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SP: cidade começa a dar sinais de empolgação com a Copa

Animação com a seleção brasileira, que estava tímida nas últimas semanas, aumenta e esquenta o comércio paulistano; bairros e pontos turísticos ganham novo visual

19 nov 2022 - 05h10
(atualizado às 10h59)
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Rua Criciúma, no bairro Vila Medeiros em São Paulo, é uma das ruas decoradas para a Copa do Mundo que começa neste domingo. FOTO: FELIPE RAU/ESTADAO
Rua Criciúma, no bairro Vila Medeiros em São Paulo, é uma das ruas decoradas para a Copa do Mundo que começa neste domingo. FOTO: FELIPE RAU/ESTADAO
Foto: FELIPE RAU/ESTADAO / Estadão

A cidade de São Paulo começa a dar sinais de maior empolgação com a Copa do Mundo do Catar. Essa é a percepção de lojistas, comerciantes e gerentes de restaurantes e bares ouvidos pelo Estadão, que esteve nas ruas da capital paulista para sentir como está o clima paulistano para o maior torneio de futebol do mundo, que começa neste domingo, às 13h (horário de Brasília), com o jogo entre os anfitriões e o Equador.

Eles percebem que a animação com a Copa estava tímida há um tempo e que começou a dar as caras nos últimos dias. Seja por meio de pessoas querendo comprar utensílios da seleção brasileira para torcer ou clientes interessados em fazer reservas em restaurantes para acompanhar os jogos em turma nos estabelecimentos. Ruas de bairros residenciais e pontos turísticos, como Beco do Batman e Mercadão, começam a ter um visual adaptado para o torneio.

Porém, o mundial no Catar, o primeiro a ser disputado no final do ano, acontece em uma janela entre as eleições presidenciais e o Natal, o que pode acabar ofuscando uma euforia genuína com o futebol, com a seleção brasileira e com a equipe comandada pelo técnico Tite, na avaliação dos entrevistados.

Ruas enfeitadas

Não é o caso de Rubens Soares, que adora a Copa do Mundo. Corintiano, o analista de suporte técnico de Tecnologia da Informação (TI) manifesta sua empolgação decorando a rua onde mora em parceria com os vizinhos. Soares mora no Jardim Ubirajara, na zona sul de São Paulo, e, de quatro em quatro anos, ele e outras pessoas arrumam um tempo para decorar os 100 metros da Rua Colastine, onde vivem.

"A seleção brasileira é emoção em conjunto. O pessoal lá da rua gosta muito de futebol independente do time que torce", diz.

A bandeira brasileira pintada no chão e as fitinhas verdes, amarelas e azuis presas em barbantes amarrados nos postes fazem Soares sentir orgulho do que foi feito. Decorar a rua é uma tradição para ele. Já são tantas as vezes, que o analista de TI até se confunde quando questionado em que ano o trabalho foi feito pela primeira vez: "Acho que desde 2006 ou 2010 se não me engano."

O Beco do Batman, um dos pontos turísticos mais tradicionais de São Paulo no Jardim das Bandeiras, na zona oeste da cidade, também entrou no clima da Copa do Mundo. Conhecido pelos desenhos nos muros e painéis de grafite, o local ganhou uma nova arte em homenagem à seleção brasileira.

Em letras garrafais e pintadas de amarelo, a palavra Brasil, gravada sobre um fundo azul e em baixo de seis estrelas brancas em referência ao hexacampeonato que a seleção brasileira persegue, estampa uma das paredes do beco. Ao lado há, ainda, duas imagens do atacante Richarlison também pintadas, e que se transformaram em um cenário de fotos para os frequentadores

Há relatos de outras regiões de diferentes bairros de São Paulo que também passaram por uma renovação no visual por conta da Copa do Mundo. Ruas como Criciúma, no Jardim Brasil; Mozelos, na Vila Paiva; e as ruas Júlia Lopes de Almeida e Horácio Scrosoppi e a Praça Sargento Tranquilino, todos em Santana, são outras localidades se enfeitaram para mostrar apoio à equipe de Tite.

