão do Palmeiras, vice-líder do Brasileirão.
Na segunda, em comunicado, o Cruzeiro chegou a pedir a presença somente de torcedores cruzeirenses, de forma a reduzir o risco de episódios de violência, na avaliação do clube. A direção cruzeirense chegou a pedir o apoio do governo do Estado de Minas Gerais. O vice-governador Mateus Simões afirmou que o governo iria recorrer à Justiça.
O Ministério Público de Minas Gerais enviou na sexta-feira passada ofício à CBF pedindo que a partida fosse disputada com torcida única. "Para a CBF, respeitosamente, deveria ser franqueado o acesso ao estádio a todos os torcedores, especialmente de ambas as equipes disputantes, isso porque, em primeiro lugar, como entidade máxima do futebol brasileiro, e no pleno exercício das funções e autonomia organizacional descritas e asseguradas na Constituição Federal (art. 217, I) e na Lei Geral do Esporte, nº 14.597/2023 (arts. 26 e 27), a ela cabe a competência exclusiva para dirigir todas as atividades relacionadas às competições nacionais do futebol", disse a entidade, em comunicado.
"Diante dessa competência, e para preservar princípios inegociáveis como a isonomia, o equilíbrio técnico e igualdade de oportunidades para todas as equipes disputantes em qualquer das fases da competição, além da indispensável preservação dos direitos dos torcedores, considera que haveria a quebra da reciprocidade de tratamento acaso fosse vedado o acesso do público ao estádio nesse jogo de volta (no primeiro turno, no jogo de ida, a partida realizou-se com a presença das duas torcidas)."