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Terra na Copa

'Copa foi um tiro no pé, entreguei meu flat', diz prostituta

Em depoimento a Thais Sabino, a garota de programa Priscila P., 23 anos, de SP, contou que esperava lucrar mais com a chegada dos estrangeiros para a Copa do Mundo, mas o movimento caiu tanto que ela teve que deixar o flat alugado por R$ 3 mil no bairro Jardins para receber os clientes

24 jun 2014 - 10h59
(atualizado em 25/6/2014 às 10h01)
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<p>Priscila, 23 anos, teve que sair do flat alugado para receber clientes e agora atende em motéis</p>
Priscila, 23 anos, teve que sair do flat alugado para receber clientes e agora atende em motéis
Foto: Bruno Santos / Terra

"Pensei que as coisas fossem melhorar depois de março, por causa da Copa, mas pioraram ainda mais. A Copa foi um tiro no pé. Recebi dois contatos de estrangeiros, um que vinha para os jogos e outro a passeio, mas nenhum dos programas foi para frente. Aconteceu isso com várias meninas, que recebiam contato, a ligação, mas não concluíam negócio. Além de os turistas não irem atrás de programas como esperávamos, a Copa não permite que eventos grandes aconteçam no País e o número usual de estrangeiros cai. Uma amiga minha que trabalha há oito anos na Bomboa 222 (boate localizada em São Paulo) ficou ruim de grana também e teve que passar um tempo na casa da mãe dela, no sul. Eu tive que entregar o meu flat no bairro Jardins. Acho que as pessoas estão mais voltadas para o futebol, mesmo. 

Comecei a fazer programas mais por farra. Antes, eu cuidava de crianças e ganhava bem, andava de helicóptero e tudo com as famílias, mas mal tinha tempo de gastar o salário. Fiquei de saco cheio da minha profissão e fui procurar emprego. Trabalhei como recepcionista para ganhar bem menos e pesquisando na internet caí em um fórum de discussão de garotas. Percebi que o que elas ganhavam em um programa era mais do que eu recebia no dia. Comecei, então, a trabalhar em uma casa de massagens, o programa mais barato era R$ 70 por meia hora. Eu achei que pudesse fazer meu horário, estava cansada de ter chefe, mas a dona brigava comigo, não podia faltar e tinha horário a cumprir. Teve um dia que fiz 10 programas e fiquei exausta, fiquei só um mês lá.

<p>Antes de encontrar um cliente, ela prepara pele, cabelos, maquiagem e, geralmente, usa vestido e salto alto</p>
Antes de encontrar um cliente, ela prepara pele, cabelos, maquiagem e, geralmente, usa vestido e salto alto
Foto: Bruno Santos / Terra

Entrei em contato com um site para trabalhar por conta. Me indicaram um fotógrafo e paguei R$ 1,5 mil pelo ensaio. Quando fui até o local tirar as fotos, estava nervosa, como se fosse roubar um banco. Em pouco tempo, meu celular começou a tocar sem parar, mas eu sentia medo de ir até os clientes. O cara do site disse que, se as minhas fotos estavam dando certo, eu deveria alugar um flat. E foi o que eu fiz, por R$ 3 mil. Chegava a atender quatro clientes por dia e cobrava R$ 350 por hora. Eu tirava uns R$ 11 mil. Meu recorde em uma noite foi R$ 1,6 mil. Em dezembro, o movimento ainda estava bom. Decidi largar a faculdade de enfermagem em janeiro para levantar dinheiro.

Mas o movimento começou a cair, passei a ficar muitos dias de folga, a fazer três ou quatro programas por semana. Eu trabalhei na Bomboa algumas vezes, mas não gostei. Lá funciona assim: o cliente paga para entrar (ganhamos comissão a cada bebida que ele compra) e depois paga mais R$ 500 para subir com a menina. É uma briga, ele senta, vai uma menina de cada lado e as duas ficam disputando quem vai levá-lo para o quarto. Tem horário para cumprir e ficar em pé de salto a noite toda, mesmo que o movimento esteja fraco. Para entrar, beber e ir para o quarto, o cliente não gasta menos que R$ 800, tem muitos que nem sobem, só ficam bebendo. Agora na Copa até vão alguns grupos de gringos, mas a maioria não sobe com as meninas.

<p>Ela carrega uma bolsinha com pétalas artificiais de rosas, preservativos, algemas, máscara e um pênis de borracha</p>
Ela carrega uma bolsinha com pétalas artificiais de rosas, preservativos, algemas, máscara e um pênis de borracha
Foto: Bruno Santos / Terra

Já atendi estrangeiros, principalmente na Fórmula 1. Eu falo inglês, mas já passei apuros com gringos. Já ajudei uma amiga do flat ao lado a negociar com um gringo, já reparei que eles usam a dificuldade de se comunicar para tentar dar golpe, fingem que não estão entendendo para tirar proveito. Eu e uma amiga negociamos com um árabe, por telefone, US$ 200 para cada uma, chegou na hora ele disse que havia entendido que o preço era para as duas. No fim deu certo, mas acontece muito. Em boate tem muita menina que é sequestrada: o cara oferece uma quantia alta para ela viajar com ele e depois não a deixa ir embora.

Eu casei faz um mês, hoje sou modelo exclusiva do Spartanas e atendo em motéis. As meninas pagam R$ 300 por mês para ficarem com as fotos no ar, tem site que cobra R$ 600 por semana. Meu telefone toca bastante, mas faço um programa por dia geralmente. Eu não vejo essa vida como um sacrifício, como algumas se questionam ‘onde eu fui parar?’. Eu gosto, para mim é diversão. Conheci lugares, restaurantes e hotéis luxuosos que eu jamais iria se não fosse a profissão. A maioria das meninas de flat e dessas boates famosas está lá porque quer, se fosse necessidade, trabalharia um mês, pegaria o dinheiro e abriria um negócio".  

Priscila P., 23 anos.

Fonte: Terra
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