Turistas tiram foto em frente ao mural da seleção brasileira, em clima de Copa do Mundo no Beco do Batman na Vila Madalena.
Turistas tiram foto em frente ao mural da seleção brasileira, em clima de Copa do Mundo no Beco do Batman na Vila Madalena.
Foto: FELIPE RAU/ESTADAO / Estadão

Bares e restaurantes

Alex Pires, gerente de um dos bares na Vila Madalena, bairro boêmio de São Paulo, diz à reportagem que o estabelecimento que administra tem recebido muita procura por reservas de mesa neste final de ano. O local, assim como foi em 2018, vai ter outro esquema de funcionamento ao longo do torneio.

"Além de contratarmos mais funcionários, vamos também instalar mais três televisões para os jogos, abrir mais o espaço do nosso quintal, colocar coberturas em caso de chuvas e começar o serviço mais cedo, às 13h", diz Pires.

Segundo o gerente, o alto volume de demandas por reserva não se restringe apenas aos jogos do mundial, que acontecem entre às 7h da manhã e às 18h nesta primeira fase do torneio — serão quatro partidas no dia —, mas também às tradicionais confraternizações de final de ano que, em razão calendário e do mundial, vão acabar se misturando nesta época.

"Para os jogos do Brasil, por conta da quantidade de pessoas que podem vir, não vamos abrir reserva. O esquema será por ondem de chegada", explica o Alex Pires.

Outro bar que também terá o seu funcionamento adaptado para o mundial é o da Suzie Raimundi. Com dois estabelecimentos abertos, um no Mercado Municipal, no Centro, e outro na Mooca, na zona leste, ela adianta que o restaurante onde trabalha servirá comidas de buteco, como porção de calabresa, e também torres de chopp de três litros.

"Vamos mudar um pouco nosso cardápio porque entendemos que as pessoas vão vir para assistir aos jogos em turma, em grupo", comenta. Contudo, apesar de ter enfeitado os seus dois estabelecimentos, assim como fez o gerente Alex Pires na Vila Madalena, ela acredita que ainda não sentiu que as pessoas estejam empolgadas com o mundial ou com a seleção brasileira: "Estou achando o clima um pouco murcho, para ser sincera", disse.

Na contramão da percepção de Suzie, no Mercado Municipal da cidade, o Mercadão, onde um dos seus estabelecimentos funciona, a onda verde e amarela da seleção brasileira tem se intensificado nos últimos dias. Em vários corredores do mercado, bandeiras do Brasil e de outros países presas em barbantes e amarradas sobre as lojas e restaurantes predominam no local.

Em alguns comércios é possível ver o interior das lojas com bexigas na cor da seleção, e também funcionários vestindo algum adereço em referência ao Brasil. A decoração tem sido feita de forma espontânea pelos funcionários. Uma delas disse à reportagem que a instalação dos enfeites foi feita na última quinta-feira, 17, a uma semana da estreia do time de Tite no mundial contra a Sérvia, no dia 24, às16h (horário de Brasília).

Mercadão de São Paulo se enfeita para a Copa do Mundo do Catar, que começa neste domingo, 20.
Mercadão de São Paulo se enfeita para a Copa do Mundo do Catar, que começa neste domingo, 20.
Foto: Caio Possati/Estadão / Estadão

Não foram só os bares que se dispuseram a decorar o interior das lojas. Algumas padarias paulistanas encontraram espaço para unir enfeites de natal e futebol no mesmo espaço. Uma das mais tradicionais padarias de São Paulo, localizada na Rua Haddock Lobo, no bairro Cerqueira César, foi uma das que não quis deixar a Copa passar em branco e colocou fitas verdes e amarelas em homenagem à seleção.

Luiz Fernando Reis, responsável por uma padaria em Perdizes, também fez a sua decoração. Mas à reportagem, ele conta que tratou de enfeitar o espaço um dia depois das eleições. Se feito no período eleitoral, segundo Reis, o gesto poderia ser confundido com posições políticas. "Decorar é uma tradição por aqui, mas eu quis esperar o fim das eleições para começar a enfeitar. E começamos na terça-feira, dia 1º de novembro", conta.

Comércio

Bandeiras do Brasil e camisas da seleção de futebol foram dois dos principais materiais apropriados por simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro para manifestar apoio ao Chefe do Executivo, no período eleitoral.

