CBF dá passo inédito no combate ao racismo no futebol
Entidade determina punições a clubes por atos de discriminação
Em sintonia com a defesa das liberdades individuais e a valorização do ser humano, a CBF deu um passo muito importante no combate a atos de racismo no futebol. Determinou por conta própria que o Regulamento Geral das Competições, documento que rege todas as disputas organizadas pela entidade, passe a prever a perda de pontos dos clubes que, de um modo ou de outro, tenham envolvimento com essas atitudes.
Em princípio, a questão até poderia ser posta à discussão com as federações estaduais e os clubes de todas as divisões nacionais. Mas a diretoria da CBF entendeu que a gravidade do tema, alardeado diariamente em todos os cantos do planeta, dispensaria o embate de ideias num colegiado.
Por isso, o presidente da CBF ordenou que se incluísse no RGC o seguinte texto: “... considera-se de extrema gravidade a infração de cunho discriminatório praticado por dirigentes, representantes e profissionais dos clubes, atletas, técnicos, membros da comissão técnica, torcedores e equipes de arbitragem em competições coordenadas pela CBF”.
Agora, de acordo com o Artigo 134 do RGC, a eventual punição será imposta administrativamente pela CBF, que encaminharia o caso ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva, cabendo a esse órgão julgar sobre a aplicação da perda de pontos do clube infrator.
Os atos de racismo, no entanto, levariam primeiro a outras penas, como multa, ou em caso de reincidência, perda de mando de campo ou jogo na casa do mandante sem público. Uma segunda reincidência é que acarretaria na perda de pontos.
“A luta contra o racismo tem pressa. A discriminação racial é crime e nosso trabalho é jogar luz sobre o tema. A gente espera contar com o apoio de todos os clubes, de todos os torcedores, de todos os segmentos da sociedade, de todos da imprensa, para que essa iniciativa não funcione apenas de forma decorativa. Medidas vêm sendo discutidas há séculos e nunca colocadas em prática. A CBF está fazendo a sua parte”, disse o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, eleito em março e primeiro negro a comandar a entidade em mais de 100 anos.