Como protesto, Maracanã recebe sorteio alternativo da Copa
Nesta sexta-feira tem sorteio da Copa do Mundo no Maracanã. Na verdade, o anti-sorteio. Nesta Copa, jogam de um lado os times das empreiteiras, da Fifa e dos governos federal, estadual e municipal, e do outro lado os times dos indígenas da aldeia Maracanã, atletas do demolido estádio de atletismo Celio de Barros, moradores desapropriados por obras de mobilidade nas cidades.
O protesto é iniciativa da Frente Nacional de Torcedores e do Comitê Popular da Copa e da Olimpíada do Rio, que lutam por transparência na divulgação de dados referentes a gastos nos dois eventos. "Vamos fazer um sorteio de cartas marcadas. A gente vai mostrar o que eles estão fazendo com nosso dinheiro", disse Mario Campagnani, um dos coordenadores do evento.
O local escolhido, segundo Mario, não pode ser mais emblemático: o Maracanã, principal palco do Mundial e local da final. "É um contraponto fazer isso no Maracanã, porque é justamente o contrário do que a Fifa está fazendo: um sorteio em um resort na Bahia, totalmente isolado, sem participação popular, apenas para bacanas e figurões. Vamos fazer um sorteio para o povo. E não podemos esquecer das irregularidades da privatização do Maracanã e que ninguém mais fala disso", reclamou.
Em forma de intervenção artística, o sorteio vai ocupar a calçada em frente à estátua de Bellini e deve durar cerca de uma hora. Mario Campagnani espera ter bastante adesão, principalmente de gente ligada ao Complexo do Maracanã e que por pouco não foram totalmente desalojados, como estudantes da escola Friendereich e também do Parque Aquático Julio Delamare, que apesar de terem tido suas demolições suspensas, ainda não recuperaram totalmente a normalidade.