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Com Grêmio, Bahia e Sport rebaixados, Série B de 2022 terá recorde histórico de campeões brasileiros

Edição será uma das mais competitivas da história; na temporada anterior, eram 12 títulos nacionais, na próxima serão 14; dirigentes ensinam o caminho da disputa e defendem austeridade financeira e planejamento

13 dez 2021 - 22h06
(atualizado às 22h06)
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Com a confirmação do rebaixamento de Grêmio e Bahia, na última rodada do Brasileirão realizada na quinta-feira, a Série B de 2022 terá recorde de campeões brasileiros, com a marca de 14 títulos nacionais somados. O detalhe indica o quão equilibrada será a segunda divisão do futebol nacional na próxima temporada. Na edição atual, Vasco e Cruzeiro não conseguiram subir.

No próximo ano, Grêmio e Bahia, que somam dois títulos de Brasileirão, e Sport, campeão uma vez, se juntam a Vasco e Cruzeiro, que totalizam quatro títulos, e o Guarani, que possui uma taça, como os campeões que não conseguiram o acesso e terão de ficar mais uma temporada na Segundona. Dentre os times considerados 'grandes' no cenário nacional, apenas o Botafogo retornou para a elite ao se sagrar campeão da Série B. O clube cruzmaltino e a equipe celeste deixaram a desejar, ocupando as 10ª e 14ª colocações, respectivamente.

Mesmo sem um elenco de grandes jogadores e investimentos tímidos em contratações, o Botafogo teve uma campanha sólida em uma das edições mais concorridas da história da Série B. O CEO do clube alvinegro, Jorge Braga, destaca todas as dificuldades que passou na competição e frisa que a volta à primeira divisão é fundamental para as finanças do clube.

"A expectativa da torcida era de voltar à elite do futebol brasileiro e a sensação, principalmente pela contribuição financeira, é de alívio", disse o dirigente. "Em um campeonato tão equilibrado e disputado como a Série B, temos ciência de que conseguimos um feito muito importante, embora a primeira divisão seja outro departamento e, a partir de agora, a nossa responsabilidade de administração aumentou ainda mais", explicou Braga.

O presidente do Juventude, Walter Dal Zotto, que celebrou a permanência do time gaúcho na Série A na última rodada, relembra o acesso em 2020, ao terminar a Série B na terceira colocação com 61 pontos, e elenca os principais fatores para fazer um campeonato de sucesso. "Para ter êxito, é preciso buscar perfis de jogadores que tenham passado por conquistas de acesso e, principalmente, de qualidade e que sejam aguerridos para circunstâncias que a disputa exige. Na primeira divisão, há mais tática e você ganha as partidas nos detalhes. Já na Série B, força e vigor físico se sobressaem", disse.

Dal Zotto ainda argumenta que, diferentemente de antigamente, hoje, os clubes que caem e possuem maior faturamento em relação aos demais, não têm o mesmo aporte financeiro de antes. Por essa razão, a volta no ano seguinte para a elite não é certa. "Agora, isso mudou, vemos mais dificuldades financeiras. Eles não podem jogar apenas com a camisa. Se compararmos as duas principais divisões do futebol nacional, a diferença de receita e orçamento de TV são significativas e isso representa um baque razoável às instituições quando o rebaixamento acontece", analisa o presidente. Em média, cerca de 50% das receitas caem.

Após vencer o Corinthians por 1 a 0, no Alfredo Jaconi, o Juventude, ao chegar aos 46 pontos, concretizou a permanência na primeira divisão, competição que não disputava desde 2007. Pensando a longo prazo, Dal Zotto aposta em uma boa gestão para seguir firme na Série A pelos próximos anos. Neste caminho, um exemplo de trabalho a ser seguido é do o Fortaleza, gerido pelo presidente Marcelo Paz.

Depois do título conquistado na Série B de 2018 e o ingresso à primeira divisão a partir do ano seguinte, o time cearence é exemplo de baixo orçamento e grandes resultados. Já são três anos consecutivos disputando a elite do futebol brasileiro. Sua folha de pagamento é de R$ 3,3 milhões. Nesta temporada, o Fortaleza bateu recordes e protagonizou uma grande campanha, que culminou com a 4ª colocação, classificando-se para a fase de grupos da Copa Libertadores, algo inédito na história do clube.

"A campanha superou as expectativas. Nosso objetivo era uma vaga na Sul-Americana e nós já estaríamos satisfeitos, mas vimos que poderíamos sonhar mais", declarou Paz. "O processo de consolidação de um time na primeira divisão leva pelo menos cinco anos. O Fortaleza se preparou para chegar ao quarto ano seguido na elite do Campeonato Brasileiro ao investir muito na estrutura física do clube, em condições de treinamento e de tratamento de lesões, na logística para amenizar as viagens, além de rejuvenescer o elenco, considerado um pouco mais velho do que o recomendado no Brasileirão 2020."

GESTÃO DE CRISE

Nos últimos anos, as equipes tradicionais do futebol brasileiro têm sofrido com crises esportivas e financeiras. Esse mau trabalho de gestão abriu espaço para clubes emergentes, como o Cuiabá, único clube representante do Mato Grosso na Série A, que, neste ano, além de bater o objetivo de se manter entre os melhores do Brasil, encerrou a temporada com uma classificação inédita para a Copa Sul-Americana. Obteve também uma generosa premiação de R$ 11,9 milhões pelo 15º lugar alcançado.

"A Série A foi a experiência mais intensa vivida por esse clube e trouxe uma realidade diferente de tudo que o Cuiabá já passou. Ainda mais este ano, onde o ponto de corte para permanecer foi alto", celebra o vice-presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch. "Foi uma temporada de aprendizado gigantesco, ainda mais para um clube que vai fazer 20 anos no próximo domingo. Todos que fazem o Cuiabá estão de parabéns. Dos funcionários do clube aos jogadores."

O dirigente ainda completa que o sucesso passa pelo modelo de gestão adotado pelo clube. "O futebol é um esporte de muitas variáveis onde não se pode controlar tudo que acontece dentro de campo. Por isso, é importante ter um ambiente organizado. Todos os setores do clube sabem o que fazer, como fazer e quando fazer. Além de termos uma organização financeira, que dá tranquilidade e estabilidade ao jogador", revelou.

Para Marcelo Segurado, executivo de futebol do Santa Cruz, com dois acessos na carreira (pelo Goiás, em 2012, e pelo Ceará, em 2017), a principal armadilha para as agremiações de maior expressão é a ideia de que somente a camisa vai fazer com que o resultado venha. "Quando uma instituição dessas cai, é em virtude de erros que vêm sendo cometidos por vários anos. Um time não cai apenas pelo planejamento errado de um ano. Assim como os que ascendem de séries inferiores não chegam lá exclusivamente por um ano extraordinário", analisou.

Estadão
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