Com o poder ofensivo de Suárez e Cavani, Uruguai quer brilhar na Copa
Sessenta e quatro anos depois do 'Maracanazo', o bicampeão Uruguai volta a disputar uma Copa do Mundo no Brasil e espera castigar as defesas adversárias com sua dupla de atacantes formada pelos astros Luis Suárez e Edinson Cavani.
Quarta colocada da última edição do Mundial, em 2010, na África do Sul, atual campeã da Copa América e sexta do ranking da Fifa, a 'Celeste' chega à competição confiante, apesar da campanha ruim nas eliminatórias.
O Uruguai terminou apenas em quinto e precisou disputar a repescagem contra a Jordânia (venceu por 5 a 0 em Amã e empatou sem gols em Montevidéu).
Pelo fato de o torneio ser disputado novamente no Brasil, a vitória por 2 a 1 na final de 1950 é lembrada regularmente no país, com documentários e até com campanhas publicitárias cheias de humor. Em uma delas o 'fantasma do Maracanazo' (um ator coberto por um lençol azul) passeia pelos principais monumentos do Rio de Janeiro.
"Para nós, o que aconteceu no Maracanã em 1950 foi importantíssimo, e não seríamos o que somos hoje se aquilo não tivesse acontecido", declarou recentemente o técnico Oscar Tabárez, que está no comando da seleção uruguaia deste 2006.
Enquanto a 'Celeste' de 1950 era conhecida como o 'time de operários', a equipe atual conta com craques que atuam nos melhores clubes europeus, com contratos milionários. Mesmo assim, Tabárez garante que "ninguém no grupo acha que é estrela".
Os astros do Uruguai terão que se superar para passar da primeira fase, já que a 'Celeste' está no 'grupo da morte', o D, junto com Inglaterra, Itália e Costa Rica.
"Todo mundo sabe como será difícil, com dois campeões mundiais (Inglaterra e Itália) e a Costa Rica, que nos fez sofrer muito há quatro anos (na repescagem para a Copa de 2010)", declarou Luis Suárez na última terça-feira.
A maioria dos jogadores atuais disputará no Brasil sua segunda Copa, por isso chega com mais experiência depois da ótima campanha de 2010, quando a equipe chegou às semifinais, perdendo por 3 a 2 para a Holanda. A partir de então, o panorama mudou no ataque 'celeste'. Eleito melhor jogador do Mundial da África do Sul, o veterano Diego Forlán, de 35 anos, passou a ser um coadjuvante.
Já Suárez e Cavani, ambos com 27 anos (o primeiro é 20 dias mais velho que o segundo) se firmaram entre os melhores atacantes do planeta. 'El pistolero' Suárez, do Liverpool, foi eleito melhor jogador do Campeonato Inglês nesta temporada e conquistou a 'chuteira de ouro' por ser o maior artilheiro de um campeonato europeu, com 31 gols marcados, o mesmo total de Cristiano Ronaldo no Real Madrid.
Cavani, do Paris Saint-Germain, foi vice-artilheiro do Campeonato Francês (16 gols), um ano depois de liderar a artilharia do 'Calcio' com o Napoli (29 gols).
"Esta Copa vai ser linda e não podemos decepcionar a nossa torcida. No meu caso, preciso marcar gols. Chegar lá e não fazer um gol seria uma decepção", admitiu Suárez em entrevista ao canal DirectTV.
"Repetir o que vivemos na África do Sul seria maravilhoso. Acho que temos que trabalhar como em 2010, sem chamar muita atenção, com pouca gente falando que o Uruguai é favorito", explicou por sua vez 'El Matador' Cavani.
Na defesa, o grande destaque é Diego Godín, que está fazendo uma grande temporada com o Atlético de Madri, campeão espanhol e que disputa neste sábado a final da Liga dos Campeões contra o Real Madrid.
No clube 'Colchonero', Godín forma a dupla de zaga com o brasileiro Miranda, que ficou fora da convocação do técnico Luiz Felipe Scolari para a Copa, mas integra a lista de suplentes. Na seleção uruguaia, o outro zagueiro titular é o experiente Diego Lugano, de 33 anos. Campeão mundial com o São Paulo em 2005, Lugano viu sua carreira cair em desgraça na Europa (acaba de ser dispensado do modesto West Bromwich, da Inglaterra), mas sempre costuma se superar quando joga pela seleção.
A estreia da 'celeste' será no dia 14 de junho contra a Costa Rica, no Castelão de Fortaleza. Em seguida, a equipe encara a Inglaterra em São Paulo e encerra a participação na primeira fase contra a Itália, em Natal.