CBF usa punição da Fifa para intimidar Liga Sul-Minas-Rio
Em 10 de novembro do ano passado, a CBF foi punida com multa pela Fifa por causa de um amistoso em julho da seleção sub-23 com o SC Waterloo, time do Canadá. A partida, realizada na cidade de Ontário, naquele país, tinha de ter autorização da entidade máxima do futebol. A CBF, no entanto, escondeu a informação por dois meses e só no final da tarde desta segunda-feira (04) a publicou em seu site oficial. Fez isso exatamente na véspera de reunião decisiva da Liga Sul-Minas-Rio, que ocorre nesta terça em Belo Horizonte.
A CBF não costuma reproduzir decisões da Fifa que lhe sejam negativas. Em dezembro, por exemplo, omitiu a informação de que o Comitê de Ética da entidade abrira processo para investigar o então presidente Marco Polo Del Nero, hoje licenciado do cargo.
Até agora, a Liga não obteve apoio formal da CBF para realizar torneio que começará no fim de janeiro e reunirá 12 dos principais clubes brasileiros. A confederação se opõe à organização do Sul e Sudeste, temerosa de que isso signifique o embrião de uma liga nacional. Por isso, adota dois discursos. Para o público em geral, afirma que vê com simpatia a iniciativa. Internamente, trabalha para que o torneio não saia do papel, numa investida que tem como articulador número 1 o presidente da federação de futebol do Rio, Rubens Lopes.
Na reunião desta terça, os clubes devem anunciar os últimos detalhes para o torneio, incluindo o anúncio de parceria com uma emissora de TV para a transmissão do evento. A CBF, no entanto, continua disposta a combater a liga e deixa claro, com a divulgação da medida da Fifa, que os clubes poderiam estar sujeitos a sanções se disputarem competição sem o seu aval.
A informação sobre a punição da Fifa já tinha sido usada dias atrás por Rubens Lopes numa entrevista à Rádio Tupi. Ele falou sobre o caso em tom de ameaça aos clubes do Rio que integram a liga - Flamengo e Fluminense. Chegou até a defender a desfiliação da dupla na entidade que comanda. Os dois gigantes do futebol brasileiro, no entanto, sinalizam que vão continuar a caminhar juntos.