Lojistas ouvidos pelo Estadão afirmam que muitas das vendas programadas para a Copa do Mundo foram usadas para objetivos políticos, o que dificulta saber se as compras foram motivadas por conta do futebol ou para apoiar o presidente.

Gutembergue Vieira, analista comercial de um loja de material esportivo na Rua 25 de Março, um dos principais centros comerciais de São Paulo, disse que o número de vendas de camisa da seleção brasileira, tanto para atacado como varejo, foram altas dois meses atrás. Atualmente, porém, essa demanda não chega a ser tão grande, segundo o empresário.

"Muitas das minhas vendas, que são feitas para vários lugares do Brasil, foram para as manifestações do 7 de setembro", diz. Ele comenta que o atraso da Nike, fornecedora de material esportivo da seleção brasileira, para entregar as camisas, dificulta a sua percepção sobre como as pessoas estão encarando a Copa do Mundo. "Como estamos com poucas peças, as pessoas acabam migrando para a pirataria", comentou.

Na 25 de março, o verde amarelo predomina nos comércios informais, que se aglomeram nas calçadas e nas ruas na frente das lojas. Camisas amarelas presas em barraquinhas e estendidas sobre tapetes no chão, ao lado de outros acessórios, ajudam a dar a sensação de que a Copa está próxima.

O comerciante José Oliveira acredita que as vendas podem aumentar à medida que o Brasil comece a jogar e a vencer os jogos.
O comerciante José Oliveira acredita que as vendas podem aumentar à medida que o Brasil comece a jogar e a vencer os jogos.
Foto: Caio Possati/Estadão / Estadão

Nas vitrines, porém, não são todos os comerciantes que vendem utensílios para torcer para a seleção brasileira. É comum encontrar lojas que escolhem vender apenas objetos para as celebrações de Natal.

Apesar disso, Ondamar Ferreira, gerente de uma das maiores lojas do centro comercial, afirmou que as vendas de buzinas, bandeiras, tinta para cabelo e chinelos para torcedores da seleção têm "crescido dia após dia" e até superado o os números de 2018, na época do mundial disputado na Rússia, há quatro anos.

Ele admite que as manifestações políticas têm ajudado nessa procura, mas acredita que o foco das compras, neste momento, seja para o torneio de futebol. "Na realidade a época é específica para os artigos natalinos. Porém como temos uma festividade a mais nesse ano, que é a Copa, vamos aproveitar o momento que o mercado exige e dar uma atenção maior a isso."

Já fora da 25 de Março, o comerciante José Oliveira, que trabalha em uma loja do centro, na Avenida Senador Queirós, contou ao Estadão que as vendas ainda não estão tão quentes para o mundial, mas que a tendência é aumentar à medida que o Brasil comece a jogar e a vencer os jogos. "Eu vendo artigos de Copa do Mundo desde 2006. É sempre assim", comentou.

Onde assistir ao jogos em São Paulo

A Prefeitura de São Paulo, por meio de iniciativas públicas e privadas, também tenta esquentar a cidade para o mundial. A capital paulista é uma das sete cidades do mundo, incluindo o Rio de Janeiro, a ter uma Fan Fest autorizada pela Fifa. O local escolhido para receber os telões, que vão transmitir todos os jogos da Copa, é o Vale do Anhangabaú.

No Museu do Futebol, localizado no Estádio do Pacaembu, também terá transmissão dos jogos. Um dos três telões será instalado na área externa, embaixo da fachada do estádio. Nos dias de partidas da seleção brasileira haverá uma roda de samba antes e durante o intervalo dos jogos.

O Parque Ibirapuera, por meio do evento particular Arena Brasileira, também vai transmitir os jogos e realizar shows durante o torneio do Catar. Anitta, Marisa Monte e Racionais são algumas das atrações confirmadas.

Turistas tiram foto em frente ao mural da seleção brasileira, em clima de Copa do Mundo no Beco do Batman na Vila Madalena.
Turistas tiram foto em frente ao mural da seleção brasileira, em clima de Copa do Mundo no Beco do Batman na Vila Madalena.
Foto: FELIPE RAU/ESTADAO / Estadão
Estadão
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